Vitimização policial e racismo na Bahia

Por Luciene Santana, Dudu Ribeiro e Larissa Neves

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  • Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2022 às 05:00

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Luciene Santana, Dudu Ribeiro e Larissa Neves (Imagem: Renato Cafuzo/Divulgação) A Rede de Observatórios da Segurança tem se dedicado a produzir dados e análises que possam subsidiar a sociedade civil, os meios de comunicação e o poder público com informações acerca dos fenômenos relacionados à segurança pública. Mais de 80 mil dados coletados, em sete estados, demonstram que é a população negra que mais morre no Brasil. 

Reconhecer que o racismo é motor da violência, que pessoas negras têm maior probabilidade de se tornarem vítimas, é um fundamental para produzir uma segurança pública para todas as pessoas. Entre a vitimização de agentes da segurança, o quadro racial não se altera. Os brancos — que são 56,8% dos efetivos — foram vítimas de 34,5% dos homicídios em 2020, e os negros, 42% do contingente de policiais, sofrem 62,7% dos assassinatos.

A branquitude é a responsável pela pilha de corpos e pelas manchas de sangue em que navega a frágil democracia brasileira. Negros e negras estão morrendo com e sem farda a partir de um modelo de segurança pública que é um reflexo das desigualdades raciais estruturais. 

A violência estatal é essencialmente racial e a produção de mortes e controle de territórios estão adequados à manutenção dessa ordem, ainda que pareça paradoxal, a exemplo da Bahia, que a morte em nossas comunidades venham através de agentes também negros. É preciso reconhecer que as canetas não estão menos sujas de sangue do que as viaturas que transportam corpos, as ruas onde são depositados, ou os cárceres que os empilham em degradação absoluta.

Luciene Santana é cientista Social e articuladora política da Iniciativa Negra; 

Dudu Ribeiro é historiador e co-fundador da Iniciativa Negra; 

Larissa Neves é assistente social e assessora de pesquisa na Iniciativa Negra;

Todos fazem parte da Rede de Observatórios de Segurança na Bahia.