Volta, futebol: chegou a hora de fazer nosso lindo funeral

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  • Paulo Leandro

Publicado em 1 de julho de 2020 às 10:13

- Atualizado há um ano

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Como é, galera, volta ou não volta? Vamos enfrentar de pulmões abertos esta tal de pandemia, isso lá é nome de doença, ainda mais velozmente letal, contagiosa e capaz de destruir a espécie em um par de anos, como traduzem ‘couple of years’ no far west?

Já tá chato ficar sem as multidões embandeiradas gritando ei, fulano, vá não sei o quê, chupa isso e dá aquilo! Ah, bom, o Liverpool, logo os Reds (comunistas!!!!) foi campeão depois de 30 anos e o Flamengo parece que já voltou.

Voltem todos! Sem máscara! O futebol vai provar que esta cascata universal é mesmo coisa tramada pelo Jovem Marx com seu amigo mantenedor industrial de Manchester, o tal do Engels, e já estava escrito no maldito O Capital.

Junto com o bilhete de entrada no estádio ou arena, poderíamos oferecer dois comprimidos de hidroxicloroquina, sei lá como escreve esta desgraça de remédio que o capitão receitou, valendo também uma vala, já aberta, com saco plástico reforçado para o torcedor vibrar sob a terra onde nasceste. 

São muitas as fórmulas de marketing para manter esta fábrica de dinheiro funcionando sem precisar ficar se estressando com esse povo chato que defende a vida, a cura, combate aglomerações, como é que vai ter torcida sem aglomeração, ô?

E os baba, véi, quando voltam? Na Boca do Rio, dia de domingo, aquela poesia dos próprios moradores trazerem as traves e as redes para fincar ao solo sagrado da areia, a prefeitura já vai liberar? Dizem que na Boca do Rio, a covid tá em alta, será mesmo?

Se não tem como testar e os assintomáticos estão por aí, circulando, levando a peste pra tudo que é lugar, não seria melhor deixar o povo ter uma morte digna, abraçado ao seu maior amor, a gorducha, a redonda, a pelota, o balão de couro, vamos botar em jogo a última taça?

Até aqui no condomínio, onde uma ocupação de polícia é protegida por seus pares (tá assim de miliciano!), o baba parou, só por causa do maldito do coronavírus, esta coisa que os vizinhos bolcheviques alardeiam, cheios de escudos faciais para dar ideia do perigo.

E o Vitória, viver sem o Vitória? Já deu tempo de assistir, no tubo da internet, os melhores momentos desde o título de 08 até os mais recentes triunfos dentro do Manoel Barradas, já nesta segunda era do Gigante Série B.

Enquanto o clássico entre a vida e a morte segue firme nesta Bananolândia cheia de gorila, a União Europeia e até o Paraguay (Paraguay!) proíbem a entrada de brasileiro, que deixou de ser cidadania respeitável para voltar a ser o cara que extrai pau-brasil, se ainda encontrar um pé por aí.

Acho que podíamos dar um fim nisso tudo, logo de uma vez, sabe, marcando vários Ba-Vis, um atrás do outro, até dizimar toda a fauna futebolística. Logo, logo, teremos outro animal dominando a face e o face da Terra.

Depois do campeão dimetrodonte e dos bichos invictos por milhões de anos, os dinossauros, o Homo Sapiens chegou lá, e até foi pro abraço, mas o planeta já não aguenta mais nem ver a nossa cara e se não for pela covid, virão outra peste, e mais outra, até acabar esta espécie incompetente e destrutiva.

Tá se acabando, tá se extinguindo, não há muito tempo para virar o placard e mesmo assim os ditos racionais querem um ‘novo normal’, tipo uma prorrogação para manter o modelo econômico extrativista causador desta pandemia e das próximas.

É hora do apito final. Vamos todos bater recorde de renda e voltar a encher a pança de cartolas, agentes Fifa, cronistas envolvidos com a geração de recursos, bancos, claro, que bancos não podem faltar, só não se sabe para quê tanto lucro se não haverá o que consumir nem com quem conviver!

Mas aí, sim, agora vai ficar tudo certo, organizando direitinho esta finalíssima de todas, veremos se este corona aguenta mesmo com esta gente alegre do fútil-ball brasileiro e mundial. É campeão, ai, ai, ai, tá chegando a hora... 

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.