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'Vovô': peça criada na pandemia ganha montagem presencial

Espetáculo que fala de ancestralidade fica em cartaz no Centro Cultural Plataforma; veja datas

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 19 de agosto de 2022 às 06:30

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação

Vovô é uma palavra que pode despertar várias emoções a depender de quem leia. Saudade, afeto, vazio - considerando os índices de abandono parental no Brasil. Uma coisa que todo mundo sabe é que um vovô é alguém que veio antes da gente e representa ancestralidade. A peça dirigida por Leno Sacramento, ator o Bando de Teatro Olodum, tem esse nome singelo e fala um pouco sobre isso.

A proposta de Vovô é um diálogo com a comunidade negra sobre a figura do avô nas relações familiares, muitas vezes marcadas por um distanciamento. O espetáculo, que nasceu na pandemia em modelo virtual, vai ganhar seu público presencial na sexta-feira (19), às 19h,  e sábado (20), ás 17h, quando entra em cartaz no palco do Centro Cultural Plataforma, no Subúrbio Ferroviário, com entrada gratuita..

O espetáculo conta com pequenos solos dos atores Pedro Zaki e Rafa Martins. Em cena, eles acessam memórias nas quais dialogam com seus avós a respeito de seus comportamentos e de suas escolhas.

Idealizador do texto, Rafa Martins conta que produzir a peça durante a pandemia foi uma forma de manter seus processos de criação e adaptar novas maneiras de fazer teatro e tem sido desafiador adaptar o espetáculo para o palco presencial. "A apresentação presencial será um marco importante para os autores do espetáculo. No palco, os corpos terão uma movimentação diferente em relação ao formato remoto.“O texto é o mesmo, mas a energia é diferente. Espero que o público goste. Para nós, é tudo muito novo e empolgante”, conta.

Co-criador, Pedro Zaki diz que a peça é um convite à ressignificação do afeto masculino e à reflexão sobre o respeito aos mais velhos. "O avô negro é um personagem sobre quem pouco se fala. É importante visibilizar essa figura, assim como as suas memórias e vivências, pois os homens negros que são os netos de hoje serão os avós de amanhã”, completa o ator.

O diretor Leno Sacramento não esconde que está sendo desafiador rever e reconstruir o espetáculo, principalmente porque os feedbacks da montagem adaptada para o virtual foram positivos. Aí ficou a dúvida: será que vão conseguir entregar algo tão bacana novamente? "Fizemos sem pretensão nenhuma de levar para o presencial e veio a necessidade de fazer essa migração, que foi radical. Precisamos fazer praticamente um outro espetáculo, claro, com os textos mantidos", explica Leno.O diretor afirma que falar de avô é falar de ancestralidade, dos mais velhos. "Isso a gente aprende muito no terreiro. Ver a ancestralidade, a Sankofa. Olhar pra trás, o respeito. E tudo isso está no espetáculo e a gente ganha muito ao rever o nosso passado, falar disso. Precisamos falar muito para as pessoas começarem a rever a ancestralidade, os mais velho, respeitar e ouvi-los. Quando a gente fala do avô, escolhemos isso. Mas também falamos da avó, da mãe, da bisavó. Os velhos que nos constroem", pontua.

Após a última apresentação, no sábado, haverá uma roda de conversa para debater a importância das pessoas mais velhas na construção da sociedade e relações familiares. Intitulada de A Idade e a Sabedoria, a roda de conversa terá como mestre de cerimônia o rapper Xarope MC, que é artista e Ògán. Além dele, o Doté (Babalorixá) Jeziel dos Anjos participa do evento ao lado do ator Rafa Martins. "Em nossa religiosidade, o valor do mais velho é fundamental. Não existiria futuro sem o mais velho, sem a ancestralidade que é visível e plena dentro do candomblé", diz Doté Jeziel.

O espetáculo foi contemplado pelo edital Instituto Precisa Ser e Farm - projeto  Re-Fram Crua. A realização é da Pé de Erê Produções.