Youtube remove live de Bolsonaro com embaixadores: 'informações falsas'

Plataforma também removeu vídeos que contestam facada que o presidente foi vítima

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  • Luana Lisboa

Publicado em 11 de agosto de 2022 às 09:34

. Crédito: Reprodução

O YouTube removeu, na última quarta (10), uma transmissão ao vivo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez em 18 de julho, mostrando uma reunião feita com embaixadores. Na ocasião, Bolsonaro repetiu, sem provas, suspeitas sobre a transparência do sistema eleitoral brasileiro para dezenas de representantes de governos internacionais.

De acordo com a plataforma, a remoção acontece em um momento de vigência de novas diretrizes da comunidade, que "proíbem conteúdo com informações falsas sobre fraude generalizada, erros ou problemas técnicos que supostamente tenham alterado o resultado de eleições anteriores, após os resultados já terem sido oficialmente confirmados".

A política de integridade eleitoral se aplica às eleições presidenciais brasileiras de 2014, além do pleito de 2018.

Também foram removidos da plataforma publicações que contestam a facada da qual Bolsonaro foi vítima em 2018, de acordo com a política de discurso de ódio da plataforma.

"Já a política de discurso de ódio proíbe conteúdo que negue, banalize ou minimize eventos históricos violentos, incluindo o esfaqueamento de Jair Bolsonaro. O discurso de ódio não é permitido no YouTube, e removeremos material sobre o esfaqueamento de Jair Bolsonaro que viole esta política se não fornecer contexto educacional, documental, científico ou artístico no vídeo ou áudio", diz posicionamento.

Reunião com embaixadores

Na reunião com os embaixadores estrangeiros, o presidente Jair Bolsonaro repetiu a tese não comprovada de que o sistema eleitoral brasileiro é passível de fraudes. "Eu sou acuado o tempo todo de querer dar o golpe, mas estou questionando antes porque temos tempo ainda e resolver esse problema", afirmou o presidente a apoiadores, apresentando um PowerPoint com suas desconfianças e ataques a ministros do STF. "Nós preservamos a nossa democracia. Até o momento uma só palavra minha houve fora do que chamo de quatro linhas da nossa Constituição, respeitamos as leis". De acordo com Bolsonaro, hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores do TSE e tiveram acesso a uma senha de um ministro da Corte. "Eu sou presidente da República e fico envergonhado de falar isso aqui". Aos embaixadores, Bolsonaro garantiu que tudo o que apresenta está documentado. "O que eu mais quero por ocasião das eleições é a transparência. Queremos que o ganhador das eleições seja aquele que foi votado". Em novo ataque às urnas, afirmou que apenas dois países do mundo usam o sistema eleitoral adotado aqui e lembrou a facada que sofreu em 2018. "Repito, o que queremos são eleições limpas, transparentes. Eleito deve realmente refletir a vontade da população".

TSE rebate

O Tribunal Superior Eleitoral divulgou uma lista rebatendo vinte alegações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro durante a reunião. Confira:

Alegação 1: 'Apenas dois países do mundo usam sistema semelhante ao brasileiro' Esclarecimento: Outros países, além de Brasil, Butão e Bangladesh usam urnas sem voto impressoAlegação 2: 'Hacker teve acesso a tudo dentro do TSE' Esclarecimento: Tentativa de ataque hacker ao TSE não viola segurança das urnas Esclarecimento: É falso que hacker teria atacado sistema de votação no 1º turno das Eleições Municipais de 2020 Esclarecimento: Fato ou Boato: hacker não desviou votos da urna eletrônica nas Eleições Presidenciais de 2018Alegação 3: 'Hacker poderia excluir nomes de candidatos' Esclarecimento: Entrevista com hacker preso é desinformação: urnas não podem ser manipuladas via internetAlegação 4: 'Logs foram apagados' Esclarecimento: TSE esclarece acerca de inquérito que apura ataque ao sistema internoAlegação 5: 'PSDB disse que sistema é inauditável' Esclarecimento: Auditoria do PSDB não encontrou fraude nas eleições de 2014Alegação 6: 'TSE não imprime voto mesmo com recomendação da Polícia Federal' Esclarecimento: Não é verdade que o TSE se nega a cumprir lei que determina impressão do votoAlegação 7: 'Observadores internacionais não conseguirão analisar a integridade do sistema, pois não há voto impresso' Esclarecimento: Organismos internacionais especializados em observação, como OEA e IFES, já iniciaram análise técnica sobre a urna eletrônica. Contarão com peritos em informática, com acesso ao código-fonte e todos os elementos necessários para avaliarem a transparência e integridade do sistema eletrônico de votação. Esclarecimento: Eleições 2022: saiba a diferença entre observadores internacionais, nacionais e convidadosAlegação 8: 'Ministro Fachin resolveu tornar Lula elegível' Esclarecimento: O ministro Luiz Edson Fachin ficou vencido no tema da execução da pena após a condenação em segunda instância e na competência da justiça eleitoral para julgar as ações oriundas de grandes esquemas de corrupção. Vencido, no entanto, não se furtou em aplicar a posição consolidada pelo Plenário. Sobre o tema do habeas corpus do ex-Presidente, na semana anterior a que o ministro Fachin proferiu a decisão, foi aplicado o mesmo entendimento para deslocar a competência de uma investigação relacionada à Transpetro.Alegação 9: 'Ministro Barroso indevidamente acusou Bolsonaro de vazar inquérito sigiloso, quando ele não era sigiloso' Esclarecimento: Corregedoria da PF disse que o inquérito era sigiloso pelo fato de ainda estar aberto.Alegação 10: É uma empresa terceirizada que conta os votos Esclarecimento: 'O sistema de totalização é feito no TSE e é apresentado às entidades fiscalizadoras com um ano de antecedência bem como é lacrado em cerimônia pública' Esclarecimento: Supercomputador do TSE não é serviço de nuvem terceirizadoAlegação 11: 'Ministro Fachin diz que auditoria não serve para questionar resultados' Esclarecimento: Frase retirada de contexto.Alegação 12: 'O Ministro Fachin foi advogado do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra)' Esclarecimento: O ministro Luiz Edson Fachin nunca foi advogado do MST.Alegação 13: 'O próprio TSE disse que em 2018 números podem ter sido alterados' Esclarecimento: O TSE nunca emitiu tal informação.Alegação 14: 'TSE não acolheu as sugestões das Forças Armadas' Esclarecimento: Mais de 70% das propostas da CTE foram acolhidas para as Eleições 2022 Esclarecimento: Veja os aprimoramentos do processo eleitoral a partir das sugestões da CTE Esclarecimento: Eleições 2022: conheça as entidades que podem fiscalizar e auditar o processo eleitoral Esclarecimento: TSE esclarece acerca de inquérito que apura ataque ao sistema internoAlegação 15: 'Inconstitucionalidade do voto impresso' Esclarecimento: Voto impresso é menos seguro que o eletrônico e significará "usina de problemas", avalia Barroso Esclarecimento: Fato ou Boato: vídeo que circula nas redes faz afirmações falsas sobre o voto impressoAlegação 16: 'Supercomputador' Esclarecimento: Nota de esclarecimento sobre nuvem para contabilizar votosAlegação 17: 'Urna autocompleta voto' Esclarecimento: Esclarecimentos sobre informações falsas veiculadas nas eleições 2018 - urna autocompleta votoAlegação 18: 'Transparência do voto' Esclarecimento: Resultados de eleições e boletins de urna estão disponíveis para consulta no Portal do TSEAlegação 19: 'Confiabilidade do sistema eleitoral' Esclarecimento: Fachin faz balanço do semestre e destaca diálogo institucional com Poderes da República Esclarecimento: Auditoria do TCU conclui que não há riscos relevantes à realização das Eleições 2022Alegação 20: 'A Polícia Federal disse que o TSE é um queijo suíço, como uma peneira' Esclarecimento: A Justiça Eleitoral não tem conhecimento de tal afirmação feita pela Polícia Federal.

*sob orientação da subeditora Amanda Palma