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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 22:14
A saúde pública da Bahia foi colocada no centro do debate, nesta terça-feira (30), em um encontro que transformou o Terminal Marítimo de Salvador em palco de cobranças e propostas. >
Organizado pela Fundação Índigo, vinculada ao União Brasil, o fórum “S.O.S Bahia: Caminhos para mudar a saúde pública do nosso estado” reuniu especialistas, prefeitos e lideranças políticas, sob a condução do ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do partido, ACM Neto.>
Em seu discurso, o ex-prefeito de Salvador ressaltou a dificuldade enfrentada pela população baiana, sobretudo a falta de leitos hospitalares. “É um absurdo metade dos leitos de UTI estarem concentrados na capital. Mais grave ainda é o restante estar distribuído em apenas 37 dos 416 municípios baianos”, afirmou. Neto também defendeu atendimento imediato para pacientes emergenciais, como vítimas de AVC, infarto e politraumatismos.>
Segundo ele, é indispensável uma ação conjunta entre prefeituras e governo estadual para fortalecer a atenção básica.“Falta ao governo do governador Jerônimo Rodrigues e a esses quase 20 anos de governo do PT uma ação articulada e coordenada com os municípios”, ressaltou Neto. >
A especialista em Administração Hospitalar Mariana Carrera trouxe a experiência do governo de São Paulo e reforçou a necessidade de mecanismos de incentivo. Ela citou como exemplo o programa IGM Paulista (Incentivo de Gestão Municipal), que concede de R$ 4 a R$ 40 per capita para cidades paulistas que alcançam metas de melhoria. “O município precisa prestar conta das ações e dos serviços. Tem que mostrar resultado”, salientou ela.>
Na mesma linha, o consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Renilson Rehem, declarou que só haverá organização no sistema quando a atenção primária for fortalecida.>
“E ter uma atenção primária de qualidade significa o empenho dos municípios com o apoio do governo estadual e do governo federal. Se não há oferta de serviços e não há organização do sistema, não há regulação que funcione”, disse ele. >
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), também participou do fórum e apontou que os hospitais e UPAs municipais têm evitado um colapso ainda maior. >
Só na capital baiana, cerca de 300 pessoas aguardam na fila da regulação por vaga em leitos estaduais, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). >
“Vá nas portas do HGE, do (Hospital) Roberto Santos, do (Hospital) Menandro de Farias, e vai ver pacientes nos corredores, nas macas. Por que isso não acontece em Salvador? Por causa das UPAs que construímos. Então, se não fosse a prefeitura de Salvador para atender essas demandas, a fila da regulação da Bahia seria ainda muito pior”, pontuou. >
Ao encerrar o evento, ACM Neto apresentou uma carta-compromisso direcionada aos baianos, na qual reuniu propostas e diretrizes para enfrentar a crise da saúde no estado, com metas para descentralização dos leitos, fortalecimento da atenção básica e melhorias na regulação.>