À procura da Loira da Viatura: performance ainda rende nas ruas e nas redes

Dois dias depois que uma jovem loira, ainda não identificada, dançou em frente a uma viatura da Polícia Militar no bairro do Itaigara, em Salvador, o assunto ainda rende nas redes sociais e na Rua Guillard Muniz, onde tudo aconteceu, e nas redondezas.

O CORREIO percorreu as imediações e constatou: todo mundo quer saber quem é esta mulher que, apesar do ato de ousadia, não chegou a incomodar os policiais. Isso quem conta são as testemunhas com quem a reportagem conversou na tarde desta segunda-feira (13). O vídeo foi um dos assuntos mais comentados pelos internautas no final de semana - são 39 mil visualizações apenas no vídeo postado pelo CORREIO no YouTube. Assista.

Todo mundo viu A poucos metros dali, ainda procurando o endereço exato do Bar 1ª Opção - onde a mulher se divertia com amigos, segundo testemunhas -, a equipe de reportagem conversou com frentistas de postos da região. Os primeiros entrevistados foram logo desbloqueando o celular para garantir que não só tinham conhecimento do caso, como também o vídeo no armazenamento interno dos aparelhos.

As imagens mostram a moça rebolando e se insinuando para os PMs dentro da viatura, enquanto os frequentadores dos bares ao redor riem da atitude ousada da jovem - ou da falta de reação dos policiais. Por meio de nota, o Departamento de Comunicação Social (DCS) da corporação informou apenas que o vídeo, que circulou em diversos grupos de WhatsApp, “será encaminhado para análise da Corregedoria da PM”.

"Nossa, eu tô doido pra saber quem é essa aí. Todo mundo ficou surpreso porque é muita coragem, hein?! Sinceramente, eu jamais teria a coragem que ela teve. Tomei um susto quando vi", disse o frentista José Soares, 29 anos. 

Crítica social Outro funcionário de um posto confessou que, assim como José, quer saber quem é a já famosa 'loira dançarina da viatura', ou só Loira da Viatura."Infelizmente, não sei quem é, mas gostaria muito de conhecer ela para dar os parabéns. Com isso, ela mostrou o quanto há desigualdade. Se fosse uma mulher preta, na periferia, não teria acontecido daquela forma", disse, sem se identificar.O rapaz acredita que, por ser branca, a mulher foi respeitada. "Claro que sim. Ela deve ter noção dos privilégios dela, né? Aposto que é uma médica, advogada, alguém instruído", apostou.

Diferente de sábado (11) à noite, o movimento era pequeno na tarde desta segunda. Seguranças de outros estabelecimentos se limitaram a dizer que só viram as pessoas rindo muito. "Eles [PM] viraram uma verdadeira piada. Não fizeram nada. Nem buzinar, buzinaram", contou um deles, sob anonimato.

Também sem se identificar, o gerente de outro bar da região disse que não viu o episódio, mas soube, por seus funcionários, que a loira estava no Bar 1ª Opção, mas bebia na rua quando a viatura passou. 

"Eles [a polícia] pararam porque tinha muita gente na rua. Ela aproveitou e dançou mesmo. Engraçado é que um músico do mesmo bar subiu em um carro que passava outro dia", disse, em referência a um cantor que decidiu fazer o show em cima do carro da Semop.

O rapaz acrescentou, ainda, que ficou chocado ao ver as imagens. "Isso é postura de policiais? Pelo amor de Deus! Queria ver se fosse uma mulher ou um homem negro", indagou ele, que disse nunca ter visto a mulher em seu estabelecimento e também tinha o vídeo no celular. "Ela não deve morar aqui. Devia estar de passagem", comentou.

Moradora do bairro, a secretária Alina Damasceno, 39, disse que tinha acabado de sair do local quando a cena aconteceu. Ela também concorda que a abordagem teria ocorrido de outra maneira em um bairro periférico. "Sem dúvidas que sim. Macaco sabe em que galho sobe", considerou.

O CORREIO procurou a administração do Bar 1ª Opção, mas o estabelecimento não funciona às segundas-feiras. 

Se a Loira da Viatura vai reaparecer, ninguém sabe, mas deu pra ver que a maioria das pessoas que assistiu a sua performance está curiosa para saber quem é a dançarina de viatura mais famosa de todos os tempos da última semana.