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Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2018 às 18:14
- Atualizado há 2 anos
Uma doença de pele muito rara, que afeta pessoas de todas as idades desde a primeira infância, tem tratamento na Universidade Federal da Bahia (Ufba). O ambulatório Magalhães Neto, que fica no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), no bairro do Canela, em Salvador, abriga um dos dois centros baianos de referência para diagnóstico e tratamento da epidermólise bolhosa (EB).>
A EB é uma enfermidade congênita que provoca bolhas e graves feridas na pele e nas mucosas externas e internas, que, se não tratadas corretamente, podem provocar infecções, desnutrição, câncer de pele e até levar à morte.>
De rara incidência, a doença acomete cerca de 500 mil pessoas em todo o mundo (o equivalente a cerca de 0,007% da população mundial), segundo estimativa da Debra Brasil, braço brasileiro da associação mundial voltada ao cuidado da epidermólise presente em 40 países.>
Na Bahia, pelo menos 73 pessoas têm EB (68 delas nas formas mais graves), segundo a Associação de Familiares, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa (Afapeb-BA), mas estima-se que haja grande subnotificação.>
A epidermólise é hereditária e não-contagiosa. É causada por uma falha genética que provoca a desregulação da produção das proteínas que atuam na adesão das camadas da pele – o que resulta no aparecimento de bolhas à menor fricção ou trauma.>
A doença tem quatro formas: a simples, em que as bolhas atingem a epiderme (superfície da pele); a distrófica, que atinge a derme (camada mais profunda da pele); a juncional, que afeta a junção entre a derme e a epiderme; e a chamada síndrome de kindler, que provoca bolhas abaixo da derme.>
A síndrome de kindler é a mais letal, e as formas distrófica e juncional são consideradas graves. A doença ainda não tem cura conhecida.>
Por afetar também as mucosas internas do organismo, a epidermólise bolhosa costuma provocar subnutrição, já que as feridas nas paredes do sistema digestivo diminuem a capacidade do organismo de absorver nutrientes.>
Se não tratadas, as feridas podem cicatrizar de maneira indevida, provocando o fechamento da passagem de ar pelo esôfago, ou a junção das superfícies dos dedos, cuja correção requer intervenção cirúrgica.>
Para os pacientes e suas famílias, o serviço prestado pela equipe médica da Ufba é fundamental, pois, além de ser gratuito, trata-se do único local na capital que oferece o diagnóstico e o acompanhamento médico requeridos para que os governos estadual e municipal custeiem o tratamento – uma obrigação legal regulamentada pela portaria 199/2014 do Ministério da Saúde.>
O outro centro de referência baiano fica em Vitória da Conquista, e é mantido pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.>