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Tailane Muniz
Publicado em 26 de abril de 2019 às 16:12
- Atualizado há 2 anos
Ferries foram removidos nesta sexta-feira (26) (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Juntos, eles têm espaço para transportar 1600 pessoas, além de 100 carros, por viagem. A estrutura enferrujada, a ausência de motores e degradação das instalações, no entanto, reduziu a última rota das embarcações Monte Serrat, 47 anos, e Ipuaçu, 37, a uma travessia de uma hora e meia, com o total de seis passageiros, cada uma. >
Os embarcados, desta vez, não eram usuários do sistema ferryboat, ao qual o Monte Serrat e o Ipuaçu serviram por décadas, mas uma equipe operacional de engenheiros e técnicos que, atentos a todos os detalhes, acompanharam a última travessia dos dois ferries, nesta sexta-feira (26). A operação acabou por volta das 15h30.>
As embarcações que, até novembro do ano passado, eram de propriedade do Estado, foram arrematadas em um leilão pela siderúrgica SS Comércio de Metais, que precisou contratar a Aratu Serviços Marítimos (ASM), além da assessoria jurídica do advogado Zilan Costa e Silva, especialista em direito marítimo, para que tudo corresse bem na última travessia. Envelopado com lona, o Monte Serrat foi o primeiro a deixar o píer (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Os ferries, que já não estavam aptos a suportar o peso de dezenas de automóveis há algum tempo, deixaram a Marina de Aratu, em Simões Filho, na Região Metropolitana, para virar sucata no terminal de Ponta da Laje, no mesmo município. >
O processo de remoção das embarcações, que já havia sido adiado por causa das chuvas, é similar às grandes operações de retiradas de navios que se chocaram no meio do mar, conhecido por salvatagem, e começou a ser organizado em janeiro. Sem motores, os ferries não fizeram qualquer 'esforço próprio' para se locomover. >
Última parada Preso por dois cabos de aço a um barco do tipo reboque - de estrutura consideravelmente menor, ao menos, com relação à altura dos ferries -, o Monte Serrat, mais degradado, e que precisou ter o casco envelopado, saiu do píer em que definhou na última década por volta do meio-dia. Governo gastou mais de R$ 2 milhões com aluguel de píer (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Engenheiro que acompanhou a operação, Laurent Couvignou explicou que é como se as embarcações fossem dois corpos completamente sem vida."A gente aguardou a maré vazante, porque o reboque é feito a favor da maré, ou seja, a gente está guiando ele, porque os motores já foram retirados, estão completamente mortos, são sucatas", comentou o adovgado, que embarcou nos ferries, nesta última rota.Ao todo, 10 pessoas trabalharam pra que a última travessia de Monte Serrat e Ipuaçu ocorresse sem qualquer dano ao ecossistema do canal da Baía de Cotegipe. O primeiro trajeto durou cerca de uma hora e meia e foi finalizado às 13h30. Já a remoção do Ipuaçu, que tinha o casco em boas condições, gastou a metade do tempo.>
Durante o percurso, a atenção do grupo se voltou para a observação de uma possível entrada de água nas embarcações, que sofreram intervenções antes da partida."Nós instalamos três bombas e levamos uma reserva, para caso de necessidade. Além de mim, foram cinco pessoas a bordo, uma equipe mínima", explicou Laurent, acrescentando que um barco com dois mergulhadores acompanhou a travessia até Ponta da Laje, além de representantes da Marinha e do Ibama.As bombas, segundo o engenheiro, eram o único motor em funcionamento dentro das estruturas que, para o advogado Zilan Costa e Silva, também presente durante o trajeto, até tiveram uma 'vida longa'. "Uma embarcação que dura 30 anos já é muito", comentou. Mergulhadores participaram de operação (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O advogado também explicou que o transporte do Ipuaçu ocorreu em menos tempo porque a embarcação tinha o casco completamente conservado, o que facilitou o trabalho do reboque na missão de guiar o ferry. O Canal de Cotegipe, por onde passou os ferries, abriga, ao todo, cinco portos, incluindo o da Ford. Todos os terminais precisaram suspender as operações nesta sexta-feira, para que não houvesse choque no percurso. >
Ao todo, o Monte Serrat ficou aportado em Aratu por 15 anos, e o Ipuaçu, cinco. A longa estadia no píer, onde corriam o risco de afundar e causar danos ao ecossistema do local, custou aos cofres do governo cerca de R$ 2,8 milhões. >
Os aluguéis batiam a marca anual de R$ 144 mil que, inclusive, superam os R$ 117 mil referentes ao arremate das duas embarcações.>