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Marcela Vilar
Publicado em 18 de setembro de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A gasolina comum ficou até R$ 0,56 mais barata nos postos de combustíveis de Salvador nestas primeiras semanas de setembro, queda que já vinha sendo registrada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão federal que regula e monitora os preços dessa indústria no Brasil. A gasolina mais barata foi encontrada no Posto Meridional, no bairro da Calçada, por R$ 3,93, e a mais cara por R$ 4,49, em um posto da Avenida Centenário, no Chame-Chame, como mostram os dados da plataforma “preços de combustíveis”, que atualiza os valores em tempo real (veja mais abaixo). >
Já em um posto no bairro da Pituba, a gasolina comum foi encontrada por R$ 4,19, isto é, 30 centavos mais barata que no início de agosto, segundo o gerente da unidade, Alex Andrade, 23 anos. A advogada Jeannine Peixoto, 34 anos, que abastecia o carro ali, não tinha notado a diferença até então, mas gostou da novidade. “Não fico procurando qual posto está mais barato, mas é bom demais ter baixado, porque é muita coisa para cada litro”, pondera Peixoto. A economista Lídia Fonseca, 62 anos, que também aproveitava para encher um pouco o tanque, notou a redução: “Acho ótimo, e que continue caindo”. Uma das principais explicações, de acordo com o secretário executivo do Sindicombustíveis (BA), Marcelo Travassos, foram os três reajustes de preço feitos pela Petrobras em suas refinarias no mês passado - a empresa baixou em 0,23% (01/8), 3,97% (13/8) e 5,95% (21/8) o preço da gasolina. Com isso, alguns dos cerca de 200 postos existentes na capital baiana conseguiram reduzir o valor para o consumidor. >
Consumo em baixa>
Outro motivo foi a diminuição de cerca de 60% no consumo durante a pandemia - que já começou a se recuperar, mas ainda apresenta queda de 30% em relação a consumação normal, que é de 74 milhões de litros por mês em Salvador. Hoje, a estimativa é que seja da ordem de 45 a 50 milhões de litros, segundo o sindicato. Devido à queda na demanda, a estratégia dos empresários foi reduzir o preço, a fim de atrair clientes. >
“Muitos postos [de combustível] têm praticado essa diminuição de preço porque tiveram uma forte retração na demanda, as pessoas estão deixando de andar de carro. Isso fez com que alguns adotassem a política de reduzir seu preço para reconquistar o cliente, dar uma saúde no fluxo de caixa”, explica o secretário executivo do Sindicombustíveis (BA), que é economista. >
Preço estrutural>
Em relação à variação de preço do commodity para o consumidor, Travassos ainda esclarece que não há como fazer grandes reduções, pois 85% de seu valor independe do empresário. A maior parte da composição do preço que está nas bombas vem do custo com a matéria prima, o petróleo que é comprado em dólar, e dos impostos de importação, responsável por, em média, metade do custo do produto. >
“O preço da gasolina acompanha a paridade do mercado internacional e é estrutural, independente da vontade do revendedor. Ela já chega ao posto com mais de 85% do preço que vai ser praticado, o que deixa uma margem apertada. O abuso não é do posto”, alega Travassos. >
Já o presidente do Sindicombustíveis (BA), Walter Tannus, que é dono de quatro postos de combustível em Salvador e região metropolitana, afirma que não perde de vista o valor da concorrência para estabelecer os seus. “Todos os meus preços são acompanhando o do meu vizinho, porque temos um produto que é uma commodity e não tem como o preço ficar deslocado da concorrência, porque aí você perde clientela”, conta o empresário, que deixou uma margem de R$ 4,09 e R$ 4,19 nas unidades as quais é proprietário. >
Segundo o relatório mais recente da ANP, a Bahia e o Rio Grande do Norte foram os únicos estados que retraíram o preço da gasolina entre 25 de julho e 22 de agosto no país, com queda de 0,09% e 2,02%. Na variação dos últimos 12 meses, houve redução em 17 estados brasileiros - a Bahia teve a terceira menor baixa de preço com 0,87% de retração. Outros combustíveis também caíram de preço no estado neste período, como o etanol (7,87%) e o diesel (3,58%). Já o GLP subiu 1,39% nos últimos 12 meses. >
Preço em tempo real >
Criada há 10 anos em Minas Gerais, uma plataforma colaborativa chamada de Gasspass atualiza os preços dos combustíveis em tempo real em todo o Brasil e até mesmo na Argentina, México e Chile. O banco de dados é atualizado por usuários, donos de postos e pelo cartão de crédito da frota parceira da empresa quando os funcionários fazem o pagamento.>
A ideia surgiu pela defasagem dos dados da ANP, que demoram duas semanas para serem divulgadas. “Temos uma equipe de 15 pessoas e robôs que identificam o posto que teve uma queda muito grande no preço”, conta o engenheiro mecatrônico responsável pela plataforma, Gitano Gama, 31 anos. Acesse neste link. >
Veja abaixo tabela da ANP com a variação de preços de combustíveis em Salvador:>
*Sob orientação da subeditora Fernanda Varela>