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Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2014 às 13:37
- Atualizado há 2 anos
O campo de futebol tem servido há muito tempo como palco para o lançamento de tendências, principalmente de cortes de cabelo. Desde o primeiro Mundial, em 1930, os jogadores inovam nas madeixas. Se houve um tempo em que os fios eram grandes e desajeitados ou bem curtinhos, nas últimas duas décadas os cortes ganharam sofisticação.Basta olhar para a história das Copas do Mundo e perceber: Os cabelos são protagonistas. Quem não se lembra do ‘black loiro’ de Valderrama? E do moicano do inglês David Beckham? Seja pela personalidade, vaidade ou por brincadeira - como foi com Ronaldo Fenômeno e seu “estilo Cascão”, em 2002 - os jogadores entram para história não só pela habilidade no futebol.Será que Ronaldo imaginou que seu cabelo faria tanto sucesso naquela final? Tiago Dias, 23 anos, fez parte da multidão de fãs que repetiu o visual do atleta. O estudante de produção cultural da Universidade Federal da Bahia (Ufba) lembra que, aos 15 anos, foi cortar o cabelo com os amigos. “Nós queríamos estar mais próximos do nosso ídolo, queríamos parecer com ele”, conta. Além do sentimento de aproximação com o jogador, a influência dos amigos de sua rua foi decisiva. “Quem não fazia era julgado”, pontua o universitário. Se à época, estilizar o cabelo parecia uma boa saída para encurtar a distância entre ele o ídolo, hoje, o recurso não agrada mais ao rapaz. “Quando você cresce, percebe que para admirar alguém não é preciso fazer o que a pessoa faz”, reflete. Cabeça feitaDono de uma barbearia na Ribeira há 12 anos, Carlos Alberto também nota a influência dos ídolos do futebol na cabeça dos seus clientes. “Os mais conhecidos são mais procurados. Eles adoram copiar as personalidades”, conta seu Cacau. Segundo o proprietário, no bairro popular os holofotes são para os jogadores brasileiros e baianos. “Neymar é o mais pedido. Depois vêm os daqui, como Talisca e William Henrique – com seu cabelo Pica-Pau”, revela.Com o moicano personalizado igual ao do ídolo Neymar, o jogador da base do Vitória Luciano Fernandez, 16, faz parte do fã clube de carteirinha do atacante, que já prometeu um novo corte para esta Copa. Fernandez está entre os jovens da nova geração que acompanha a moda dos gramados. Segundo o jogador, a maioria dos amigos copia o craque do Barcelona. “Ele tem a mesma história que todos nós. A gente se vê igual a ele”, conta. Para Luciano, o cabelo é sua marca principal e não será motivo de vergonha no futuro, garante. Ele revela que corte hoje o deixa mais estiloso e ajuda a fazer sucesso com as garotas: “Vou continuar assim, mesmo se o Brasil perder a Copa”.Cabeleireiro há mais de 25 anos, Edu Domingos é testemunha da vontade de copiar os atletas nos salões de bairros considerados nobres. Trabalhando atualmente na Pituba, o profissional diz que o desfile de cabelos é protagonizado por inspirações vindas de fora: o português Cristiano Ronaldo, o argentino Lionel Messi e o inglês David Beckham figuram entre os mais pedidos. “Os jovens chegam e pedem o corte daqueles jogadores que estão em alta na mídia”, conta.Garoto-propagandaDe acordo com o publicitário Jorge Martins, esses atletas tornam-se modelos para tanta gente por trazerem consigo uma receita que conquista o consumidor. Todos têm corpos sarados, são viris e eficientes em suas atividades. “Eles são os heróis da história moderna”, descreve Martins. Vender-se como um alguém preocupado com a aparência é outra boa jogada para o bolso do atleta, segundo Jorge. “Basta olhar o caso de Messi e Cristiano Ronaldo. Eles são bons em suas atividades, mas Cristiano faz mais publicidade porque se mostra mais vaidoso”, avalia.Por contrato ou apenas diversão, os jogadores de futebol já incorporaram o estilo do cabelo ao uniforme que vestem em campo. Descabelado, bem curto, arrepiado, black, moicano, trançado... Com a chegada do Mundial, os holofotes são maiores e a pergunta que fica é: Qual será o próximo corte da moda?>