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Cada vez mais raro: número de linhas de telefone fixo cai 40% em cinco anos na capital baiana

Número de contratações da telefonia móvel é 11 vezes maior do que a fixa, apontam dados da Anatel

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 8 de julho de 2025 às 05:00

Telefone fixo tem se tornado relíquia nos lares soteropolitanos Crédito: Marina Silva/CORREIO

Considerado no passado não apenas um bem, mas um patrimônio que deveria ser declarado no Imposto de Renda, o telefone fixo já foi de artigo de luxo a item indispensável dentro de casa. Hoje, o aparelho é cada vez mais raro nos lares brasileiros e tem ocasionado o desaparecimento progressivo das linhas de telefonia fixa: só em Salvador, houve uma queda de 40% nos últimos cinco anos, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Na casa da empresária Sandra Aguiar, 57 anos, o telefone ainda existe, mas há muito tempo não é utilizado. “A única coisa que acontece com ele é tocar, tocar e ninguém atender. Quando acontece de atender, do outro lado da linha são instituições pedindo doação ou golpistas tentando vender algo. Eu não sei por que meu esposo ainda não tirou o telefone, porque até minha diarista não atende quando toca”, relata.

Por viverem situação semelhante à de Sandra, entre 2019 e 2024, cerca de 230 mil pessoas deixaram de ter telefone fixo na capital baiana. Com isso, o número de linhas de telefone fixo caiu de 552.588 para 343.002 na cidade. Os dados são os mais recentes disponibilizados pela Anatel.

Enquanto a telefonia fixa decaiu, a móvel se manteve em alta. No ano passado, havia 3,9 milhões de contratações do serviço de telefone móvel em Salvador, número 11 vezes maior do que o total de pessoas com acesso à telefonia convencional. Tal cenário, já crítico para a modalidade de ligação fixa, tende a se intensificar, conforme projeta o especialista em telecomunicações Orlamilton Melo.

“Antigamente, ao comprar uma linha, a pessoa recebia ações das empresas, já que havia cotas de ações que poderiam ser vendidas na Bolsa de Valores. Eu mesmo tive amigos que venderam as ações e compraram carro. Com a chegada do celular, as coisas começaram a mudar até o ponto de baratear e ficar acessível para todo mundo. Hoje, existem mais celulares do que pessoas. Por isso, acredito que num espaço bem curto de tempo não teremos mais telefone fixo”, afirma.

Para este ano, é esperada uma queda ainda maior no número de linhas fixas, visto que chega ao fim as concessões das operadoras que ganharam os leilões de 1998, como parte do processo de privatização do sistema Telebrás. À época, o Governo Federal vendeu o controle acionário de diversas empresas de telefonia fixa e celular para as empresas atualmente conhecidas no ramo, como Oi e Vivo.

Com o fim da concessão, as empresas de telefonia ficam desobrigadas a oferecerem o serviço de telefone fixo. Na perspectiva de Orlamilton, isso tende a salvar muitas delas de crises financeiras.

“A telefonia fixa era através de cabos metálicos, mas hoje dados e voz caminham juntos através da fibra óptica. Então, a telefonia fixa tem sido dispensável, porque o custo ficou alto até para as empresas manterem. Os cabos metálicos são mais caros que as fibras e ainda submetem essas corporações a prejuízos por conta do alto volume de roubos”, diz.

Segundo o especialista, muitas operadoras já retiraram a maior parte dos cabos metálicos da planta e as centrais de atendimento para telefonia fixa deixaram de existir, sendo substituídas pelos centros de atendimento para telefone móvel. Tudo isso, aponta ele, é reflexo da busca para manter as contas sem vermelho. “Só com a telefonia fixa, as empresas não conseguem se manter”, pontua.

Em resposta ao CORREIO, a Anatel ressalta que mesmo sob o regime de autorização, o Brasil já conta com mais de 1.400 empresas habilitadas a prestar o serviço de telefonia fixa. “[Isso] demonstra que o serviço não será extinto de imediato”, assegura.

Sobre a possibilidade de extinção do serviço telefônico fixo tradicional, a Anatel esclareceu que não há, no momento, qualquer projeto para acabar com o serviço. “Apesar da redução no número de linhas instaladas, a telefonia fixa ainda é demandada por segmentos específicos, como empresas, clientes em localidades sem cobertura móvel adequada e usuários de serviços de emergência via orelhão”, detalha.

A agência diz que continuará monitorando os indicadores de uso e cobertura, ajustando o marco regulatório para garantir, de um lado, o atendimento mínimo necessário à população e, de outro, a liberdade para que o mercado invista em tecnologias de maior interesse para a sociedade.