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Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 07:19
- Atualizado há 2 anos
Bruno [email protected]>
O empresário Sérgio Ricardo Santos Magalhães, 34 anos, viajaria ontem a trabalho para Morro de São Paulo. Por volta das 8h30, desceu com as malas para a garagem do prédio de luxo onde morava, no Morro do Gato, em Ondina. Mas, quando colocava a bagagem no porta-malas do seu carro, um Fiat Stilo, foi abordado por um homem armado, que o matou com tiros disparados à queima-roupa.Segundo a polícia, o assassino entrou no edifício Maison Polonaise, localizado na rua Guadalajara, pelo portão da garagem, que há dias ficava aberto durante o dia por conta de obras que estão sendo realizadas no prédio.O CORREIO teve acesso às imagens das câmeras de segurança do edifício, que registraram o momento da execução de Sérgio, que segundo a polícia era dono da marca de roupas Green Soul, conhecida no interior do estado. A garagem possui duas câmeras: uma próxima à entrada do portão e outra no corredor que dá acesso ao elevador. No primeiro momento, as lentes mostram quando Sérgio chega à garagem, sozinho, e abre o porta-malas do carro, o Stilo de placa HOG-0141. O veículo está estacionado de frente para o portão da garagem, que estava aberto por causa de uma obra no edifício. Até então, Sérgio era a única pessoa presente no local e retorna para pegar as malas que havia deixado na porta do elevador. Quando ele retorna para o carro, as imagens mostram o assassino — homem branco, alto e forte, que vestia calça jeans, camisa de botão rosa e boné verde — entrando, com a arma na mão, correndo na direção da vítima e disparando. Edifício fica na rua Guadalajara, no Morro do Gato. Assassino aproveitou garagem abertaA cena é testemunhada por duas pessoas que acabavam de chegar na garagem pelo corredor que dá acesso ao elevador: o faxineiro do edifício e um morador do prédio, advogado, que sairia para uma audiência. No momento dos disparos, eles correm para dentro do edifício. Em seguida, o autor dos tiros foge pelo portão, em direção à rua. Nesse trajeto, as imagens mostram seu rosto: traços finos e uma barba falhada. Segundo a polícia, o assassino fugiu no banco de trás de um Fox que aguardava na rua, o que indica que outras duas pessoas estariam na frente e teriam participação na morte de Sérgio. À frente da investigação, o delegado Alex Gabriel Chehade, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que o assassino trocou de camisa na fuga.“Segundo testemunhas, ele saiu do prédio com uma camiseta, entrou no banco de trás do Fox e o veículo seguiu em disparada”, disse o delegado. Após ter sido baleado, Sérgio chegou a ser socorrido em ambulância do Samu para o Hospital Jorge Valente, mas chegou morto à unidade.Moradores disseram ter ouvido três tiros, mas o corpo da vítima apresentava cinco perfurações. “Eu pude constatar, numa análise preliminar, três perfurações na cabeça e duas no braço esquerdo. Alguns projéteis podem ter transfixado (perfurado o corpo). Só a perícia para afirmar a quantidade exata dos tiros sofridos pela vítima”, afirmou o delegado. Sérgio era casado com uma médica e tinha duas filhas: uma de 14 anos e outra cuja idade não foi informada pela polícia. O empresário morava há cerca de cinco anos no Edifício Maison Polonaise, situado na Rua Guadalajara. Segundo corretores de imóveis, um apartamento no edifício custa entre R$ 1,2 milhão e R$ 2 milhões. Sérgio morava no 18º andar, de 19 do edifício.SuspeitoPara o delegado, o principal suspeito de ter cometido o crime é um homem que em maio do ano passado tentou matar Sérgio a tiros na Avenida Garibaldi. Na ocasião, o empresário ficou um período hospitalizado. A delegada Jussara Santos, titular da 7ª Delegacia (Rio Vermelho), que contribuiu com as investigações , disse que o suspeito tinha uma relação de amizade com a vítima. “O suspeito é um morador da Barra, com quem a vítima mantinha contato frequente. Há cerca de três anos, o rapaz foi preso por tráfico de drogas e, na ocasião, ele acreditou que foi Sérgio que o entregou à polícia”, completou a delegada.Segundo a polícia, o autor dos disparos tem mandado de prisão em aberto, portanto, é considerado foragido. A polícia, porém, não quis informar o nome do suspeito. Sérgio não tinha passagem pela polícia. O corpo foi liberado ontem à noite para o cemitério Jardim da Saudade, onde será enterrado hoje, às 16h30. PaneO crime deixou os moradores apreensivos. Alguns, como o aposentado Eduardo Magalhães, 66, morador do 17º andar, relacionam o crime a uma falta de energia que ocorreu no prédio no momento do crime. Na hora do crime, ele estava no elevador e acabou ficando preso quando o prédio ficou sem energia. “Foi algo muito estranho. No mínimo curioso. Falta energia no momento em que alguém é assassinado”, disse, deduzindo que a pane foi proposital, causada pelo assassino. “Estamos assustados. A insegurança está para todos. Apesar de sermos vizinhos, não tínhamos muito contato”, contou, referindo-se à vítima.A polícia, porém, afirma que a pane não foi provocada pelo assassino. “As pessoas estão assistindo muitos filmes policiais. Não tem nada a ver. Foi uma mera coincidência. A prova disse foi o fato do assassino ter entrado pelo portão da garagem que ficava aberto durante o dia por causa de uma reforma no prédio”, explicou o delegado Alex Chehade.O zelador do edifício, Claudionor Ferreira dos Santos, disse nunca ter observado qualquer comportamento estranho em Sérgio. “Ele era uma pessoa tranquila. Ninguém podia imaginar que terminaria assim”, declarou.>