Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Casa de Ruy Barbosa deve receber investimentos de R$ 7 milhões

Com projeto em mãos, ABI busca recursos e fará até vaquinha virtual

  • D
  • Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 19:43

. Crédito: Divulgação Fábio Marconi
. por Divulgação ABI

Para se tornar Casa da Palavra Ruy Barbosa, o imóvel onde nasceu o jurista, político, intelectual e jornalista baiano, na rua de mesmo nome, no Centro Histórico de Salvador, vai precisar de um investimento em torno de R$ 7 milhões. É o que estima o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques. A iniciativa faz parte das homenagens ao centenário de morte de Ruy, celebrado em 1º de março do ano que vem.

Segundo Marques, deve começar, nos próximos dias, uma campanha de financiamento coletivo que compõe apenas uma das ‘várias frentes’ de captação de recursos. “Com o financiamento coletivo, a gente restaura o acervo, que é um investimento relativamente pequeno para o geral do projeto”, afirma ele. 

Além disso, a ABI espera contar com a contribuição do governo do estado. “Estamos na expectativa de uma conversa com o atual e o próximo governadores, para ver se o estado poderia nos apoiar com as obras civis, que são necessárias para que a gente entre depois com as obras de instalações”, explicou, durante evento nesta quarta-feira (9). 

“Em paralelo, nós vamos buscar, através das leis de incentivo, o apoio de empresas privadas ou de organismos públicos que também trabalham com editais”, acrescenta ele, que assegura que depende apenas da verba para que o projeto saia do papel. “Se a gente captasse o recurso hoje, em oito meses, o museu estaria aberto”, estima Ernesto Marques. 

Novidades Apresentado nessa quarta-feira (9), no auditório da ABI, o projeto do arquiteto e cenógrafo gaúcho Gringo Cardia para o museu traz novidades como auditório, espaços interativos e cafeteria. “Esse ambiente simboliza a conversa do comunicador do início do século XX com os comunicadores da atualidade, fazendo o link entre passado e presente e reforçando que os valores não se perdem com o tempo”, diz Cardia.

[[galeria]]

"Ruy Barbosa foi uma pessoa que sempre usou muito a palavra: como jornalista, político, orador, expositor em outros países. [...] Então, eu acho que rebatizar isso como Casa da Palavra é uma coisa muito importante", justifica o diretor de Cultura da ABI, Nelson Cadena, sobre a mudança no nome.

O museu compreenderá os dois pavimentos da casa. No térreo, ficará o Salão do Grande Homem e da Liberdade, com monitores que exibirão vídeos e conteúdo interativo. O mesmo local vai abrigar o mobiliário clássico, a exemplo de esculturas, quadros, retratos e objetos relacionados ao Águia de Haia, como ficou conhecido o intelectual baiano. Haverá, ainda, o Café da Liberdade de Imprensa, com móveis e paredes visuais em alusão ao tema. 

No caminho até o andar superior, conceitos relacionados ao pensamento de Ruy estarão presentes, por meio de plotagens feitas na escada. Nesse pavimento, haverá dois estúdios interativos: um profissional, para gravações gratuitas de podcasts sobre direitos fundamentais, e um amador, para os visitantes que quiserem experimentar a sensação de ser repórter e até gravar uma notícia diante de uma parede de cromaqui. 

Lá, também, ficará o Salão Ruy Barbosa, com configuração multiuso e cabines de vídeos, além de uma galeria de heróis baianos defensores da liberdade, como Maria Felipa, Maria Quitéria e Luís Gama. A obra de engenharia civil inclui toda a adequação da Casa da Palavra a pessoas com mobilidade reduzida (PMR), como a instalação de elevadores. 

Fora do museu — mais especificamente, em sua lateral —, está prevista, no projeto, uma praça com um busto de Ruy. Aliás, toda a rua onde está situado o imóvel deve ser revitalizada: o governo do estado e a prefeitura, conjuntamente, vão implantar um 'piso compartilhado' até a Rua das Vassouras. “A ideia é que esse espaço seja sempre fechado a carros no fim de semana, para que possam ser realizados os eventos”, revela Nelson Cadena. 

Restauração de documentos  Os documentos pertencentes à casa do Águia de Haia, hoje, se encontram sob os cuidados da ABI. Segundo a museóloga e responsável pela guarda do acervo, Renata Santos, ainda não foi levantado o total de registros, mas estima-se que seja maior que 5 mil. Devido a problemas de infiltração no imóvel, que estava fechado, parte do material foi deteriorada por ação de fungos, traças e cupins. “A partir do momento em que essa documentação veio para a ABI, ela já entrou no processo de quarentena, para ser tratada”, conta Santos. 

Agora, todos os documentos serão higienizados e cerca de 70% terão que ser também restaurados, acredita a museóloga. Até a certidão de nascimento de Ruy Barbosa será recuperada e digitalizada. “É um dos documentos que estão bastante danificados e ácidos. [...] A gente vai restaurar, higienizar e manter do jeitinho”, garante ela. “Provavelmente, no começo do ano que vem, a gente já esteja iniciando esse trabalho.” 

'Página virada’  Em 1998, por meio de convênio firmado com a antiga Faculdade Ruy Barbosa e atual Centro Universitário UniRuy, o museu foi cedido, pela ABI, à instituição, para a realização de atividades acadêmicas e culturais. Mas, em 2019, a parceria foi descontinuada, e, em fevereiro deste ano, o equipamento cultural foi devolvido à associação, após uma ação de reintegração de posse. 

Para o presidente Ernesto Marques, o assunto já é ‘página virada’. “A instituição [UniRuy] não teve interesse em permanecer conosco, e nós estamos interessados em buscar novos parceiros, que tenham esse compromisso com a memória da Bahia e a cultura baiana”, declarou.

Procurado pela reportagem, o centro universitário, por meio de sua assessoria, disse apenas que “todas as questões envolvendo esta parceria já foram resolvidas”. 

Conexão com a juventude  Reconhecido internacionalmente, Gringo Cardia também é responsável pelos projetos da Casa do Carnaval, da Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai e da Cidade da Música da Bahia. Em julho, a ABI formalizou a contratação de Cardia para realizar o projeto, pensado para atrair, também, o público jovem, como foi o caso deste último equipamento. “Para não ser um museu morto; ser uma coisa interativa. Tem até alguma coisa um pouco lúdica, de brincadeira, mas isso faz parte. A nova geração gosta disso”, argumenta Nelson Cadena.

Ernesto Marques ressalta a preocupação com que o funcionamento da Casa da Palavra Ruy Barbosa seja dinâmico, com um fluxo de visitantes elevado. “A gente quer que esse fluxo de visitantes contemple, principalmente, a juventude, os estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior”, almeja o presidente da ABI. Para isso, de acordo com Marques, a intenção é ser um museu ‘de portas abertas’. “A proposta é, de fato, que nenhum jovem, nenhum estudante deixe de ir à Casa da Palavra porque não tem algum recurso para entrar”, afirma ele. 

Nesse sentido, a Secretaria da Educação da Bahia (SEC), por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT), assinou um termo de cooperação com a ABI. Conforme a diretora geral do IAT, Cybele Amado, a missão é incentivar a participação dos professores e alunos de todos os 27 Núcleos Territoriais de Educação do estado. “Nossa tarefa é fazer todo esse conhecimento virar material didático e poder chegar aos professores e aos estudantes, para que eles conheçam a história de Ruy e sua relação com a educação", planeja Amado.