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Casos de mordidas de morcego também assustam moradores do Barbalho

Além do Santo Antônio, moradores do bairro vizinho relatam mordidas nas últimas semanas

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 13 de maio de 2017 às 13:15

 - Atualizado há 2 anos

No início, o estudante Adriano Sena, 18 anos, não achou que tivesse nada de anormal em uma mordida que recebeu no pé, no meio da madrugada, enquanto dormia. No máximo, deveria ter sido de um rato. Não era: Adriano foi uma das primeiras vítimas de mordida de morcego, há cerca de três semanas, no bairro do Barbalho. 

Poucos dias antes dele, sua tia também tinha sido picada. Nenhum dos dois, contudo, imaginou que se tratasse do mamífero voador. Acreditavam que poderia ser até um rato. Cinco dias depois, no outro pé, outra mordida. E sangue – muito sangue. Foi só aí que a ficha caiu – além de ter ido ao Hospital Couto Maia -, começaram a surgir outros casos perto dali, no bairro vizinho, o Santo Antônio Além do Carmo. Apesar de terem sido antes, só agora, após os do Santo Antônio, os casos do Barbalho vieram à tona. A distância, no entanto, é bem curta – 300 metros separam a Rua Boulevard Seabra, transversal da Rua Siqueira Campos, no Barbalho, da Rua dos Ossos, no Santo Antônio, onde aconteceram boa parte dos casos. 

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Na Boulevard Seabra, foram pelo menos três situações: além de Adriano e sua tia, o padrasto do jovem também foi mordido, há cerca de uma semana. “Já tomei cinco injeções”, conta Adriano, referindo-se à profilaxia para raiva, uma das doenças que pode ser transmitida por morcegos.  Qualquer pessoa que for mordida por um morcego deve fazer isso: primeiro, a vítima deve procurar um posto de saúde ou ir ao Hospital Couto Maia para iniciar tratamento. A vacinação e sorologia anti-rábica são ministradas nessas cinco doses. 

“Não vi na hora que aconteceu, só vi o sangue. Era muito sangue”, diz. Segundo a família do jovem, a grande ‘casa’ dos morcegos é a obra de um prédio abandonado há quase 20 anos. “Lá tem um subsolo que é tudo escuro, ficam mais de 200 morcegos pendurados. E são morcegos grandes, parecem uma coruja. Quem é que não fica com medo?”, questiona o balconista Silval de Jesus, 31, primo de Adriano. Tia dos dois, a aposentada Maria Paula de Jesus, 60, conta que mora no local desde a década de 1970 e era acostumada a ver morcegos – mas só dos que comem frutas. De uma hora para a outra, nas últimas semanas, começaram os relatos de mordidas em humanos. “Tinha muito daqueles pequenininhos. Esses são grandes, bem pretos. Ave Maria, antes, eu deixava as janelas abertas. Hoje, fica tudo fechado porque eles (os morcegos) estão enfurecidos”. 

Janelas fechadas e muita luz

No Santo Antônio Além do Carmo, onde aconteceram a maioria dos casos – pelo menos 17 –, os moradores também estão mais precavidos. Dois dias atrás, a comerciante Tânia Pastori, 61, colocou telas nas janelas do fundo da casa, na Rua dos Adôbes. Seu filho e sua nora foram mordidos pelos morcegos no início da semana. “Estamos deixando as outras janelas fechadas. Eu penso que a gente não tem que se alarmar, mas tem que tomar a precaução. Onde não dá para fechar, por causa dos cachorros, deixo a luz acesa à noite”. A luz afasta os animais. “Está tendo o surto, mas o órgão competente (Centro de Controle de Zoonoses) está acompanhando e orientando os moradores. Agora, minha preocupação é mais com os animais de rua e as pessoas que moram na rua”. 

Já na Rua dos Ossos, a auxiliar de serviços gerais Ilka Lisboa, 55, conta que se assustou quando viu um morcego dentro de casa, na noite de sexta-feira (12). Ela já estava dormindo, mas o filho percebeu a presença do animal, por volta das 23h. “Nem consegui mais dormir. Deixei tudo aceso. Estamos deixando tudo fechado, mas meu neto de 9 anos estava aqui e acho que ele acabou deixando alguma coisa aberta”. Para diminuir ainda mais os riscos, ela conta que vedou possíveis passagens para o mamífero com uma espuma. “Mas, mesmo assim, entrou esse ontem”. 

As irmãs Fátima Franco, 53, e Cida Franco, 52, também tomaram as mesmas providências na casa onde moram, na mesma rua. “Nunca se sabe de onde eles podem vir”, diz Fátima. Um dos irmãos delas já brinca até que vai dormir de botas – já que os locais mais comuns para as mordidas dos morcegos têm sido os pés. “Aqui na rua também o poste está sem lâmpada, então fica ainda mais escuro para eles”, conta Cida. 

A técnica em Enfermagem Doralice Santana, 55, também passou a ser da turma das janelas fechadas – além da luz acesa. “Até quando sair, vou deixar a luz acesa para eles não entrarem. Aqui tinha morcegos, mas não era desse. Eles vinham atrás das frutas. Mas esse é vampiro. Passou o macaco, agora é o morcego. Quero ver qual vai ser a próxima. Não deixam a gente sossegada”, diz, referindo-se aos macacos, que estavam sendo infectados pela febre amarela. “Agora são os Dráculas da noite”, brincou a aposentada Ubaldina dos Santos, 85, citando um dos mais famosos vampiros da literatura e da cultura pop.De acordo com o veterinário e chefe do Setor de Vigilância Contra a Raiva do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Haroldo Carneiro, nesta segunda-feira (15), a vigilância deve começar a entrar em contato com os moradores do Barbalho para levantar mais informações e orientar a profilaxia. “Vamos também consultar mais detalhes sobre o imóvel que foi citado. No entanto, se estas pessoas já deram entrada no Hospital Couto Maia, elas fazem parte das estatísticas anteriores. O que precisamos identificar ainda é quem foi mordido e ainda não procurou o serviço de saúde”, esclarece. 

Ainda segundo Carneiro, casos isolados foram registrados em outros bairros de Salvador, como por exemplo, o de uma criança que foi mordida quando encontrou um morcego na casa onde mora, na Estrada das Barreiras. Ainda assim, a força-tarefa está concentrada na região do Santo Antônio Além do Carmo. “Na terça feira, a partir das 8h vamos visitar o imóvel onde deve estar o foco destes morcegos. O número de casos neste bairro é bem acima do esperado e por isso nossas ações estão concentradas lá neste momento”, acrescenta. No ano passado, o bairro de Patamares foi uma dos bairros que registrou grande incidência destes animais. Ao todo, 15 morcegos foram capturados. 

Notícia atualizada às 17h31