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Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2022 às 22:20
Um desfile que deu visibilidade e potência para a beleza da mulher negra, periférica, gorda e LGBTQIAP+ ocupou o Centro de Cultura da Câmara de Salvador na noite desta quarta-feira (30). O Concurso Miss Garota Plus Bahia levou modelos reais às passarelas e quem saiu premiada foi Daniela Borges, de 37 anos. "Vamos mostrar que nós somos capazes de tudo. Nada, nem ninguém, pode impedir nossos sonhos. Sempre seremos resistência", disse. >
O evento tem o objetivo de ultrapassar as barreiras do preconceito e dos estereótipos de beleza, para fortalecer o combate ao racismo e a gordofobia. Daniela saiu de lá com faixa de Miss Garota Pluss da Bahia, coroa e prêmios dos parceiros.>
A vencedora sempre teve o sonho de ser modelo, mas acabou sendo interrompido, sua família acreditava que era impossível. Depois que teve suas filhas, que hoje são modelos e trabalham no Editorial Nordeste, a mulher percebeu que poderia tirar o desejo muito antigo do fundo do baú e decidiu investir nessa parte da sua vida que já estava sendo esquecida. "Comecei com o Desfile da Resistência, agora com o Garota Plus Bahia, meu sonho finalmente saiu do baú" contou a modelo. Segundo ela, o desfile serve para mostrar que a mulher negra, gorda e periférica pode ocupar qualquer espaço.>
O evento contou com quatro performances: uma apresentação individual, em que as modelos interpretaram a música Evapora, da cantora Iza. Em seguida começou o desfile, vestidas com moda praia. Depois, desfilaram mais uma vez em traje de gala. Por último, todas se reuniram para a finalização, em que todas ficaram no palco para serem vistas uma última vez antes do anúncio do resultado. >
Quem ganhou em terceiro lugar como Miss Garota Plus foi Laudicéia Santos, 37, que também sempre teve o sonho de ser modelo, mas admitiu que conseguiu dar o passo inicial porque queria ser uma referência para a sua filha. "Como mulher negra sempre passei por preconceito e minha filha também, então eu pensei: 'eu posso melhorar isso'. Eu vou para a passarela para ela me ver lá e saber que ela também pode. Hoje eu estou aqui por causa dela", destacou.>
A premiação, como não poderia deixar de ser, foi emocionante, com muito choro e ansiedade por parte das modelos. A grande vencedora não parou de chorar nem mesmo quando saiu o resultado. Enquanto as premiações eram anunciadas, a música Dona de Mim, de Iza, que fala sobre empoderamento feminino, dava o tom da noite. "O evento vem para refletir sobre as mulheres gordas da Bahia e a verdadeira realidade. Minha ideia não é trabalhar moda, é trazer a representatividade para essas mulheres", destacou o produtor do Garota Plus Bahia, Paulo Archanjo.>
Uma das produtoras do desfile, Cláudia Portugal, que é responsável pelo projeto Toalhas para Todes, que faz roupões e toalhas maiores para mulheres gordas, ressaltou a importância do evento. "Foi muito difícil fazer o evento, as meninas passaram por muita dificuldade na vida. A gente resgata a autoestima delas e vontade de viver", disse. >
Katia Rocha, 46, que também fez a produção do evento, ressaltou a representatividade do desfile. "Nós gordas e negras somos muito discriminadas. A gente faz esse concurso para mostrar que podemos estar em qualquer lugar. Eu tive um câncer de mama e o movimento me acolheu, e tem muita gente que passou por coisa muito pior. Então um evento desse deixa as meninas vibrando, a felicidade é muito grande", pontuou a mulher, emocionada. >
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo >