Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Tailane Muniz
Publicado em 11 de abril de 2019 às 12:22
- Atualizado há 2 anos
Direitos humanos básicos, como saúde e moradia, sempre foram artigos de luxo para os moradores da localidade da Baixa Fria, no bairro de São Marcos, em Salvador. No local, onde mais de 300 famílias moram, de acordo com o líder comunitário Ademir Ponciano, 46 anos, as pessoas se sentiam esquecidas.>
A história da Baixa Fria começou a mudar em 2017, comentou Ademir, quando a prefeitura entregou 230 unidades da primeira etapa do Conjunto Habitacional da Baixa Fria. Nesta quinta-feira (11), o prefeito ACM Neto assinou a ordem de serviço para início das obras da segunda fase, que prevê a construção de mais 128 unidades, além de escola, praça e posto de saúde. Foto: Evandro Veiga/CORREIO À reportagem, Ademir resumiu a implementação dos equipamentos como uma "reparação histórica". "Nós sempre vivemos aqui em barracos de madeira, com esgotos a céu aberto, expostos a todo tipo de doença. Éramos os esquecidos e, agora, temos algo realmente grandioso para celebrar", afirmou o líder comunitário, que chegou a se reunir com o prefeito.>
O morador relatou à reportagem que como a vida melhorou após a entrega das primeiras casas onde, antes, toda área era invadida e sem saneamento básico. >
"Passamos a ter qualidade de vida e, agora, teremos ainda mais. Estou realmente muito feliz por mim, por todos, foram dois anos de espera", disse, contando nos dedos as novas obras, que devem ficar prontas em até 13 meses.>
Humanização O que era pra ser apenas a construção de um novo conjunto habitacional, para o secretário de Infraestrutura e Obras Públicas, o vice-prefeito Bruno Reis, significa a humanização de todo um bairro. O total de recursos investidos, segundo afirmou Bruno, ultrapassa a casa dos R$ 10 milhões.>
"A ideia é que as pessoas da própria comunidade trabalhem nas obras, e isso foi solicitado por mim à empresa que venceu a licitação. O que nós queremos é que todas as pessoas aqui vivam com dignidade, em um lugar adequado", destacou. >
De acordo com o vice-prefeito, a escola deve atender a estudantes do ensino fundamental I e II, e o posto será no mesmo formato das Unidades de Saúde da Família (USFs), já presente em outras localidades. A instituição de ensino será construída em uma área de 372,64 metros quadrados, e contará com cinco salas de aula, área de recreio, ambulatório e cozinha.>
Em homenagem a duas antigas lideranças, os equipamentos vão se chamar Valdomiro Pires Amorim e Edmário de Santana, respectivamente. "Duas pessoas que iniciaram todo esse movimento em prol dos demais, os moradores fizeram esses pedidos", completou.>
Filhas de Edmário, as agentes de Saúde Eliana, 47, e Estela de Santana, 49, lembraram o empenho do pai em nome dos moradores da Baixa Fria.>
"Ele sempre desejou que as pessoas tivessem uma vida digna, com saúde, escola, moradia. Ele saia de cara é vinha para cá, já cansou de resgatar gente em situação de total calamidade, ficaria muito feliz se pudesse presenciar esse momento", lembrou Eliana, que perdeu o pai há 12 anos, quando o mestre de obras sofreu uma queda durante o trabalho.>
'Orgulho de ser da baixada' Antes de assinar o compromisso com as familias ali presentes, o prefeito ACM Neto comentou que chegou a visitar o lugar, onde descreveu a vida como subumana, há alguns anos.>
"Quando assumi a gestão, encontrei uma obra por acabar (primeira etapa) e nós não medimos esforços para realizar as ações e entregar as casas. Aqui as pessoas viviam e, de certo modo, ainda vivem em situação difícil aqui. Nosso compromisso é dar dignidade, moradia, educação, afirmou Neto.>
Ao comentar que a área ainda é um terreno parcialmente invadido, Neto reiterou que tem "consciência de que ninguém mora em invasão porque quer, gosta, nas porque precisa".>
O prefeito destacou que o objetivo da prefeitura é que a Baixa Fria seja reconhecida como uma "baixada, mas uma baixada que oferece saúde, educação e, principalmente, casa própria a seus moradores". >