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Carolina Cerqueira
Publicado em 10 de maio de 2021 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
A boa e velha cervejinha de sábado e domingo está de volta. Este foi o primeiro final de semana com venda de bebida alcoólica liberada em Salvador. O movimento não foi tão bom quanto o que proprietários e funcionários esperavam, mas o aumento das vendas foi unanimidade entre os estabelecimentos procurados pelo CORREIO. Neste domingo de dia das mães, muitas famílias trocaram o sofá de casa pelas mesas e cadeiras de bares e restaurantes. >
O decreto, publicado na última quarta-feira (5) pelo governo da Bahia, liberou o retorno da comercialização de bebidas alcoólicas em Salvador e nas regiões do estado com ocupação de menos de 75% nas UTIs de covid-19. Antes, a venda estava proibida no estado da Bahia entre as 17h da sexta-feira até as 5h da segunda-feira. Com a mudança, os bares da capital baiana arregaçaram as mangas para voltarem a vender o item mais procurado desses estabelecimentos.>
No Pelourinho, no Bar Malembe, 70% das bebidas alcoólicas comercializadas saem justamente no fim de semana. De acordo com Daiane Menezes, que é sócia-proprietária do local, a liberação foi motivo de comemoração. O estoque foi abastecido e o investimento valeu a pena. “Ontem (8), o movimento foi bem positivo, muito melhor do que nos outros sábados. Hoje (9), foi mais fraco do que a gente esperava, acredito que por conta da chuva, mas sem prejuízos. A expectativa agora é que os outros finais de semana sejam ainda melhores”, diz ela. (Paula Fróes / CORREIO) Roberta Roldão, de 40 anos, foi até um dos barzinhos do Largo da Mariquita com o objetivo de desfrutar da companhia da amiga, do filho Marcel, de sete anos, e, claro, da cervejinha gelada. “Uma bebida no final de semana, dia das mães, é merecido, não é?”, diz ela. A doutoranda em Artes Cênicas mora em Salvador, mas é de Goiás. Sem a família por perto, não tem o tradicional almoço, então a comemoração foi num bar no Largo da Mariquita.>
“Eu não estava vindo, estou isolada em casa há mais de um ano. Hoje está sendo uma ocasião especial para tentar se distrair um pouco. Aqui a gente consegue manter o distanciamento e cumprir as regras, porque estamos seguindo esse isolamento o máximo possível”, conta Roberta. Já a analista de recursos humanos Luana Santana, de 35 anos, costuma se reunir com toda a família para o dia das mães, mas, desta vez, a comemoração foi diferente do habitual. Por conta da pandemia, ao invés do tradicional almoço com a família toda, que é grande, cada núcleo familiar ficou separado. Ela, o marido e a filha Luma, de quatro anos, foram até um dos barzinhos do Rio Vermelho, na Vila Caramuru. “Eu e meus três irmãos ficamos cada um no seu canto. Como eu e meu marido já estamos muito em casa desde o ano passado, acaba enjoando um pouco, aí resolvemos sair hoje e está sendo bacana, é bom sair de casa. Eu nem ia beber, mas acabei caindo na tentação e aproveitando um gin”, relata Luana. >
Assim como Luana, Iracema Araújo, de 58 anos, também tem o costume de passar a data ao lado de bastante gente. Desta vez, escolheu a sobrinha, uma amiga e um vizinho para a companhia do passeio no bar. “Como sou fã de uma cervejinha, o local foi ideal. Com a bebida alcoólica, a confraternização fica melhor”, diz ela. A filha, Maria Paula, mora em Valença e as duas não puderam estar juntas nesse dia das mães, mas, mesmo de longe, deu para matar a saudade. “Apesar da distância, a gente dá um jeito, faz chamada de vídeo. Hoje, 8 horas, a gente estava se falando. Ela me desejou feliz dia das mães; só ficou faltando mesmo o presente”, conta ela, rindo. >
Nilton Luz, gerente do bar e restaurante Maria da Villa, que fica no Rio Vermelho, está apostando na liberação da venda de bebidas alcoólicas para aumentar o faturamento. De acordo com ele, neste final de semana, já foi possível sentir a diferença. “Antes da venda de bebida alcoólica, o movimento estava bem fraco. Melhorou neste final de semana e acredito que vai melhorar ainda mais nos próximos. Nesta sexta e sábado já sentimos a diferença; hoje, foi razoável, acho que a chuva atrapalhou um pouco”, explica ele. >
Além da flexibilização da venda de bebidas alcoólicas nos finais de semana, o decreto do governo do estado também reduziu o toque de recolher na capital. Agora, as restrições de locomoção vão das 22h às 5h. Para o gerente do Maria da Villa, as duas medidas são vistas como bastante positivas para a categoria. (Paula Fróes / CORREIO) “Sexta, sábado e domingo são os dias de maior faturamento, com certeza. Atualmente, esses três dias são responsáveis por cerca de 60% da arrecadação. Então, a venda de bebida alcoólica faz bastante diferença nisso, assim como o horário de funcionamento. Aqui é um bairro boêmio, o pessoal gosta de chegar mais tarde. Com o toque de recolher passando para 22h, isso ajuda a gente também”, explica. >
Luiz Henrique do Amaral, presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), vê a liberação como um passo importante para equilibrar contas dos estabelecimentos que, segundo ele, quando são de convivência - onde as pessoas vão para beber e permanecer no local - perdem muito sem a possibilidade de vender as bebidas alcoólicas no fim de semana. "De 60 a 80%, essa é a porcentagem do faturamento que é afetada por conta da restrição de venda. Isso nos estabelecimentos de convivência, que são ligados ao entretenimento e lazer, onde as pessoas vão para socializar. A bebida alavanca diversos movimentos de consumo dos bares e restaurantes", explica. >
*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier>