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'Ela chorou até desmaiar', diz mãe de bebê ferida por PM; vídeo mostra correria

Mãe da criança alega que policiais negaram socorro e disseram que ela estava no 'lugar errado'

  • Foto do(a) author(a) Tailane Muniz
  • Tailane Muniz

Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 04:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: TV Bahia/Reprodução e Acervo pessoal

Há aproximadamente sete meses, a segunda maternidade se tornou realidade para a vendedora Jéssica Maciel, 26 anos. Ela só não imaginava o que está passando agora.

A filha de Jéssica foi atingida por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar, na noite do último domingo (27), no bairro de São Marcos, em Salvador. A bebê está internada em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE), e a suspeita é de morte cerebral.

Em contato com o CORREIO, a vendedora contou que a filha já não responde ao tratamento, está inconsciente e com a cabeça "bastante inchada"."Quando chegamos ao hospital, ela ainda mexia os bracinhos, as perninhas, mas, desde ontem (terça-feira), já não se mexe. Os olhos, ela não abre desde o momento em que foi baleada", relatou a vendedora, que também é mãe de um menino de 5 anos.Segundo ela, os médicos disseram que não podem fazer mais nada pela criança. "Eles fizeram exames nela, depois tiraram a sedação. Hoje, me disseram que ela pode ter uma parada cardíaca a qualquer momento. Farão um exame para confirmar a morte cerebral", lamentou a mãe da menina. Jéssica também ficou ferida na ação policial (Foto: TV Bahia/Reprodução)  'Hora errada e lugar errado' Segundo Jéssica, seu pesadelo começou na localidade Recanto São Rafael, por volta de 19h30, quando saía, acompanhada dos filhos e da irmã, do aniversário de uma amiga.

A bebê estava acordada, nos braços da mãe, no momento em que foi atingida na cabeça por uma bala de borracha.

"Eu já estava praticamente na avenida principal do bairro quando eles (policiais militares) chegaram com bomba, spray de pimenta e aquelas armas apontadas. Foi bater e inchar a cabeça dela, imediatamente. Ela chorou até desmaiar", relatou.

Com a filha nos braços, já desmaiada, Jéssica e a irmã pediram ajuda a dois militares que, segundo ela, negaram socorro."Eles olharam pra mim e um deles falou: 'A senhora está na hora errada e no lugar errado, infelizmente não posso fazer nada'. Aí fui correndo e me joguei na frente de uma moto que estava passando'".Com a ajuda de um desconhecido, em uma motocicleta, a vendedora conseguiu chegar com a filha à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Marcos. Em seguida, a bebê foi transferida para o HGE.

"Ainda bem que o atendimento lá não demorou. Quando chegamos ao HGE, os médicos disseram que não entendiam bem o que era aquilo. Machucou e inchou muito. A cada dia, incha mais. É muito triste lembrar que a polícia não me socorreu", lamenta. Homem feriu as costas durante festa de aniversário interrompida por PMs (Foto: Acervo pessoal) Investigação A vendedora, que mora com a mãe, a irmã e filhos no bairro de Pau da Lima, vizinho a São Marcos, esteve na Corregedoria da Polícia Militar na tarde dessa quarta-feira (30), para exigir que o caso seja investigado.

"Lá, me disseram que vão identificar e punir os policiais envolvidos. Eu relatei tudo e eles me deram uma ficha e uma guia de solicitação para que eu faça o corpo de delito", acrescentou a mãe da criança, que vai realizar o exame nesta quinta-feira (31), no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR).

Jéssica contou, ainda, que chegou a ser abordada por militares no HGE. Os PMs, segundo relatou, pediram que ela fosse até a sede da 50ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sete de Abril) para "prestar esclarecimentos". "Eu disse que não tinha nada pra fazer lá, que eu ia na corregedoria, e foi o que fiz".

Policiais foram afastados Em nota, a Polícia Militar confirmou o caso e informou que os oficiais envolvidos no caso foram afastados.

"Os militares envolvidos no caso foram afastados e apresentados no Departamento de Promoção Social, onde deverão ter acompanhamento psicológico já que estão abalados com a situação lamentável", dizia o comunicado.

O documento informou ainda que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para que "todos sejam ouvidos e as circunstâncias sejam devidamente esclarecidas".  Ao CORREIO, a PM relatou a versão dos militares para a situação.

"Havia uma competição de som conhecida por 'paredão', com o uso de dois veículos, além de vários homens fazendo uso de bebidas alcoólicas e consumo de drogas, desde as 16h, impedindo o ir e vir de moradores daquela região", disse, por meio de nota.

À corporação, um dos PMs envolvidos na ocorrência informou que, ao chegar no local, os policiais foram "cercados por uma multidão" e que, por isso, "não houve outra alternativa para salvaguardar a integridade física dos componentes a não ser o uso de agentes químicos" - bomba de gás lacrimogênio e efeito moral. 

A nota diz, ainda, que, após identificarem os veículos, os militares solicitaram um guincho para a retirada dos carros. Em nenhum momento foi citado que a bebê foi atingida e ficou ferida.

"Após quase uma hora aguardando o apoio, os condutores se apresentaram e os veículos foram conduzidos até a sede da 50ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sete de Abril)".

Após a "extração dos Autos de Infração de Trânsito (AITS)", a nota diz que os donos dos carros foram liberados. A Polícia Militar afirma que, só na segunda-feira (28), foi informada que a criança estava machucada.

Procurada pelo CORREIO, a Polícia Civil disse que a mãe da bebê foi orientada a procurar a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca). Jéssica não informou se pretende procurar o órgão.