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Thais Borges
Publicado em 3 de outubro de 2014 às 07:00
- Atualizado há 3 anos
Em Salvador, os jovens motoristas estão em segundo lugar no ranking dos que mais se envolvem em acidentes de trânsito. Este ano, só até setembro, a Transalvador registrou 1.592 acidentes com pessoas de 18 a 29 anos - desses, os homens eram maioria, com 1.198 ocorrências.>
Em primeiro lugar está a faixa dos 30 aos 59 anos - apesar de ser uma faixa de abrangência maior, foram 1.922 registros no mesmo período. No ano passado, os números também foram altos: 2.051 acidentes na cidade envolvendo jovens com idade entre 18 e 29 anos. Já os motoristas com idade entre 30 e 59 anos, os primeiros da lista, estavam envolvidos em 2.478 acidentes. Até a taxa de mortalidade assusta - os jovens com idade entre 20 e 29 anos estão entre os que mais morrem no trânsito da capital, de acordo com o Datasus: foram 66 mortes em 2012. A faixa etária só fica atrás das 72 vítimas que tinham idade entre 30 e 39 anos.>
De acordo com o diretor de trânsito da Transalvador, Marcelo Corrêa, a frequência de acidentes de trânsito envolvendo jovens é uma realidade em todo o mundo. “É uma tendência mundial. Por isso que a maior parte das campanhas educativas traz personagens com essa faixa de idade, porque é quando a pessoa tem muito anseio de liberdade”, explicou ele. >
Para o diretor, o problema é que o carro dá uma falsa sensação de liberdade. “A pessoa sente que pode ir onde quer, quando quer, na forma que quer, em maior ou menor tempo, em maior ou menor velocidade. Isso está vinculado às expectativas dessa faixa etária, porque muita gente pensa que é ‘indestrutível’, que é eterno. Um jovem de 21 ou 22 anos acha que demorou muito para chegar ali”, analisa. Além disso, é muito comum que quem está nessa idade associe a direção com o consumo de bebida alcoólica. Por isso mesmo, quando os agentes da Transalvador costumam fazer blitze pela Lei Seca, os jovens são cerca de 70% dos abordados, segundo as estimativas do diretor de trânsito do órgão.>
“Até nas propagandas de cerveja, o jovem que bebe sempre chega de carro na balada, na praia. Mas, depois que ele bebe, como o carro vai sair de lá?”, provoca Corrêa. Daí vem a maior dificuldade que o órgão encontra para diminuir os índices: conscientização. “A dificuldade é educar de uma maneira geral, até porque esse não é um problema só nosso, é um problema mundial mesmo”, alerta.>
Acidentes envolvendo jovens tiveram repercussãoOs últimos casos de jovens que morreram ou provocaram acidentes de trânsito em Salvador tiveram destaque no noticiário local. Em maio, o universitário e filho da ex-prefeita de São Francisco do Conde Rilza Valentim, morta em julho, Rodrigo Valentim, 22 anos, atropelou e matou a idosa Cleonice Barreto de Souza, 67, na Avenida Paulo VI, na Pituba. >
Rodrigo, que teria ingerido bebida alcoólica, dirigia um Hyundai i30 e fugiu sem socorrer a vítima. No mês passado, ele foi indiciado por homicídio doloso qualificado. >
Em janeiro, a estudante de Medicina Samya Cordeiro, 25, atropelou o gari Raimundo de Souza, 38, na Pituba, quando voltava para casa de um ensaio de verão no Wet’n Wild. >
Raimundo, que trabalhava esvaziando contêineres na via, foi imprensado pelo Polo Hatch que Samya dirigia e teve que amputar a perna esquerda. Relembre esses e outros casos acima. >