Fila de ônibus causa congestionamento na Avenida Suburbana

Sindicato dos Rodoviários afirmou que a categoria está parando em todos os pontos

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  • Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2015 às 08:01

- Atualizado há um ano

Uma enorme fila de ônibus causou congestionamento na Avenida Suburbana no início da manhã desta sexta-feira (23). De acordo com a Transalvador, o trânsito estava intenso, com alguns trechos congestionados. Cerca de 150 ônibus estavam enfileirados até o bairro de Periperi.

O motivo é que os ônibus estavam circulando apenas na faixa da direita e parando em todos os pontos, segundo o diretor do Sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota. "Viemos até aqui após a população reclamar que os rodoviários não estavam parando nos pontos. Estamos orientados para que todos parem, mesmo os que estão cheios", explicou. "Tá chegando muita multa porque os motoristas não estão parando no ponto. Como colocaram fiscalização, a gente fez tudo como tem que fazer", conta o cobrador Cláudio Raimundo, 44 anos. "Nos horários de pico não tem possibilidade de parar, os ônibus já ficam muito cheios. Os próprios passageiros pedem para não parar", revela.O motorista Alan Aragão, 31 anos, também afirma que não há como seguir as regras. "Do jeito que a Prefeitura quer, todo mundo vê o que acontece", se referindo ao congestionamento. Ele também diz que as vans clandestinas dificultam a parada dos ônibus. "A Prefeitura tem que se preocupar com os clandestinos, que ficam parados no ponto, chamando (passageiros)", denuncia.

Por volta das 8h, o trânsito já estava com melhor fluidez, segundo Mota. "As empresas mandaram coletivos vazios aqui para o Luso (Plataforma) e melhorou um pouco", afirmou. O presidente do Sindicato, Hélio Ferreira, conta ainda que os rodoviários fizeram a mesma ação na Av. Paralela.Opinião divididaOs moradores do Subúrbio, que essa semana fizeram duas manifestações pela melhora do transporte, se dividem nas opiniões. Para a auxiliar de classe Maria de Nalva, de 51 anos, alguns motoristas agem de má-fé. "Eu trabalho no Imbuí e é uma miséria. Já fiquei duas horas no ponto, os ônibus passando vazios e não paravam. Já quis jogar uma pedra no motorista", reclama, afirmando que perde muito tempo no transporte coletivo. "O transporte é horrível", define.O assistente de atendimento Carlos Wendel, 19, tem opinião parecida. "Passa direto vazio. Às vezes para no local errado, impedindo a gente de pegar. Às vezes passa por fora para não pegar passageiros", lamenta. Já a estudante Aline Conceição, 31, acredita que os motoristas têm justificativa. "Eu acho que o problema é a falta de ônibus, por isso que eles chegam lotados e os motoristas não param", analisa.Para a estudante de pré-vestibular Vanessa Sales o problema é o trânsito caótico da cidade. "O transporte de Salvador não é bom, o trânsito não colabora", afirma. Ela conta que não é sempre que os motoristas não param nos pontos de ônibus. "Isso só acontece em horário de pico. As pessoas reclamam porque querem chegar logo em seus destinos. Claro que alguns (motoristas) fazem de propósito, mas são poucos", diz.Pare no PontoApós as manifestações, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) implantou a Operação Pare no Ponto na Avenida Suburbana. De acordo com o secretário da pasta, Fábio Mota, o objetivo é liberar as baias dos pontos para que os ônibus possam parar nos lugares devidos e fiscalizar se os coletivos estão obedecendo as regras. 

O secretário também comentou a ação dos rodoviários. "Hoje o Sindicato dos Rodoviários, em retaliação, fez uma ação de deixar o trânsito lento, entendendo (nossa operação) que foi uma ação repressora", disse Fábio Mota. "Fizemos uma reunião hoje com o sindicato, mostrando que nossa operação tem o objetivo de fiscalizar, mas também é uma ação educativa. Eles estavam entendendo que queríamos apenas multar. Explicamos que atendemos ao chamamento da população de que os ônibus não estavam parando", relatou.

A operação Pare no Ponto permanecerá na Avenida Suburbana até o dia 15 de novembro, quando vai migrar para a Avenida Luís Vianna (Paralela). Serão dois meses de fiscalização no local até o dia 15 de janeiro, quando a Orla de Salvador será o próximo ponto da ação.

Apesar das mudanças nos locais onde são desenvolvidos a operação, o secretário garantiu que a fiscalização será permanente em toda a cidade. "Através do centro de controle nós fazemos o monitoramento dessas ações em diversos pontos de Salvador", afirmou.Reforço nas linhasAlgumas linhas de ônibus que saem do subúrbio foram reforçadas, segundo o titular da Semob. "Na Suburbana não temos déficit de ônibus, porque reforçamos as principais linhas antes de começar a Operação (Pare no Ponto)", contou Fábio Mota. "Os rodoviários diziam que os ônibus estavam muito cheios e não conseguiam colocar passageiros. Fizemos um estudo e reforçamos essas linhas mais cheias", disse.Desde a última segunda-feira (20), sete linhas receberam um reforço de 29 veículos, durante o horário de pico da manhã, entre 6h e 9h. Esses ônibus saem sempre do Largo do Luso, em Plataforma, ou do Lobato, e fazem o percurso até Barroquinha, Rodoviária, Iguatemi, Itaigara, Ondina, Barra e Imbuí/Boca do Rio.

O secretário informou ainda que o número de ônibus que circula na região aumentou em 30% desde abril deste ano. Segundo ele, atualmente, 900 ônibus circulam pelas ruas do Subúrbio Ferroviário. A frota total da cidade é de 2.700 coletivos.MultasO presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira, também se preocupa com as multas que a Semob aplica às concessionárias do transporte público. "Diretamente, as multas vão para as empresas. Mas indiretamente elas vão para os rodoviários, pois há descontos em nossos contracheques", revela.Segundo o titular da Semob, 9 mil multas já foram aplicadas às concessionárias, desde abril deste ano. "As multas são para as concessionárias, não para os rodoviários. Elas são multadas se a viagem não estiver no tempo correto, se o itinerário não estiver sendo cumprido ou seu não cumprirem a quantidade programada de viagens", explica Fábio Mota.O CORREIO tentou entrar em contato com o Sindicato das Empresas de Transportes de Salvador (Setps), mas não obteve resposta. * Com informações do repórter Thiago Freire

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