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Força da fé: Igreja do Pilar e Santa Luzia se recupera com ajuda de fiéis

Após um período fechada, igreja festeja a protetora da visão nesta segunda e terça-feiras

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 06:00

. Crédito: Foto: Ana Albuquerque

O tríduo de Santa Luzia começou diferente em 2022. Para além de ser o primeiro presencial desde o início da pandemia do coronavírus, em 2020, o fato de acontecer com programação recheada de missas também é uma grande vitória para a Igreja do Santíssimo Sacramento Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia, no bairro do Comércio, em Salvador.

O templo é famoso por sua fonte de água benta e, agora, foi ele que precisou da generosidade humana para sobreviver. E assim foi após a reportagem do CORREIO, com o relato do padre Renato Minho, administrador da Igreja, apontando que, por falta de recursos, precisou restringir o horário de funcionamento do local. 

Por um breve período, a Igreja do Pilar deixou de abrir seis dias por semana e passou a funcionar somente aos domingos, com missa às 9h, nos dias santos e no dia 13 de cada mês, com celebrações às 8h e às 10h.

Depois da reportagem, uma série de fiéis se mobilizou para levantar o dinheiro necessário para garantir o funcionamento da Igreja.

O funcionário público José Santos Santana, 63 anos, hoje mora em Lauro de Freitas e, desde sua mudança para a região metropolitana, há 20 anos, parou de frequentar a Igreja. Quando viu a reportagem, pediu ajuda para a filha, Maria Clara, 25, para fazer um Pix e colaborar. Decidiu que a colaboração será mensal e garantiu que, na terça-feira (13), data da festa de Santa Luzia, vai voltar ao lugar.

"Passava muito por lá por conta do trabalho, trabalhava na região do Comércio, mas faz muito tempo que não ia para uma missa no local. Depois que vi a reportagem, decidi colaborar. É um lugar muito especial pra minha vida, mesmo depois de tanto tempo", conta. Altar da Igreja do Santíssimo Sacramento Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia (Foto: Ana Albuquerque) Também funcionária pública aposentada, Angela Farias, 66, é muito conectada à Igreja, que conheceu num momento de dor. Seu irmão mais velho, nascido no dia 13, enfrentava um sério problema renal quando tinha somente 40 anos e ficou próximo de ser desenganado pelos médicos do Hospital Santo Amaro, onde seria internado depois de uma falência múltipla dos órgãos.

Antes dele entrar na UTI, um dos médicos perguntou se Angela acreditava em Deus e ela respondeu prontamente que sim. O médico então falou: "Então se apegue porque só um milagre salva ele". O choque só não foi maior do que a fé naquele momento. Angela repassou a pergunta ao irmão antes de passar pela porta que ela descreve como "grande e fria da UTI". 

Após a resposta positiva do irmão, ela pediu a Deus e a Santa Luzia para que guardasse a vida dele. E o irmão teve uma recuperação impressionante. Ao saírem do hospital, ela afirmou que ele não poderia ir pra casa sem antes agradecer a Santa Luzia e ali começou a relação com a santa.

"Eu nunca tinha ido à Igreja, fui aprendendo com o tempo, principalmente com o padre Renato, que assumiu aqui em 2019 e transformou totalmente a nossa relação de fiéis com a Igreja", conta Angela, que, se pudesse, iria todos os dias. Ela se tornou um lugar de fé e aconchego.

União Padre Renato explica que a união da comunidade foi fundamental para virar o jogo da Igreja e dar conta de despesas como as contas de energia elétrica, que giravam em torno de R$ 890 e faziam com que o padre sequer acendesse as luzes do local tentando economizar.

Apesar da recuperação com ajuda da comunidade, a Igreja do Pilar e de Santa Luzia continua precisando de ajuda. A administração disponibiliza o Pix [email protected] para quem quiser colaborar com a missão da Casa que tem na Fonte de Água do Milagre sua maior atração, mas também tem outras iniciativas que atraem fiéis e turistas. Fonte de Água do Milagre, um dos atrativos da Igreja (Foto: Ana Albuquerque) As colaborações são essenciais para financiar a festa mais importante da Igreja do Pilar e de Santa Luzia: a festa de Santa Luzia. O tríduo, festa que dura três dias, começou no sábado (9) com missas às 9h e 19h. O mesmo acontece até a segunda-feira (12), véspera do grande dia. Neste ano, o tema é “Santa Luzia, guardiã da fé e da visão”. 

Na terça-feira (13), haverá uma programação especial, que começa com alvorada às 5h, missas às 6h, 8h, 10h (missa festiva), 15h e às 17h. Às 11h30, começa uma procissão com fiéis levando a imagem da santa a pé pelas ruas do Comércio.

O andor sai da Igreja do Pilar e segue até a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, retornando até a matriz. As cores tradicionais da santa são o amarelo e principalmente o vermelho. 

A Igreja tem uma estrutura grande, com região iluminada em LED e boa sinalização, além de estacionamento gratuito que comporta até 200 carros. Em parceria com a Prefeitura, há uma horta comunitária que é cultivada por moradoras e moradores da região.

O Padre Renato aponta que a sobrevivência da Igreja depende da união de seus fiéis em torno do espaço. É a mesma tese defendida por dona Ângela. Conhecida por fazer milagres na visão, Santa Luzia também tem um papel importante na hora de, literalmente, abrir os olhos dos fiéis para essa necessidade.

História  Erguida em 1738, a Igreja do Pilar ficou fechada por cerca de 17 anos, entre meados da década de 1990 e 2012, devido a condições precárias. O santuário apresenta elementos dos estilos barroco, neoclássico e rococó e, à parte de sua própria beleza, conta com 17 painéis expostos, de autoria do baiano José Teófilo de Jesus. Um cemitério ao estilo neoclássico, de 1851, anexo ao local — exclusividade entre os templos da capital — também chama a atenção.

Além disso, dispõe de uma loja de artigos religiosos e da Fonte da Água do Milagre, seu principal atrativo, que, aliada aos demais, conquista visitantes de outros estados e até de outros países.

A fonte recebeu a fama de milagreira apenas após a chegada, em 1902, da imagem de Santa Luzia, invocada pelos fiéis como protetora dos olhos. “Conta-se que o cidadão bebe da água, lava os olhos e volta a enxergar”, diz o padre sobre a fonte que, antes de tudo, é de Nossa Senhora do Pilar, padroeira da Espanha. Santa Luzia chegou na história depois para trazer o povo de volta para a casa, como explica padre Renato.