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Wendel de Novais
Publicado em 12 de maio de 2021 às 16:17
- Atualizado há 2 anos
Depois de muito imbróglio, discordâncias e até intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT), que chegou a conseguir a suspensão do processo de demissão de trabalhadores que atuavam na fábrica da Ford em Camaçari, o impasse chegou ao fim. Montadora e funcionários chegaram a um acordo coletivo que garante indenizações individuais de no mínimo R$ 130 mil, para cerca de 4 mil funcionários. O valor agradou ao Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, que representou os trabalhadores durante o período de negociação com a Ford, e foi aprovado em votação nesta quarta-feira (12).>
A Ford divulgou que o acordo foi votado pela ampla maioria dos trabalhadores. A proposta negociada com a montadora é similar à negociada com empregados da unidade de Taubaté (SP) há pouco mais de um mês.>
Acordo vitorioso>
Júlio Bonfim, presidente e porta voz do sindicato, informou que foram feitas 33 rodadas de negociação para se chegar à proposta aprovada em assembleia e afirmou que o Plano de Demissão Incentivada (PDI) apreciado pelos trabalhadores e aprovado pela maioria deles representou uma vitória para o grupo, que ganha seguridade social para o período em que vão buscar por novos empregos. >
“O acordo foi negociado com muita habilidade pelo sindicato para garantir o melhor acordo rescisório possível e isso foi referendado pelos trabalhadores na assembleia de hoje. Diante do fechamento da montadora, não nos restou outra opção a não ser lutar pelos direitos da categoria. Assim, a exaustiva negociação terminou de forma positiva”, diz Júlio.>
Procurada, a Ford, por meio de nota, deu mais detalhes dos termos que nortearam o acerto que garante o piso indenizatório de R$ 130 mil tanto para funcionários operacionais quanto para os administrativos. De acordo com a montadora, cada funcionário operacional vai receber dois salários nominais correspondentes ao que ganharam por cada ano trabalhado, enquanto os administrativos receberão um salário nominal.>
Além disso, todos vão embolsar um valor fixo adicional conforme faixas pré-definidas. "O acordo coletivo negociado com o Sindicato dos Metalúrgicos em função do encerramento da produção na unidade de Camaçari foi aprovado pela ampla maioria dos empregados. A proposta aprovada inclui uma compensação financeira adicional às verbas rescisórias", escreveu.>
E os benefícios garantidos aos trabalhadores não param por aí. Ainda de acordo com informações da montadora, o acordo fechou também a garantia de plano médico nos próximos seis meses e um programa de qualificação para os funcionários. "Também faz parte do acordo a concessão de seis meses de plano médico por meio do Sindicato e uma remuneração adicional para empregados operacionais com restrição médica ocupacional. Além dos itens previstos no acordo, a Ford já está oferecendo um programa de qualificação dos trabalhadores e também irá oferecer um suporte para recolocação por meio da contratação de uma empresa especializada", explica.>
MPT comemora>
O MPT, que atuou com o ajuizamento de ação cautelar e obtenção de duas decisões liminares pela Justiça do Trabalho, foi uma das partes ativas para que se chegasse a um acordo. A procuradora do MPT Flávia Vilas Boas de Moura, que acompanha o caso, comemorou a decisão mesmo que esta tenha sido definida de maneira direta, entre Ford e sindicato. “A redação final do acordo ainda não foi encaminhada ao MPT, mas a notícia de encerramento das negociações já é motivo de comemoração, pois representa uma conquista da categoria e da autonomia coletiva do sindicato”, afirma.>
A procuradora disse também que o MPT teve que ingressar com ação na Justiça e pôde contar com a sensibilidade do Poder Judiciário, que concedeu liminar garantindo que os trabalhadores não fossem desligados até o término da negociação coletiva.>
Fechamento da fábrica A Ford anunciou em 11 de janeiro que iria encerrar a produção de veículos em suas fábricas no Brasil. Logo depois, houve protestos por parte dos funcionários de várias das unidades, inclusive na de Camaçari, com várias manifestações acontecendo desde então. >
Em 5 de fevereiro, a Justiça do Trabalho suspendeu a demissão coletiva dos funcionários da fábrica através de uma liminar. A determinação era que a Ford deveria primeiro concluir o acordo com os funcionários. Com isso, em 23 de fevereiro parte dos funcionários retornaram ao trabalho na fábrica, por prazo de 90 dias, após negociação com o sindicato. Houve um escalonamento para o retorno de mais funcionários até o mês de maio. >
*sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro >