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Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2009 às 14:13
- Atualizado há 2 anos
ovimento intenso de ônibus, passageiros atulhados de malas e sacolas de viagem. O ponto de ônibus da Brasilgás na BR-324, saída de Salvador, tem ares de uma verdadeira estação rodoviária. Mas, a partir da próxima segunda- feira, este cenário deverá mudar. >
As 540 linhas de ônibus intermunicipais que diariamente deixam a rodoviária de Salvador pela BR-324 estão proibidas de apanhar passageiros neste local. A medida foi anunciada na manhã de ontem pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba). >
Único dentro do perímetro urbano de Salvador onde há embarque de passageiros em ônibus intermunicipais, o ponto da Brasilgás possui um um movimento diário de cerca de 4,5 mil pessoas, segundo a PRF. >
O número supera o de grandes rodoviárias do estado, mas traz a reboque uma série de problemas, como atropelamentos, assaltos a ônibus e atuação de veículos que fazem transporte clandestino de passageiros. >
De acordo com o diretor geral de qualidade de serviço da Agerba, Zilan Costa e Silva, a falta de segurança foi o prin- cipal motivo que levou à suspensão da parada de ônibus intermunicipais no local. >
Nos cinco quilômetros que separam o ponto de ônibus e o viaduto de Valéria, ocorreram 90% dos assaltos a ônibus registradosem2008 na BR-324, rodovia que lidera o ranking da insegurança, com 44% das ocorrências registradas ano passado nas estradas federais que cortam a Bahia. >
Na avaliação do inspetor Vírgilio Tourinho, chefe da sessão de policiamento e fiscalização da PRF, os ônibus intermunicipais são mais visados pelos assaltantes. >
“Quem viaja, normalmente carrega consigosacolas emaisdinheiro do que no dia-a-dia”, argumenta Tourinho >
ATROPELAMENTOS >
O número de atropelamentos também são preocupantes e fazem do ponto da Brasilgás a segunda área com maior registro de pessoas atropeladas nas rodovias federais do estado. >
De janeiro a outubro de 2008, foram 37 ocorrências, com 36 vítimas fatais. Os representantes das empresas de ônibus intermunicipais defendem a extinção do ponto da Brasilgás.>
“Aquela é uma região de muita vulnerabilidade para os ônibus, principalmente pelos assaltos”, justifica Edmar Ribeiro, diretor executivo da Associação das Empresas de Transportes Coletivos Rodovíarios do Estado da Bahia (Abemtro). >
Os passageiros que utilizam o ponto, como o militar João Severo, questionam a medida: “A rodoviária pode ser mais segura, mas tenho dúvidas se ela tem condições de receber tantos passageiros a mais”. >
O diretor da Abemtro garante que dá para suportar a demanda: “Historicamente, o movimento de passageiros na rodoviária tem decrescido”, justifica. >
O ponto da Brasilgás continua aberto aos passageiros dos ônibus urbanos e metropolitanos. Segunda a Agerba, o ponto será transferido para outra área, mais próxima de uma passarela. >
Clandestinos prometem resistir >
O ponto da Brasilgás também é conhecido pelo grande número de veículos clandestinos que fazem transporte intermunicipal. E mesmo com a proibição do embarque de passageiros, os proprietários destes veículos são unânimes e afirmam que não deixarão o local.>
“O povo não vai deixar de viajar de van. Para quem mora por perto é muito mais cômodo pegar o carro aqui do que ir lá para a rodoviária”, afirma o motorista Aílton Oliveira, que faz a linha Salvador- Cachoeira em seu carro particular. >
Usuários do “serviço”, como o eletricista industrial Antônio José de Souza, dizem que continuarão dando preferência ao transporte complementar, mesmo que ilegal. >
“Venho andando para cá (Brasilgás). Se tiver que ir para a rodoviária, terei mais custos. São R$2,20 do ônibus, mais a taxa de embarque”, justifica. A PRF promete intensificar o combate aos clandestinos através de ações de fiscalização.>
(Notícia publicada na edição de 29/01/2009 do CORREIO)>