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Do crime baiano ao refúgio carioca: saiba onde traficantes se escondem no Rio

Facções cariocas lucram milhões com hospedagens de integrantes de outros estados

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 7 de julho de 2025 às 05:00

Foragidos baianos estariam escondidos no Rio
Foragidos baianos estariam escondidos no Rio Crédito: Divulgação

Não é de agora que lideranças de facções baianas estão protegidas em morros do Rio de Janeiro e, de lá, se articulam e dão ordens aqui. Este fenômeno, que já foi abordado pelo CORREIO, tomou fôlego com a chegada do Comando Vermelho no estado. Mas hoje, em quais favelas estariam escondidos esses chefes? O que se sabe é que, além dos redutos do CV, esses "cabeças" podem estar também refugiados em área do Terceiro Comando Puro (TCP), organização carioca com atuação aqui, através da parceria com o Bonde do Maluco (BDM).  

“Não tem um levantamento oficial, mas pelo que acompanhamos as ações da polícia aqui, é que esses criminosos têm sido presos nos Complexos da Penha e do Alemão, na Maré, na Rocinha, enfim. São favelas grandes, que abrigam algumas das lideranças importantes daqui do Rio e tem servido de lugar de refúgio desses faccionados de outros estados”, declara o sociólogo Daniela Hirata, do Grupo de Estados da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A Rocinha é a maior favela do país e da América Latina, onde estão abrigados boa parte dos integrantes do Comando Vermelho fora do Rio. Com quase 70 mil pessoas em uma área de 143,72 hectares, delimitada pelos bairros da Gávea, São Conrado e Vidigal. No dia 31 de maio deste ano, um drone do Batalhão de Operações Especiais Policiais Especiais (Bope), equipado com visão noturna, flagrou dezenas de criminosos em fuga pela mata, usando roupas camufladas para dificultar visualização. Segundo apuração do jornal O Globo, a região é conhecida como Doineia, uma espécie de campo de treinamento dos foragidos, onde eles têm noções de progressão na trilha, orientação de traficantes locais, os “crias”, e até aulas de tiro.

Segundo a polícia, Johnny cobraria taxas para permitir que traficantes usem a Rocinha como base para operar remotamente os negócios ilegais que mantém em seus respectivos estados de origem. De acordo com o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) do Ceará, cada chefe do tráfico cearense desembolsaria cerca de R$ 100 mil para permanecer na favela carioca. No entanto, os promotores não sabem se o valor do pagamento seria semanal ou mensal.

Segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), para se hospedarem na Rocinha, lideranças cearenses teriam desembolsado R$ 100 mil ao chefe do tráfico da favela, John Wallace da Silva Viana, o “Johnny Bravo”, um dos integrantes do CV.

Complexo da Maré

Em janeiro, a Polícia Militar do RJ e as polícias civis do Rio e do Espírito Santo realizaram uma operação contra traficantes do TCP capixabas que estabeleceram no Complexo da Maré um esquema de extorsão e de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 43 milhões em apenas 1 ano. Dez pessoas foram presas: sete no RJ, incluindo dois em flagrante, e três no ES. A região compreende um conjunto de 17 comunidades onde moram cerca de 140 mil pessoas - a região margeia a Baía de Guanabara e está localizada entre importantes vias rodoviárias que cortam a cidade do Rio de Janeiro.

Dados da Subsecretaria de Inteligência do Espírito Santo mostraram que o grupo capixaba extorquia dinheiro de funcionários de empresas provedoras de internet, água e gás, que só podiam atuar na Maré após pagamento de mensalidades que chegavam a R$ 10 mil.

Complexo do Alemão

O Complexo do Alemão, popularmente chamado de Morro do Alemão ou simplesmente Alemão, é um bairro que abriga um dos maiores conjuntos de favelas da Zona da Leopoldina, na Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Em uma ação conjunta de grande porte, em abril de 2024, as Polícias Civil e Militar realizaram uma operação, que contou com a participação de mais de 350 policiais, para cumprir mandados de prisão contra criminosos de outros estados que se escondem na região, dominada pelo CV.

De acordo com a Polícia Civil, o Alemão funciona como um “bunker” do tráfico e ponto de partida para investidas em outros territórios. Houve intensa troca de tiros. Criminosos revidaram também colocando fogo em barricadas nas vias. Equipes do Comando de Operações Especiais (COE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) atuam na ocasião.

Complexo da Penha

Já o Complexo da Penha, território também do CV, é outro aglomerado favelas. São 13: Morro da Fé, Paz, Sereno, Caixa d'água, Caracol, Chatuba, Grotão, Parque Proletário, Vila Cruzeiro, Merendiba e Quatro Bicas, Kelsons, Cidade nova ou estradinha. Constitui-se como o maior e um dos mais violentos complexos de favelas do Rio de Janeiro, com uma população de aproximadamente 100 mil habitantes em uma extensão territorial de 580 mil metros quadrados.

Parceria

Os serviços de Disque Denúncia da Bahia e do Rio firmaram uma parceria no dia 12 de junho, para capturar cinco criminosos procurados pela Justiça baiana em comunidades cariocas. “É mais uma forma de integração das informações da área de segurança pública que pode favorecer ao enfrentamento dessas organizações criminosas”, avalia Daniela Hirata. 

Comando Vermelho é responsável pelo atentado contra o diretor do Conjunto Penal de Eunápolis por Divulgação

O grupo é composto por integrantes de uma facção criminosa envolvida em ataques no interior da Bahia, incluindo o atentado ao diretor do presídio de Eunápolis, disparos contra uma viatura da Polícia Militar e diversos assassinatos. Os procurados são: Ednaldo Pereira Souza, o “Dada”; Anderson Souza de Jesus, conhecido como “Buel”; Sandro Santos Queiroz, chamado de “Real”; José Carlos Ferreira dos Santos, o “Zói de Gato”; e Manoaldo Falcão Costa Júnior, o “Gordo Paloso”.

 Entretanto, o CORREIO perguntou à Polícia Civil da Bahia por que só agora resolveu adotar esta medida, uma vez que o fenômeno é antigo. "Sugerimos contato com a SSP", diz a PC.  A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, mas até agora não teve resposta.