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Medicamento para malária tem sido apontado por Bolsonaro como possível cura, mas eficácia ainda não é comprovada
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2020 às 13:30
- Atualizado há um ano
O idoso de 74 anos que morreu de coronavírus em Salvador estava fazendo tratamento com cloroquina nos últimos cinco dias. O medicamento, originalmente usado para malária, tem sido alvo de pesquisas no mundo todo.
Personalidades como os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump têm apontado a cloroquina uma possível cura, mas a eficácia da substância ainda não é comprovada.
A morte do paciente de 74 anos, que estava internado no Hospital da Bahia, foi confirmada na manhã deste domingo (29). Foi a primeira morte por Covid-19 no estado.
De acordo com a assessoria do hospital, o paciente deu entrada na unidade no último dia 17, já com insuficiência respiratória severa. Hipertenso, ex-tabagista e dislipidêmico (alguém com taxas colesterol anormalmente altas), ele foi imediatamente entubado.
Antes de chegar ao hospital, ele tinha sido atendido em outra unidade de saúde, quatro dias antes. Ele tinha voltado de um congresso em São Paulo. Ainda com sintomas leves, o idoso fez o teste para o novo coronavírus nesse hospital, mas foi encaminhado para casa.
Depois dos quatro dias, os sintomas pioraram. Foi quando ele foi à emergência do Hospital da Bahia. Ele foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva, onde ficou por 12 dias. Quando o resultado positivo para o coronavírus saiu, a vítima já estava internada. Durante a internação, teve falência renal, precisando passar por diálise.
Autoridades lamentam Autoridades lamentaram a morte do idoso. O governador Rui Costa usou seu perfil no Twitter para lamentar a morte. "Meus sentimentos de pesar aos familiares e amigos. Tenho repetido: é guerra dura e cruel. Vamos vencê-la com união, solidariedade e trabalho", publicou.
O prefeito ACM Neto reforçou a gravidade da situação e afirmou que a prefeitura segue firme na adoção de todas as medidas necessárias para combater a doença.
“Lamento muito por essa vítima e por essa família que perdeu seu ente. Para todos nós fica a lição e nos deixa atentos para um cenário que tende a piorar. É preciso termos consciência do papel de cada um de nós no cumprimento das medidas de isolamento social”, disse o prefeito.
O secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, disse que todos estão sentidos. "Cada vida importa. Nossos sentimentos à família enlutada", afirmou.
Pacientes renais em alerta
A primeira morte de paciente por coronavírus na Bahia acendeu o alerta da Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal), associação que representa os doentes renais em todo o país. A entidade disse que está cobrando do Ministério da Saúde, governos e prefeituras a criação de área de isolamento para esses doentes crônicos nos hospitais de campanha.
Por causa do tratamento de diálise que dependem, essas pessoas precisam circular de 3 a 5 vezes por semana pelas cidades e há risco de contaminação em massa de pacientes. Confome a associação, os dependentes de diálise compartilham salas com até 40 doentes durante o procedimento.
"Esse é um grupo significativo da população que é obrigado a usar transporte público e transitar para dialisar, se não morre. Eles têm uma exposição maior porque já são mais suscetíveis imunologicamente e, se forem infectados, expõem os demais pacientes das clínicas de diálise. Poucos estados, até o momento, planejam criar um espaço especial para internar doentes renais no hospital de campanha. Isso precisa ser implementado com urgência pelos Estados”, destacou Gilson Silva, diretor-geral da Abrasrenal.
De acordo com o último Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia, há mais de 130 mil pessoas realizando diálise no país, em cerca de 700 clínicas. Até o momento, conforme informações da Abrasrenal, há um caso confirmado de paciente renal com COVID-19, nove suspeitos e um óbito entre os aguardando confirmação.