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Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 15:52
- Atualizado há 2 anos
Com a sanção do prefeito ACM Neto, publicada no Diário Oficial do Município desta sexta-feira (10), está criado o Dia do Empoderamento do Cabelo Crespo em Salvador. A data escolhida é o dia 20 de novembro, quando nacionalmente é celebrado o Dia da Consciência Negra.Primeira edição da Marcha do Empoderamento Crespo foi no dia 7 de novembro de 2015(Foto: Betto Jr/Arquivo CORREIO)A lei nº 9.194/2017 partiu de proposição do então vereador Euvaldo Jorge (PPS), em agosto de 2016. Na ocasião, o parlamentar afirmou que a iniciativa visava empoderar as pessoas que usam cabelos crespos. "Bem como elevar a autoestima daqueles que por ventura se sintam inferiorizados, conscientizando-os de que todos são iguais e, portanto, são livres na forma de agir e de se apresentar perante a sociedade", escreveu em sua justificativa.O projeto de lei foi votado na última sessão legislativa do ano, em 19 de dezembro. Apenas o vereador Sílvio Humberto (PSB) votou contrário à proposição. Embora o parlamentar reconheça a importância de instituir um dia do empoderamento crespo, ele discorda da data escolhida. "Choca com o 20 de novembro, uma data construída historicamente há mais de 30 anos pelo movimento negro. Tem que consolidar cada vez mais essa data, ao invés de ter outro evento", justifica. >
Silvio Humberto também chama a atenção para a já existente Marcha do Empoderamento Crespo (MEC), que acontece em outras datas. As duas edições da marcha levaram milhares de jovens ao centro da cidade. Em 2015, ela aconteceu no dia 7 de novembro. Em 2016, no dia 13 do mesmo mês. >
Em nota, a organização da MEC informou que não concorda com a forma como o Dia do Empoderamento do Cabelo Crespo foi construído. Segundo eles, nem a marcha, nem nenhum outro coletivo em Salvador foram consultados. >
A organização diz não se sentir contemplada pelo processo e que há erros na lei votada na Câmara. O primeiro deles seria justamente a data. “A MEC não concorda com a escolha dessa data, pois essa já significa um dia de reflexão e força para continuar resistindo e revertendo os efeitos da herança escravocrata que ainda constitui uma barreira para a cidadania do povo negro”. Para a organização, a lei, nos moldes em que foi sancionada, também reduz a luta do movimento ao cabelo. >