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Da Redação
Publicado em 22 de março de 2021 às 14:32
- Atualizado há 2 anos
Há 20 anos, no dia 21 de março de 2001, o adolescente Lucas Terra, então com 14 anos, era estuprado, queimado vivo e assassinado por pastores da Igreja Universal do Reino de Deus localizada na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Após duas décadas, o crime que assombrou o Brasil segue marcado pela impunidade.>
Apenas um dos três pastores suspeitos no homicídio, Sílvio Galiza, foi condenado. Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda Macedo de Souza, os outros dois, seguem à espera de serem julgados em juri popular, atrasado pela pandemia. Em 2019, uma reportagem do CORREIO mostrou que os dois seguem atuando na Igreja Universal.>
Por conta da demora do julgamento, o crime agora corre o risco de prescrever. Ao saber da possibilidade, a mãe de Lucas, Marion Terra, fez um apelo ao Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).>
"Essa força que eu tenho, como mãe, é porque eu sei que meu filho, eu não posso mudar nesse plano o que aconteceu, eu não posso trazer meu filho de volta, mas essa justiça que tanto eu quanto o Carlos [pai do adolescente] buscamos durante 20 anos, que completou ontem, que a justiça seja de fato efetivada na nossa vida", disse em entrevista à TV Bahia.>
Já Galiza, o único condenado, atualmente está solto. Ele foi condenado inicialmente a 23 anos e cinco meses de prisão, mas após recurso dos advogados, a pena caiu para 18 anos e, posteriormente, 15 anos. O pastor foi acusado por homicídio qualificado com motivo torpe e ocultação de cadáver. Ele cumpriu sete anos e segue atualmente em liberdade condicional.>
Pai do garoto, Carlos Terra, morreu em 2019 após sofrer uma parada respiratória decorrente de uma cirrose hepática. Ele foi enterrado ao mesmo lado do filho. Já a mãe só quer justiça por Lucas.>
"Eu quero um júri popular. Isso me machuca muito porque eu já perdi meu filho e eles continuam livres. O Fernando hoje, ele não é mais Fernando Aparecido da Silva, é Fernando Silva. Ele é bispo da Igreja Universal, eles continuam atuando como se nada tivesse feito, eles simplesmente continuaram vivendo a vida deles normalmente como se não tivessem matado Lucas", concluiu. Mãe segura retrato de Lucas Terra (Foto: Acervo Pessoal) O crime Lucas era um jovem devoto à igreja, que sonhava em ser obreiro da Igreja Universal do templo de Santa Cruz, em Salvador. Na noite daquele 21 de março, o garoto estava prestes à, finalmente, conseguir esse cargo.>
O pastor Galiza, que era uma espécie de mentor de Lucas, chamou somente o garoto para ir de ônibus até a Universal da Pituba para receber a gravata de obreiro. >
No julgamento, o pastor afirmou que, ao chegar no templo da Pituba, Lucas flagrou os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda Macedo em ato sexual no templo. >
Por conta disso, Lucas vou levado à força para o outro templo da Universal, no Rio Vermelho, onde foi torturado e estuprado pelos religiosos. Após isso, foi colocado dentro de um caixote e queimado vivo em um terreno baldio na avenida Vasco da Gama. O corpo do garoto só foi encontrado dois dias depois.>