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Mãe de sargento da Aeronáutica morto em assalto não consegue ir para enterro

Emocionada, ela não conseguiu acompanhar o cortejo fúnebre. Abalada, ela gritava de dor durante o velório

  • Foto do(a) author(a) Carol Aquino
  • Carol Aquino

Publicado em 8 de fevereiro de 2018 às 19:55

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Foi com surpresa que colegas do sargento da Aeronáutica Ricardo Cerqueira Dias, 43, souberam que ele tinha sido morto em um assalto a ônibus. “A lembrança que é eu tenho é de uma pessoa muito tranquila, serena o tempo todo. Por isso estranhamos quando disseram que ele tinha reagido, não era do perfil”, conta o capitão Rogério Diniz, chefe da divisão pessoal, em que ele trabalhava. Ele falou que de vez em quando, Ricardo intervia para acalmar os ânimos. 

O capitão Diniz conta que Ricardo teria entrado em luta corporal com os assaltantes do coletivo e que não acredita que ele estivesse armado, pois só o fazia enquanto estava em serviço. O primeiro sargento trabalhava no setor de inativo e pensionistas e costumava lidar com idosos e viúvas. “Ele trabalhava com um público muito sensível, que precisa de um cuidado especial. E ele tinha todo um carisma para isso”, disse.

Parentes e vizinhos lembram dele como uma pessoa muito calma e alegre. “Ele gostava de fazer festas, de reunir todo mundo em churrascos na área comum do condomínio. Ele convidava todo mundo para ir. No Revéillon foi assim. E agora ele se foi, assim do nada”, contava uma vizinha da Vila Militar da Aeronáutica, onde o primeiro sargento residia, ainda sem acreditar na perda do amigo.  Ricardo Cerqueira Dias, 43 anos, foi morto durante assalto (Foto: Reprodução) “Se eu tivesse uma coisa marcante para falar com ele, eu apontaria a sua ligação com a família”, disse a prima da vítima, Alessandra Barbosa, 35. Segundo ela, ele, a mãe e os três irmãos, eram muito ligados. A mãe, Anete Dias, sentou ao lado do caixão e não parava de chorar. No corredor das salas de velório, dava para ouvir volta e meia, os seus urros de dor. O pai de Ricardo faleceu há cerca de quinze anos.

Vencida pela dor “Eu não consigo. Eu não consigo. Ai, meu Deus, meu filho”, gritava Dona Anete ao tentar acompanhar a saída do caixão para o enterro. Vencida pela dor, ela se jogou num banco no corredor da sala de velórios. Ao ver a imprensa, se desesperou. “Por favor, não filma. Não filma. A avó dele ainda não sabe que ele morreu”, gritava. A mulher do sargento se recusou a falar com a imprensa. Ela não conseguia nem conversar, só chorava. 

O primeiro sargento Ricardo Dias foi enterrado com honras militares. Vários militares da Aeronáutica estavam presentes ao sepultamento, assim como bombeiros militares. O irmão da vítima, Rogério Dias, é Major do Grupamento de bombeiros militares da Bahia. Ele era casado e deixa uma filha do primeiro casamento, Isabele, de dez anos. 

Ricardo Cerqueira Dias foi morto enquanto voltava para casa, na vila militar da Aeronáutica em Itapuã, com a esposa de um jogo do  Bahia. Familiares contam que ele era apaixonado pelo Esporte Clube Bahia, assim com a mãe e os irmãos. “Era só sair um uniforme novo que ela comprava para pros quatro”, conta a tia, Miriam Cerqueira Dias.

O primeiro sargento reagiu a um assalto em um ônibus que fazia  a linha Lapa/ Patamares, quando o mesmo passava pela Avenida Mário Leal Ferreira, a Bonocô. Ele teria entrado em luta corporal com o suspeito do assalto. Um comparsa do bandido o atingiu com um tiro no queixo, mas a bala correu e ficou alojada na cabeça. Até o fechamento desta reportagem, a polícia tinha identificado os dois suspeitos do crime, mas nenhuma prisão havia sido efetuada.