Moradores protestam contra morte de jovem em ação da PM: 'negro matando negro'

Moradores negam que vítimas, baleadas na cabeça, tenham envolvimento com crimes

  • Foto do(a) author(a) Nilson Marinho
  • Nilson Marinho

Publicado em 11 de setembro de 2017 às 12:31

- Atualizado há um ano

. por Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Moradores do final de linha da Estrada Velha do Aeroporto, em São Cristóvão, protestaram na manhã desta segunda-feira (11) por conta da morte de um jovem baleado na cabeça no último sábado (9), durante uma operação policial no bairro. Na mesma ação, outro jovem também foi atingido, segundo os manifestantes.

Durante a manifestação, que começou por volta das 10h30, o grupo fechou a rua queimando pneus, madeiras e uma geladeira. Os bombeiros estiveram no local para controlar as chamas. Agentes da Transalvador também foram ao local para liberar o trânsito.

[[publicidade]]

Do final de linha do bairro, os manifestantes seguiram até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Cristovão, onde continuaram com o protesto.

Em nota, a assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que ao chegar ao local da manifestação, a guarnição da 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/São Cristóvão) acionou o Corpo de Bombeiros para controlar o fogo e liberar a via. "A equipe policial orientou o fluxo de veículos e acompanhou a finalização da manifestação", diz a nota da PM. A assessoria não se manifestou em relação à ação policial.

[[galeria]]

Tiros na cabeça Os moradores afirmam que os dois jovens não tinham envolvimento com o tráfico de drogas e que a ação policial foi arbitrária. Os dois baleados eram amigos e, segundo familiares, estavam saindo de uma barbearia quando, por volta das 19h, os policiais do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) da 49ª CIPM/São Cristóvão chegaram atirando."Não pediram documentos, não abordaram, simplesmente chegaram atirando. Meu filho estava terminando os estudos e sonhava em fazer faculdade. Infelizmente, são homens fardados que deveriam estar nos protegendo e estão nos matando. Negro matando negro", disse a técnica em enfermagem Daniela Rocha dos Santos, 37 anos, mãe do chapista Danilo Rocha dos Santos, 20, morto com um tiro na cabeça. Ele também participava de um projeto social no bairro. O mecânico Cleiton dos Santos, 18, também foi baleado com um tiro na cabeça e socorrido para a UPA do bairro. Logo em seguida, o jovem foi encaminhado para o Hospital do Subúrbio. Segundo os familiares, ele respira com a ajuda de aparelhos e deve passar por uma cirurgia para a remoção da bala. O procedimento pode comprometer a visão do mecânico.

"Menino tranquilo, conhecido por todos, e sempre alegre. Nunca teve nenhum tipo de problema. Até que provem o contrário, não há nada que abale a conduta dele", diz Pedro Itamar, 37, dono da oficina onde Cleiton trabalhava há três anos.