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Motoristas de Uber são alvos de críticas por não conhecer caminhos

Usuário fiel do aplicativo, o estudante de Enfermagem Lucas Moreira, 23 anos, já se deparou com motoristas perdidinhos

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 18 de julho de 2016 às 06:10

 - Atualizado há 2 anos

“Aceita uma balinha?”. A frase é bem inocente, mas o sotaque logo entrega o forasteiro. Quem já teve uma experiência com o Uber em Salvador tem grandes chances de ter se deparado com alguém de fora que ainda está se adaptando aos becos e vielas da cidade. Mas, na verdade, mesmo entre os que são da terra, tem quem ande batendo cabeça por aí.Desde que o serviço de transporte chegou a Salvador, em abril, a maior parte dos usuários é só elogios. Mas, ao mesmo tempo, muitos passageiros precisam de uma dose extra de paciência para ensinar o roteiro e lidar com outras dificuldades.Usuário fiel do aplicativo, o estudante de Enfermagem Lucas Moreira, 23 anos, já se deparou com motoristas perdidinhos. “Teve um que era de Minas e outros dois que não conheciam a cidade, apesar de dizer que eram daqui. Eles moravam em Lauro (de Freitas), mas não conheciam nenhum caminho da cidade pelos quais a gente passava. A gente teve que guiar o caminho inteiro”, conta Lucas, que costuma usar o serviço nos finais de semana.Ao chamar Uber, produtora cultural Edmília Barros viu motorista entrar em área perigosa perto de sua casa(Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)Numa das vezes, o motorista errou o caminho ao buscá-lo em casa, na Federação. “Ele foi parar em uma rua atrás porque não conhecia o local. Mas, como dá para ver pelo GPS, eu liguei e avisei”, disse. Ainda assim, ele é fã do Uber pela qualidade e preço do serviço.PerigoNo caso da produtora cultural Edmília Barros, 30, a situação não foi tão fácil porque ela não conseguiu ligar para avisar ao motorista que ele estava indo por um caminho que não deveria – e que, na verdade, deveria passar bem longe. Moradora da Ilha Amarela, no Subúrbio, ela costuma usar o serviço sempre para voltar para casa. Para sair da Ilha Amarela, só usou três vezes.Foi bem numa dessas que encontrou “o perdido”. Era por volta de 21h e ela percebeu que o motorista vinha por um atalho pelo Parque São Bartolomeu. “De dia, é tranquilo fazer esse percurso, mas de noite é muito perigoso e eu não conseguia falar com o motorista para ele não ir para esse local. Quando vi, ele já tinha subido por dentro das extremidades do parque. É uma boca quente”, comentou. “Quando ele chegou, eu disse ‘ainda bem que você chegou’”, conta ela, hoje aliviada.CompensaçãoEm sua estreia no Uber, a aposentada Jovenita Montanha, 65, já começou com um motorista que também era tão marinheiro de primeira viagem quanto ela. A corrida era do Stiep até o Itaigara, mas o moço não sabia fazer o caminho passando pelo Salvador Shopping. “Era o primeiro dia dele, estava todo atrapalhado. Me pediu desculpas, disse que tinha acabado de pegar o carro”, lembra.No entanto, ela diz que não se incomoda em orientar. “Com o tempo, eles vão conhecendo. É com a prática mesmo. Mas ele foi muito educado, gentil e tem toda a coisa da bala, de estar todo arrumado. Vale a pena”, julga.SustoPorém, nem sempre a situação é tão leve assim. A supervisora de comunicação Rebeca (nome fictício), 28, passou por um susto no mês passado que a incomoda até hoje. Primeiro, o carro que apareceu para buscá-la tinha uma placa diferente da indicada no aplicativo. Ela achou estranho, mas entrou. “Ele disse que foi um erro do Uber, mas que conversou com a advogada dele e ela disse que achava melhor deixar dessa forma, porque como está nessa situação de legalidade, se tivesse algo ruim, ‘ele ia se safar’. Eu já fiquei com um pé atrás”, recorda.Já passava das 23h30 e, quando chegou perto da casa dela, o motorista disse que não a deixaria na porta de casa porque não queria entrar na rua, na Boca do Rio. “A rua estava escura, mas depois ele sacou a arma debaixo do carro para dizer que estava armado e que, se acontecesse algo, ele não ia ter receio. E eu chorando no carro, com medo, pedindo para sair e ele dizendo que era uma questão de honra e agora ia me levar até o final”, relata.Após a corrida e o susto, decidiu dar uma nota ruim para o motorista. Deu duas estrelas – cinco são o máximo e, para continuar no serviço, o motorista precisa ter, no mínimo, 4,6. “Eu fiquei com medo. Aparecia a opção denunciar, mas achei melhor não denunciar, porque ele pode ter guardado meu endereço”, explica ela, que alertou amigos a não aceitar corridas com o motorista.Normalmente, isso não é o que acontece. Rebeca chegou a ter muitos problemas com táxi justamente por isso – não queriam entrar na rua onde ela mora, por ser um lugar considerado perigoso, e já foi assediada algumas vezes. Por isso, passou a andar sempre com taxistas conhecidos.Mas, como muitos dos motoristas do Uber não conhecem bem a região, ela acaba sendo beneficiada. “O Uber não tem preconceito onde eu moro, isso veio a calhar. A maioria dos que peguei era do interior ou de outro estado. Facilita minha vida porque todos entram tranquilamente”, conclui, contente. NotificaçãoDe acordo com a assessoria do Uber, a empresa sempre solicita que o usuário notifique sobre o comportamento do motorista – que pode sofrer penalidades que vão até o descredenciamento do serviço que, além do cartão de crédito, passou a aceitar pagamento em dinheiro desde o último dia 11.Apesar de muita gente estar usando, o secretário municipal da Mobilidade, Fábio Mota, garante que a prefeitura vai continuar fiscalizando o transporte clandestino – o que inclui os carros do Uber. Segundo Mota, já foram feitas cerca de 300 apreensões de veículos que faziam transporte clandestino. Desses, 11 eram Uber. As operações são diárias, a partir de uma cooperação da Secretaria Municipal da Mobilidade (Semob) e da Transalvador com apoio da Polícia Militar, com o Esquadrão Águia.

MP questiona proibição do serviço em lei municipalA lei que proíbe o Uber em Salvador está em xeque. O Ministério Público do Estado (MP-BA) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade na Justiça requerendo a suspensão imediata da lei municipal que proíbe o transporte remunerado de pessoas em veículos particulares – categoria na qual o Uber está inserido.

De acordo com o promotor Paulo Modesto, assessor especial do gabinete da procuradora geral, o órgão entendeu que a lei aprovada tem dois vícios. “Há o vício formal, de que não é competência nem do estado, nem do município legislar sobre transporte e trânsito. O município, ao tratar sobre isso, violou essa competência exclusiva da União. É uma inconstitucionalidade evidente, que já foi várias vezes dita pelo Supremo Tribunal Federal quando se trata de mototáxi, por exemplo. A mesma regra se aplica aqui na tentativa de disciplinar o transporte remunerado”, explica.

O segundo tipo de vício, segundo ele, é material: a violação entre a norma aprovada contra a liberdade econômica de direitos do consumidor e a competição econômica. 

Já o secretário municipal da Mobilidade, Fábio Mota, diz que o MP-BA tem legitimidade para propor a ação, mas “não concorda”. “Entendemos que o serviço de Uber é sim um serviço de táxi, pelo fato de o meio de sobrevivência é a corrida. Ou seja, concorre com o táxi, mas não tem carteira assinada, contrato de trabalho. O transporte clandestino não passa por vistoria, não sabemos as condições do veículo, quem é aquele motorista”, defende. Ele ainda afirma que o valor da multa é pela apreensão de veículo de transporte clandestino.