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Gabriel Moura
Publicado em 30 de dezembro de 2019 às 19:39
- Atualizado há 2 anos
Logo cedo, um “tapete branco” formou-se na entrada da Igreja de São Lázaro. A pipoca - ou dorubu, comida de Omolu - é que dava ao chão o visual do tapete. A razão de ela estar lá? Como manda a tradição, a pipoca banhou o corpo dos fiéis, que fizeram seus pedidos e agradecimentos a Omolu e Obaluaê na última segunda-feira do ano.
Mesmo com a primeira missa do dia realizada às 6h, os primeiros fiéis chegaram à Igreja antes das 5h para tomarem seu banho de dorubu. A ialorixá Vera Lúcia Alainer explica a tradição. “É através da pipoca que nós vamos pedindo paz, saúde e prosperidade”, conta ela, que, aos 60 anos, vai toda segunda-feira ao local para demonstrar sua fé.
Já o babalorixá Pai Valdeque, 41, celebra as graças alcançadas através dos orixás. “Todo ano venho aqui pedir saúde e proteção para minha família. Tenho a promessa de que, enquanto eles estiverem bem, eu estarei fazendo minhas preces. E olha eu aqui.” Ele conta ainda que diversas pessoas conseguiram emprego e saúde após o banho. “Mas precisa da fé. Ela é que é o caminho para se alcançar os pedidos”, ressalta.
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Há oito anos responsável pela Igreja de São Lázaro, o padre Cristóvão também se encantou. “Sei que é algo muito profundo que o povo cultiva. Não é só uma tradição, mas é o povo que vem movido pela fé. Não é qualquer ato que eles estão praticando. E isso me encanta cada vez mais. Você vê as pessoas chegando antes das 5h. Às 6h a igreja já estava cheia. Eu percebo esse tesouro da fé”, comenta.
Para poder receber bem os fiéis, foram celebradas cinco missas no decorrer desta segunda-feira (30). Já quem quiser dar uma passadinha e fazer sua última prece de 2019 nessa terça-feira (31), haverá uma celebração às 8h no local.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro