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Gil Santos
Publicado em 8 de março de 2023 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Durante todo o ano, o barracão número 26 do Largo da Lapinha, em Salvador, permanece com as portas fechadas até que no dia 2 de julho uma multidão se concentra na porta do prédio para ver a saída do Caboclo e da Cabocla para o desfile da Independência da Bahia. Nesta terça-feira (7), a prefeitura autorizou a restauração do Pavilhão 2 de Julho e uma uma exposição permanente para o bicentenário da Independência.>
Em 1917, o barracão que guardava os símbolos históricos da luta por liberdade estava bastante deteriorado. O governo cedeu o prédio para o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), que fez uma campanha, arrecadou fundos e construiu um novo pavilhão no mesmo local onde ficava o antigo. A entrega ocorreu em 1918.>
É esse prédio que até hoje permanece de pé no Largo da Lapinha. A estrutura é simples, um salão cercado por paredes verdes e com pé direito alto. No centro, ficam os carros do Caboclo e da Cabocla. O local permanece fechado o ano todo. Apenas trabalhadores entram e saem do prédio quando é necessário algum serviço de manutenção. A proposta da prefeitura é abrir o espaço para o público comum, estudantes e turistas.>
Depois de assinar a ordem de serviço para a restauração do Pavilhão, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) explicou que o objetivo é preservar a história, possibilitar a visitação e o aprendizado. O investimento será de R$ 1,8 milhão e as obras estão previstas para durar quatro meses. A meta é que esteja tudo pronto até 1º de julho de 2023.“É mais do que uma requalificação, é a implantação de um memorial que resgata a história e evidencia a importância dessa data para nós baianos. O 2 de Julho representa muito mais do que a Independência da Bahia, é a consolidação da Independência do Brasil. No ano do nosso bicentenário, ele será transformado em um ponto de visitação da cidade, um novo equipamento cultural”, afirmou o prefeito.O prédio não é tombado e nem está em área tombada, mas o projeto tem objetivo de salvaguardar a riqueza histórica, arquitetônica e artística. Ele foi dividido em três áreas: preservação da história, abertura para visitação pública e construção de uma exposição sobre a história do 2 de Julho. A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield, responsável pelo projeto, contou que o pátio que fica atrás do barracão será usado para ampliar o pavilhão.“É um projeto de restauro, então, são poucas as mudanças. O pé direito [a distância do chão até o teto] é muito alto, com isso conseguimos criar três níveis de mezanino onde será contada a história da festa da Independência. Aproveitamos um pátio aberto, vamos fechá-lo e teremos esses três níveis”, explicou ScofieldHá seis meses, a Cabocla está em exposição em São Paulo, mas retornará para Salvador ainda em março para se juntar ao Caboclo em um processo de restauração que inclui também as duas carroças. O presidente do IGHB, Joaci Góes, afirmou que o principal ganho é a preservação da história e disse que a maioria dos baianos desconhece a importância da data.“O 2 de Julho foi a consolidação da Independência do Brasil. Sem ele, teria havido um fracionamento do Brasil do mesmo modo que aconteceu com as colônias espanholas na América do Sul transformando-se em vários países. Então, foi a Bahia que permitiu que o Brasil tivesse hoje as dimensões que ele possui, e esse é o verdadeiro significado da importância desse momento”, afirmou GóesAlém da restauração do Pavilhão, haverá também uma requalificação do Largo da Lapinha. Dois projetos estão sendo avaliados e o objetivo é concluir tudo antes do bicentenário. A promotora de vendas Isabel Silva, 45 anos, participa da festa desde criança e disse que está animada.“Espero que façam um bom trabalho. Quando era menina, minha mãe levava minha irmã e eu para ver o desfile. Minha irmã desfilou até em banda de fanfarra. Depois disso, eu passei a levar meus filhos e espero um dia levar meus netos. Então, que esse memorial conte a história dessa festa tão linda”, disse.Os visitantes passarão por galerias, passarelas, escadas com estrutura de aço com piso e guarda-corpo em vidro, além de mezanino, pelos quais será possível ter visões privilegiadas dos carros alegóricos e caboclos, que serão as principais atrações do memorial. >
Maratona e shows A comemoração pelos 200 anos da Independência do Brasil na Bahia terá programação especial. Além da solenidade tradicional no 2 de Julho, haverá shows e uma maratona de Santo Amaro, no Recôncavo, para Salvador. Segundo o prefeito Bruno Reis, a expectativa é de que a programação seja divulgada até o mês de abril.>
"Estamos concebendo novos produtos, muito provavelmente vamos ter uma maratona que vai sair de Santo Amaro até Salvador, festejos e shows. A ideia também é atrair nessa data visitantes para nossa cidade”, afirmou.>
A chuva que atinge Salvador com mais intensidade nos meses de abril e maio preocupa os moradores da Lapinha que temem que a obra não fique pronta a tempo, mas o secretário municipal de Cultura e Turismo, Pedro Tourinho, está otimista.>
“A Independência é o momento em que o povo se une para lutar contra a opressão. É uma data cívica e cultural para a cidade, e vamos deixar tudo brilhando. Quando vi o prazo fiquei assustado, mas se tem uma coisa que essa prefeitura sabe fazer é obra, então, vai rolar”, brincou. E o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, completou: “Vai ser uma gincana”.>