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Pernambués: moradores param trânsito e pedem desbloqueio de rua

Depois de pneus queimados e 1h30 de engarrafamento, a Transalvador cedeu

  • Foto do(a) author(a) Jorge Gauthier
  • Jorge Gauthier

Publicado em 17 de abril de 2010 às 12:08

 - Atualizado há 2 anos

Sete blocos de concreto com mais de 300kg cada não foram suficientes para vencer a ira dos moradores de Pernambués. No início da noite de ontem, eles bloquearam os dois sentidos da Paralela, na altura do Hospital Sarah, para protestar contra a decisão da  Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Setin) de transformar a rua Thomaz Gonzaga em mão única a partir do final de linha do bairro. Depois de muitos pneus queimados e uma hora e meia de engarrafamento, a prefeitura cedeu e retirou os sete blocos que impediam os veículos vindos da Paralela de subirem em direção ao bairro. O primeiro embate foi na manhã de ontem, quando moradores enfurecidos retiraram, sem qualquer forma de proteção, os blocos postos pela prefeitura durante a madrugada.

PÓLVORANo final da tarde, a prefeitura recolocou os blocos e lançou a pólvora para estourar o segundo confronto. Por volta das 17h45, moradores resolveram interromper o trânsito na Paralela. O protesto, que reuniu cerca de 200 pessoas, provocou um engarrafamento que chegou ao aeroporto.

Manifestantes retiraram blocos colocados pela prefeitura para transformar rua em mão única

A polícia e os bombeiros, que chegaram ao local quase uma hora após o início da manifestação, nada puderam fazer para apagar o fogo e desbloquear a pista. O tráfego só foi liberado por volta das 19h30, quando um guincho da Transalvador foi ao local e retirou os sete blocos, sob os aplausos da população.

Na confusão, o motociclista Lindolfo da Silva Leal Neto, 33, que mora em Pernambués, foi preso e encaminhado para a 11ª Delegacia (Tancredo Neves) porque teria tentado furar o bloqueio. Por ironia, os agentes da Rondesp que efetuaram a prisão do motociclista, que trabalha como palhaço, seguiram para a delegacia no sentido da pista que estava interditado.

Além disso, um soldado da 1ª CIPM, que guiou a moto do morador, placaJRR7073, até a delegacia, dirigiu o veículo sem capacete. Lindolfo, segundo o delegado Adailton Adam, titular da 11ªDP, foi ouvido e liberado ainda pela manhã.

IMPASSEA alteração do tráfego de veículos aumenta a distância para os moradores do início da rua para a área de serviços do bairro.Quem mora na parte baixa de Pernambués, por exemplo, e precisa se deslocar para o posto de saúde terá que dirigir por 6 quilômetros.

Pela Thomaz Gonzaga, o percurso é de 900 metros. A mão única, segundo a Transalvador, tem início na rua Professor Edson Carneiro (final de linha) e vai até a saída da Paralela. Somente ficaria permitido a descida de carros.

Até os policiais da 1ª CIPM falaram que o policiamento da área ficará prejudicado, visto que as viaturas do batalhão que estiverem em operação na parte baixa do bairro não poderão subir mais a rua. A alternativa para encurtar o caminho seria a Avenida Hilda, que tem acesso antes do viaduto dos Rodoviários, mas a pista é íngreme, esburacada e sem iluminação.

LUTA Esquecendo que tinha sofrido um infarto há dois meses, o comerciante Ezequias  Schiramm, dono da BM, casa de material de construção, se juntou à força-tarefa dos  moradores para arrancar os blocos e liberar o trânsito.

“Com essa mudança de trânsito, meus clientes não vão mais subir para a minha loja. Ninguém vai fazer um retorno de 6 quilômetros para comprar alguma coisa”, diz o comerciante, que emprestou um caminhão da sua loja para ajudar a remover os blocos.

Os moradores montaram um esquema de guerra. O caminhão da casa de material de construção chegou a puxar um dos blocos para o meio da avenida. Depois de muito esforço, às 9h20, os moradores conseguiram retirar todos os blocos que impediam a subida de veículos. Ironicamente, um policial militar foi o primeiro a subir a rua depois da liberação, sob aplausos.

Mas a tensão não terminou. Um guincho da Transalvador foi levado para o local na intenção de recolocar os blocos na rua. O povo ficou indignado. “Quase 60 mil pessoas moram nessa região. Não podemos ter nossa principal via de acesso bloqueada”, bradava o presidente do conselho comunitário, Gilson Geno, que informou ainda que uma linha de ônibus que atendia os moradores da rua foi perdida.

O capitão Bruno Czékus, da 1ªCIPM, destacou que “o papel da polícia foi monitorar a área para evitar algo mais grave”, ao explicar a razão da polícia não coibir a ação.

ACUSAÇÃO Gilson Geno e os manifestantes acusaram duas rádios instaladas no bairro de terem feito pressão para mudar o fluxo de veículos da rua. Durante o protesto, os moradores gritavam palavras de ódio, principalmente contra o dono da rádio Metrópole, o ex-prefeito Mário Kertész.

O diretor geral da rádio, Chico Kertész, negou qualquer tipo de pedido. “A rádio não tem interesse em interferir no tráfego da rua. Esses comentários não têm procedência. Inclusive, procurei saber da Setin se havia algo relacionado ao nosso nome”.

Um dos diretores da rádio Tudo FM, Fábio Lima, enfatizou que “não tem nenhum pedido formalizado da radio para mexer no fluxo de veículos da região”.

Manifestação fecha a ParalelaA fumaça de pneus queimados deixou mais escura a noite na Paralela. Enquanto isso, no asfalto, as chamas iluminavam os quase 200 manifestantes que fecharam a avenida. O protesto começou às 17h45, quando moradores pegaram hastes de madeira, usadas pela própria prefeitura para cercar os blocos de concreto, para bloquear o trânsito.

Aos poucos, apareceram tábuas, um sofá, colchões, pneus e um galão de gasolina. Até a árvore de um canteiro da Paralela foi derrubada por crianças e adolescentes para alimentar o fogo. Às 18h30, a avenida estava parada nos dois sentidos.

Na tentativa de apaziguar os ânimos, policiais da Rondesp deram dois tiros para cima e foram respondidos com as vaias da população. Os bombeiros só chegaram ao local às 18h45, e foram recebidos por mais vaias. Apesar dos quase 30 policiais, eles nada puderam fazer. O fogo só pôde ser apagado às 19h30, depois que um guincho da Transalvador retirou os blocos da rua.

(Notícia publicada na edição do dia 17/04/2010 do CORREIO)Veja também: