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Larissa Almeida
Publicado em 23 de julho de 2025 às 06:00
As carnes bovinas com corte de primeira praticamente se tornaram artigo de luxo na mesa dos soteropolitanos. É que, de acordo com uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o alimento apresentou uma alta de preço de 18,8% entre junho de 2024 e junho deste ano, sendo este o terceiro produto da cesta básica que mais encareceu em Salvador. >
Júlio César Melo, presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado da Bahia (Sincar-BA), aponta que os cálculos da entidade divergem dos dados fornecidos pelo Dieese. “O preço da carne, hoje, está 12% mais barato em relação ao ano passado. Os pecuaristas, inclusive, têm matado menos boi porque não vende tudo, já que 30% da carne vem de fora com as grandes empresas e acabamos por produzir 70% da que consumimos. A arroba do nosso boi custa R$ 280, mas já custou R$ 320”, afirma. >
Ele admitiu a possibilidade de que os preços dos mercados não estejam refletindo a realidade da indústria, mas disse que a carne, no varejo, está abaixo de R$ 40 e em queda. Contudo, essa não é a percepção dos dirigentes de açougues de Salvador e de consumidores, que constataram o aumento nos custos cobrados aos clientes nos últimos 12 meses. >
Carne bovina apresenta alta nos açougues de Salvador
“Tudo tem aumentado, principalmente a carne, que não pode faltar na mesa. Eu costumo comprar a mesma carne, seja um bife ou um chã de dentro, então não substituo a carne de primeira. Mas, para isso, tenho que viver com o orçamento apertado”, relata a ex-servidora pública Iolanda Santos de Almeida, 71 anos. >
Geilândio Domingos, gerente do açougue Beef, conta que as carnes bovinas ficaram, sim, mais caras no último ano. “Encareceu por conta das tarifas que vieram de cima e não teve como manter o padrão nem permanecer com o preço de antes. Parte disso se deve à ração dada aos bois. Muitas perderam qualidade com as chuvas, ficando afogadas, o que fez os pecuaristas comprarem mais, elevando os custos de produção”, explica. >
No açougue Atacadão 1000 Carnes, que fica no Politeama, o aumento de preço nos cortes bovinos foi observado pelo gerente Fábio, que calculou um incremento de 18% na média de valores dos cortes bovinos em comparação ao ano passado. Ele atribui a alta ao preço da arroba do boi. >
“Observamos que está havendo algumas variações de acordo com a arroba do boi. Sobretudo neste ano, de janeiro até então, aumentou. Temos alguns fornecedores que repassam os valores de acordo com a arroba, e somos obrigados a aumentar. Além disso, tem algumas variações de custo, como aumento de salário, que impactam o preço final”, afirma Fábio Oliveira, gerente do estabelecimento. >