Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Professor da Ufba lança livro com fotografias de crianças do MST nesta quarta-feira (17)

Rodrigo Rossoni acompanhou comunidade por 20 anos

  • D
  • Da Redação

Publicado em 16 de março de 2021 às 11:28

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação
. por Foto: Lucas Rocha/Divulgação

Por mais de 20 anos, o fotógrafo e professor Rodrigo Rossonni acompanhou de perto a vida na comunidade de Piranema, assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que fica no município de Fundão, no Espírito Santo. Agora, o resultado desse trabalho poderá ser conferido no livro Olhares Comprometidos - Fotografia e Identidades no MST, que será lançado nesta quarta-feira (17), às 20h. “Hoje tenho 44 anos e concluo que praticamente metade da minha vida foi dedicada a esse trabalho, que tem um significado enorme pra mim. Toda a minha história acadêmica e de vida é perpassada pelas experiências que vivi em Piranema, pelos encontros que tive, pelo crescimento e aprendizado”, diz Rossoni, que é professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenador do Labfoto. O lançamento será através de uma live no canal da Edufba, editora responsável pela publicação, no YouTube. Também participam da live a professora Moema Rebouças, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e os professores Atílio Avancini e Wagner Souza e Silva, ambos da Universidade de São Paulo. 

O projeto começou em 1997, quando Rossoni cursava a graduação em Jornalismo pela Ufes. Na época, ele fez fotos de crianças ainda no acampamento sob lonas pretas. Nas reportagens, tentava abordar a infância excluída de direitos básicos, como o trabalho infantil, nas ruas, na  ausência de escolas ou, na situação em questão, da falta da terra e da moradia.

No entanto, ele decidiu interromper o trabalho depois dessa primeira fase. “Eu decidi parar de fotografar quando percebi que o trabalho que eu tinha feito não mudaria em nada a vida daquelas pessoas. Eu é quem estava em destaque, e não eles ou a causa”, explica.

Foi a partir desse incômodo, porém, que ele decidiu desenvolver outro projeto em Piranema, durante o mestrado em Educação na Ufes.“Eu percebi que, neste primeiro momento, fotografei as crianças no acampamento com um olhar estrangeiro. O que eu sabia sobre eles? Repeti fórmulas desgastadas, que entendo hoje como um importante registro histórico, mas que não iam além. Queria permiti-los estar em outro papel: no lugar de protagonistas”, diz. Em 2003, as famílias já tinham sido assentadas e, assim, Rossoni apresentou a proposta de promover oficinas de fotografia com as crianças, com o objetivo de estimulá-las a registrar o próprio cotidiano, compartilhando técnicas, saberes e experiências.

Por oito meses, 34 meninos e meninas com idades entre seis e 11 anos – as mesmas que foram fotografadas em 1997 - fizeram parte do projeto, participando ativamente de cada fase. 

“Juntos, trabalhamos o processo de formação da imagem, a câmera escura, a fotografia com pinhole – máquina artesanal construída a partir de latas de leite ou outros materiais -, a revelação do filme fotográfico, a ampliação da imagem e a produção fotográfica com câmeras munidas de filmes coloridos”, conta. Ao final, a produção das crianças chegou a 1.188 fotos da rotina do assentamento. 

[[galeria]]

“Muitas apresentavam uma recorrência estética da vibrante corterra nas paredes das casas, no piso, no teto e nos próprios corpos, que é bem significativa, no contexto da conquista que o assentamento representa. Há também muitos elementos que ‘falam’ dessa trajetória, como foto de camas arrumadas com almofadas e urso de pelúcia, imagens do trabalho na terra e da produção, retratos de familiares e colegas. Tudo livremente escolhido por cada criança”, completa. 

Já a terceira fase do trabalho, que aconteceu em 2017, contou com smartphones. Em seu projeto de pós-doutorado na Universidade de São Paulo, o professor decidiu investigar a realação desses jovens adultos - as crianças nas duas fases anteriores - com as novas tecnologias e a fotografia. “Tive o desejo de reencontrar os amigos, conhecer suas trajetórias e suas novas realidades tecnológicas. A fotografia, mais uma vez, foi a norteadora desse processo de interação e de pesquisa. Entretanto, com uma diferença básica: o objetivo não era documentar a comunidade, nem organizar novas oficinas de fotografia, mas conhecer o processo de produção fotográfica que, espontaneamente, já acontecia no interior do assentamento a partir da inserção das tecnologias digitais e o uso de smartphones”, diz. Em 2017, houve uma exposição onde os jovens puderam ver as fotografias tiradas nos outros anos do projeto (Foto: Rodrigo Rossomni/Divulgação) Serviço Livro: Olhares comprometidos: fotografia e identidades no MST Autor(a): Rodrigo Rossoni Ano: 2021 Editora: Edufba Valor: R$ 85,00 175 páginas Como adquirir: www.olharescomprometidos.com