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Laura Fernades
Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 08:50
- Atualizado há 2 anos
Enquanto contava ao CORREIO que o show que o cantor Roberto Carlos, 73 anos, fez na Arena Fonte Nova, no sábado, era o sexto que via no ano e o 121º no total, a funcionária pública paulista Egli Faria, 59, interrompeu a entrevista. “Olha quem está ali!”, entusiasmou-se. “Maurício! Maurício!”, chamava, enquanto andava em direção ao responsável pelo camarim do Rei há 23 anos: Maurício Contreiras, 41. Roberto Carlos se apresentou com o famoso terno branco e a camisa azul. O Rei abriu a apresentação no estádio com a música Emoções (Foto: Betto Jr)“Oi, meus amores!”, sorria receptivo o integrante da equipe RC responsável por garantir o tapete azul e as paredes brancas no camarim do Rei. De repente, ao seu redor, no gramado em frente ao palco, formou-se um grupo de velhos conhecidos.>
Ou melhor, de fãs que ele já ajudou a tirar fotos com o Rei nos inúmeros shows que fez em mais de 50 anos de carreira. Beijos, abraços e pedidos para levar presentes para o ídolo aconteciam entre um flash e outro. “Tenho muitos amigos”, riu Maurício. Adalgisa Pereira e Egli Faria se conheceram no cruzeiro Emoções em Alto Mar e foram juntas ao show(Foto: Betto Jr)Na fila para a foto estava o estudante baiano Vinicius Azevedo, 17. Aquele era seu segundo show de Roberto Carlos (“ainda”). O primeiro foi em 2011, na Concha Acústica, quando o cantor também se apresentou no Teatro Castro Alves. Vinicius estava acompanhado de Egli, que está hospedada na casa de uma amiga em comum, famosa em Salvador: a promotora de vendas Adalgisa Pereira, 56.>
Sim, ela mesma: Adalgisa, a fã que tem um quarto todo decorado com relíquias do Rei: fotos, recortes de jornal, discos e outros itens que coleciona desde os 10 anos. A mesma admiradora que, todo ano, canta parabéns para o ídolo no dia 19 de abril – com direito a bolo e sorvete de chocolate, frango grelhado e champanhe, “cardápio preferido dele” –. Ela jura que o marido não tem ciúmes.>
Adalgisa, Egli e Vinicius se conheceram em outros shows do Rei e viraram amigos. No sábado, estavam juntos na primeira fila, devidamente vestidos de azul e branco, as cores preferidas do cantor.O fã Vinicius Azevedo abraça o produtor Maurício Contreiras(Foto: Betto Jr)Mas, como os detalhes tão pequenos são importantes, Adalgisa destacou-se com as unhas pintadas de azul e intercaladas com a foto (colada na unha) que tirou com o Rei no camarim do cruzeiro Emoções em Alto Mar, que participou com Egli, em fevereiro desse ano.>
“Roberto merece tudo isso que a gente faz por ele, todo esse mimo. Ele é o ícone da música popular brasileira”, elogiou Adalgisa, que já perdeu as contas de quantas vezes assistiu shows do Rei. “Pode parecer clichê mas, para quem é fã, a cada show é uma emoção diferente”, justificou Vinicius.>
Há 23 anos convivendo nessa atmosfera, Maurício garante que “é um ambiente especial, porque as pessoas estão felizes”. “Você sente um pouco dessa energia. Faço parte dessa história e isso é muito especial para mim”, completou sorrindo.>
Cara conhecido >
Marcada para 21h30, a apresentação de Roberto Carlos na Fonte Nova teve início às 22h e durou quase duas horas. O show – apresentado na turnê pelo Equador, México, Canadá e Estados Unidos – foi visto por 40 mil pessoas, segundo a produção.>
Guiado pelo maestro Eduardo Lages, um pot-pourri instrumental abriu a noite. Trechos de músicas como É Preciso Saber Viver e Como É Grande o Meu Amor por Você fizeram parte da trilha de entrada do cara mais aguardado da noite. Vestido de terno branco e blusa azul, o Rei começou com Emoções.>
“Que prazer rever vocês. Gostaria de dizer muitas coisas no início do show, mas prefiro dizer cantando tudo o que sinto por vocês”, disse o Rei, antes de emendar a canção Eu Te Amo. A frase para o público se repetiu no final, quando ele escolheu novamente Como É Grande o Meu Amor por Você.Gabriel Silva tira foto ao lado de fã e veste roupa semelhante a do Rei(Foto: Betto Jr)Mas, antes disso, cantou sucessos como Além do Horizonte, Outra Vez, Nossa Senhora, O Calhambeque e Negro Gato. Tocou violão em Detalhes, declarou “o amor cada vez maior por minha mãe”, em Lady Laura, e interpretou Aquarela do Brasil.>
Frases conhecidas não ficaram de fora: “Vou cantar uma música sobre um cara que toda mulher gostaria de ter. Um cara que todo homem gostaria de ser. Um cara que eu tento ser”, disse antes do hit Esse Cara Sou Eu.>
Não faltou também a conhecida explicação sobre quando e porque decidiu falar sobre sexo em suas composições. “Sexo e amor são coisas que andam juntas. Mas naquela época não se falava sobre isso. O que vão pensar de mim? Aí disse: Quer saber? Não vou deixar de dizer o que sinto”, Então, começou a cantar Proposta.Sempre ouvi Roberto Carlos através do rádio. Ele é um exemplo de artista para mim Gabriel Silva, 59 anos, radialista e sósia de Roberto CarNo final, Roberto Carlos declarou: “Eu amo vocês!”. Jogou as aguardadas rosas vermelhas e brancas para as ansiosas fãs que aguardavam na beira do palco. Tudo isso ao som de Jesus Cristo, em um instrumental de cerca de dez minutos. Tudo conforme o esperado. Mas, como garantiu a advogada Tânia Bahia, 40, que assistiu tudo bem perto do palco, “sempre soa como se fossem novas emoções”.>
Estrutura >
A Fonte Nova foi elogiada como espaço de espetáculos pela empresa DC SET. Responsável por produzir os shows de Roberto Carlos, ela tem no currículo a realização de grandes shows no Brasil de nomes como Michael Jackson (1958-2009) e Luciano Pavarotti (1935-2007), além de produzir peças da Broadway. Para montar o show na Bahia, fez parceria com a iContent.>
“Produzimos espetáculos no Brasil inteiro e vou te dizer que a Fonte Nova deve ser a primeira ou está entre as três melhores arenas para se fazer espetáculo no Brasil. Essa ferradura ajuda a montar todas as estruturas de palco fora do gramado e, no restante das áreas, as acústicas são todas perfeitas. Com certeza aqui é um local pronto pra receber qualquer tipo de espetáculo”, elogiou o diretor da DC SET, Cicão Chies, 55.>
Sósia de Roberto Carlos faz sucesso entre os fãs do Rei>
Eis que Roberto Carlos surge no meio do gramado da Fonte Nova. Terno branco, blusa azul e pinta de Rei. “Ele é o cara!”, apontou uma desconhecida que pediu licença para tirar uma foto com o “cantor”. Não fosse o riso da moça, que estava se divertindo com a brincadeira, o radialista Gabriel Silva, 59 anos, poderia mesmo ser confundido com o Rei.>
“Isso aí, bicho! Obrigado”, respondeu o sósia de Roberto Carlos, sem entender o que o administrador equatoriano Jorge Padilla, 50, estava dizendo ao seu lado. “Ele disse que sua fantasia é perfeita e pediu para tirar uma foto com você”, ajudou a repórter.>
“Ah, claro!” respondeu Gabriel, que registrou o momento com Jorge e a esposa dele, a engenheira Maria José, 30. “Ele está perfeito. Os sapatos brancos e até o cabelo parecido – quase careca”, riu o equatoriano que mora em Salvador há quatro anos com a mulher. >
Era a primeira vez que os dois assistiam a um show do Rei. “No Equador, Roberto Carlos é mais conhecido que a moqueca na Bahia”, disse Jorge, bem-humorado.>
Enquanto isso, Gabriel Silva não parava de tirar fotos com fãs do cantor, que ele imita há cinco anos. O radialista relembrou que ouvia Roberto Carlos desde pequeno pelo rádio. Ele comprou o ingresso assim que foi colocado à venda. >
Escolheu a cadeira azul, G39, bem perto do palco. Estava ansioso para ouvir Emoções e Detalhes, as músicas preferidas. Morador da cidade de Rio Real (a 210 km de Salvador), o sósia do ídolo já tinha sido entrevistado pelo CORREIO em 2011, ano em que assistiu ao Rei na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.>
Mas a emoção do estádio é diferente. Faziam décadas desde que viu o cantor na Fonte Nova pela primeira vez, nos anos 1980. Gabriel estava de volta e resumiu o show: “Muita emoção mesmo”.>