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Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2022 às 21:42
- Atualizado há 2 anos
Depois de trabalhar durante o dia, o técnico de telecomunicações Lucas Vitório Santa, 25 anos, foi visitar a namorada no condomínio Mata Atlântica 1, na região do Vale dos Lagos, na noite de sábado (11). Samara Mota, 26, jogou a chave do apartamento pela janela para que o rapaz pudesse abrir o portão, mas ele resolveu aproveitar que um casal saía do prédio para entrar no local. Lucas foi, então, abordado por um morador que, exaltado, chegou a pular o portão após sair, agrediu o rapaz e ainda sacou uma arma. >
A vítima conta que, quando entrou no condomínio, foi questionado pelo morador para qual apartamento ele estava indo. Como Lucas Vitório estava portando a chave da casa da namorada, disse apenas que estava indo visitá-la. Foi aí que o homem começou a se irritar, como mostra a filmagem da câmera de segurança do prédio. >
“A primeira coisa que passou na minha cabeça foi não ter entendido por que estava passando por aquilo. Eu frequento aqui tem dois anos e nunca tinha passado por isso, foi uma situação muito difícil. Eu estava extremamente cansado porque tinha passado o dia inteiro trabalhando”, conta Lucas.>
Depois que Lucas não informou o número do apartamento, o homem pulou as grades do portão e partiu para cima da vítima, que foi agredida duas vezes. O morador também sacou uma arma e apontou para Lucas. O rapaz conta que teve medo de morrer. “O machucado maior é por dentro. É uma mistura de raiva, ódio e sentimento de impotência. Eu podia ter morrido por causa de uma besteira, por causa de uma ignorância”, desabafa o rapaz. O casal está abalado e teme represálias do vizinho, que, segundo eles, é policial. Depois que teve a arma apontada para si, Lucas Vitório disse qual era o apartamento da namorada. A mulher que acompanhava o agressor então interfonou para Samara e pediu para ela descer. >
“Eu procurei ficar o mais calmo possível. Não demonstrei agressividade em nenhum momento. O tempo todo ele falou algo e foi agressivo, eu só falava que não tinha que dar explicações a ele”, relembra Lucas. >
Mesmo depois da explicação do casal, o homem continuou hostilizando Lucas e não pediu desculpas, segundo a vítima. “Mesmo depois que ela desceu, ele continuou falando e me hostilizando. Quando outro morador chegou no prédio, ele ficou falando de mim como se eu fosse um marginal. Disse que eu não sabia quem ele era, em tom de ameaça”, conta. >
Lucas Vitório e Samara foram até a 10ª Delegacia (Pau da Lima), onde registraram uma ocorrência. A reportagem procurou a Polícia Civil para obter mais informações sobre o caso, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. >
Samara entrou em contato com a síndica duas vezes na noite de sábado (11). A moradora queria que a agressão fosse oficializada em uma ata do condomínio, mas a responsável pelo prédio se negou. A reportagem tentou entrar em contato com a síndica, que não respondeu. “Quando eu expliquei para a síndica que meu namorado não quis falar qual era o apartamento, ela disse que ele deveria ter dito para evitar problemas. Mas ele não é obrigado a dizer para onde vai ou não, ele é livre e não estava fazendo nada de errado”, afirma Samara. O casal acredita que Lucas Vitório tenha sido vítima de racismo. “Talvez se fosse uma pessoa branca, bem arrumada e que não tivesse passado o dia inteiro no trabalho, ele não teria tomado essa atitude”, afirma Lucas. A reportagem tentou entrar em contato com o morador do prédio, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. >
“Eu estou muito chocada e estressada com isso tudo. Ninguém merece passar por isso, ainda mais ele que é uma pessoa tranquila e estava voltando do trabalho. Ele veio para cá aproveitar o final de semana comigo, mas foi tudo por água a baixo”, desabafa Samara.>