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'Tô longe porque quero levar Salvador para o mundo', diz Baco

Baco Exu do Blues e Rumpilezz encerraram abertura do Festival da Primavera

  • Foto do(a) author(a) Alexandre Lyrio
  • Alexandre Lyrio

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 23:40

 - Atualizado há 2 anos

Baco e o maestro Letieres Leite: noite de música negra (Foto: Tiago Caldas/CORREIO) Quantas primaveras precisaremos esperar para ver outro show de Baco Exu do Blues em Salvador? Era o que se perguntavam os fãs do rapper antes mesmo de ele se apresentar ontem no Porto Salvador Eventos, na Avenida da França. Sem papas na língua, Baco escolheu o Festival da Primavera para responder as críticas de que vive longe da sua terra.

“Eu não tô longe de Salvador porque eu quero estar longe. Eu tô longe de Salvador porque eu quero levar Salvador para o mundo. Eu amo vocês”, largou Baco, logo depois de abrir a apresentação com um vídeo que exaltava dezenas de grandes figuras negras como Mãe Stella, Zumbi dos Palmares e Malcom X.

O breve discurso foi seguido por músicas como BB King e Queima Minha Pele, cantadas em coro por um público essencialmente jovem, que sai em defesa de Baco na treta com a cena hip-hop local, que parece não acolher o premiado rapper. No show, ele mesclou os aclamados discos Esú e Bluesman (o videoclipe da música título levou o Gran Prix do festival Cannes Lions na categoria curta-metragem). Mesmo assim, Baco continua alvo de críticas de rappers locais. 

“Esse pessoal já gosta de uma treta. Tanto que brigam até entre si. Baco é o único que tem coragem de ser autêntico, de criticar o racismo e a homofobia. E o que é Salvador senão isso? Como dizer que ele tá longe de Salvador se   levanta esses temas?”, perguntam os estudantes Anderson Luiz dos Santos, 19, e Wesley dos Santos, 20. Baco rebateu críticas: 'Quero levar Salvador para o mundo' (Foto: Tiago Caldas/CORREIO) O serigrafista Beto Bispo, de 37 anos, diz que sente a falta de Baco, mas não o critica: “O som do cara é bom! Esse é o corre dele. Vai ficar estagnado aqui? Mas, claro, a gente sente falta dele na cena local”. A dois metros dali, alguém solta a crítica irônica. “Som de boy! A banda dele só tem branco! Tem gente muito melhor que ele na cena local e que não teve a oportunidade”, disse um rapaz que estava na plateia e se identificou como Polho Marley. “Só tô aqui porque vim trazer meu filho e minha mulher, que gostam dele”, admitiu.   Porto Salvador Eventos ficou cheio (Foto: Tiago Caldas/CORREIO) O fato é que Baco, conhecido por encher casas de shows e esgotar ingressos por onde passa, encheu o espaço  às margens da Baía de Todos os Santos, em uma tarde que teve também a Orkestra Rumpilezz e a dançarina Lorena Improta. No show de Baco, muita gente ficou  no meio da rua, em plena Avenida França, só para ficar mais perto do palco.

Na verdade, a primeira aparição de Baco ontem se deu no final do show da Rumpilezz, quando ele fez uma participação cantando justamente Esú. Maior delírio do público só quando ele cantou Te Amo Desgraça, repetida em coro pela multidão.    

Diálogo

Aliás, os shows de Baco e da Rumpillez claramente dialogaram entre si. Antes do rapper, Letieres Leite e seus músicos incríveis apresentaram o Baile Rumpilezz Black. 

A orquestra fez releituras, por exemplo, de sucessos como Maria Fumaça e Metalurgia, da famosa banda Black Rio, o tempo todo exibida no telão entre fotos do movimento black carioca. 

Mas, diante da versatilidade e virtuosidade da Orkestra Rumpilezz, até Baião, de Luiz Gonzaga, e Casa Forte, de Edu Lobo, ganharam releituras blacks. 

“A ideia aqui é transformar tudo em black music brasileira”, explicou o maestro Letieres Leite, que aproveitou o Festival da Primavera para colocar no palco músicos recém formados na Rumpilezzinho, que revela novos talentos da música. “Muito orgulho dessa moçada que vem aí”, disse Leite.  

Objetivo é chamar todos para o Centro     O Centro da cidade é visto pela prefeitura como um dos espaços com maior potencial para eventos de entretenimento da capital baiana. Por isso, esse ano, a Praça da Inglaterra, o Terminal da França e o Porto Salvador Eventos estão entre as locações do Festival da Primavera, que é o ponto inicial de um projeto maior da prefeitura, o Vem Pro Centro.

Neste domingo, o Porto Salvador recebeu os principais shows. Mas também teve atrações como jogos de tabuleiro, pista de kart, ciclovia para os pequenos, rampas de skate, exposição de carros e  uma Feira Criativa com diversas opções de produtos e comidas também. 

“O Porto Salvador é muito interessante, de frente para o mar, com um por do sol incrível. Mas também tivemos shows na Praça da Inglaterra. Até a rua, como fica vazia no domingo, colocamos kart e automodelismo. A ideia é, aos poucos, ir mostrando para a população esse potencial do Centro”, ponderou o presidente da Empresa Salvador Turismo, Isaac Edington, que disse tentar atingir todo tipo de público.

As atrações musicais, aliás, foram escolhidas a partir dessa premissa.  “O Festival da Primavera é legal porque ao longo do dia o público vai se modificando e ao mesmo tempo se misturando. Você vê adulto, criança, cachorro e carrinho de bebê”, listou Isaac. “Começou com a criançada de Lore e terminou com o publico rapper de Baco. Atingimos nosso objetivo”, confirmou. 

Lore Improta fez show para a criançada

Mais do que nunca, o público info-juvenil foi incluído no Festival da Primavera. Além de recreação, oficina de pintura e mini circuito de bike, a dançarina (e agora cantora) Lorena Improta fez a festa não só da criançada, mas de famílias inteiras. “É um festival para papais, mamães e agora também para as crianças”, comemorou. 

Com um repertório infantil, Lore foi alvo de elogios.  “Acho muito interessante o trabalho dela voltado para esse público. As letras são bem legais e não têm apelo sexual. Minha filha adora! Ela tem uma energia incrível”, disse a auxiliar administrativa Carine Batista Tavares, 38 anos, mãe de Clara, 6 anos.  A menina ainda conseguiu fazer uma foto com a dançarina antes de ela subir no palco. “Meu sonho era conhecer Lore. Fiquei muito emocionada e até chorei”, admitiu Clara. 

Ainda mais novinha, Esther, de 3 anos, teve a ajuda da reportagem do CORREIO para fazer uma foto com a dançarina no final do show, quando uma pequena multidão se aproximou da van que iria transportar Lorena. A mãe de Esther, Marycarla dos Santos, 32 anos, ficou mais emocionada que a filha: “Lore é fantástica! Ela sabe separar o trabalho adulto do infantil. É uma música ideal para a idade dela e ainda é dançante”. Lorena Improta ainda anunciou que, no mês das crianças, vai fazer uma série de shows para esse público: “Se liguem, galera. Vai ser um mês super especial”.