Segmentos mais procurados no São João devem faturar R$ 2 bi

Maior faturamento em 12 anos

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  • Maysa Polcri

Publicado em 29 de junho de 2023 às 10:49

A empresária Thais Brito projeta um faturamento 40% maior em junho
A empresária Thais Brito projeta um faturamento 40% maior em junho Crédito: Paula Froes

Quem é comerciante sabe que datas comemorativas representam a expectativa de aumento do lucro e, com o São João, não poderia ser diferente. O comércio projeta o maior faturamento em 12 anos na Bahia para o período e as vendas devem alcançar o patamar de R$2 bilhões. O comércio aquecido por conta dos festejos estimula uma engrenagem que movimenta diferentes setores econômicos que vão desde alimentação a procedimentos estéticos. Por isso, há expectativa de até 40% de incremento das vendas em alguns segmentos.

O entra e sai na loja de Thais Brito e as roupas xadrez expostas na vitrine dão o recado: está mais do que na hora de pular fogueira. Desde que começou no comércio de vestimentas, há 11 anos, a empresária sente na pele o impulso nas vendas motivado por quem vai viajar ou se planeja para curtir as festas juninas em Salvador. O São João é um dos três períodos em que Thais mais atrai a clientela na loja em um shopping em Itaigara. O Moviemnto só perde para o do Natal e Dia das Mães.

“Minhas vendas aumentam em torno de 40% nesse período. Eu invisto muito na divulgação nas redes sociais a partir da curadoria do público”, conta Thais. Com mais de 30 mil seguidores no perfil da loja que leva o seu nome, a empresária aposta nas trends do momento e é a modelo da marca. Só o segmento de vestuário deve ter faturamento de R$758 milhões na Bahia neste mês, com aumento de 2,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

A projeção é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo da Bahia (Fecomércio-BA), que estima o faturamento recorde no estado desde 2011, quando a série histórica foi iniciada. A retomada gradual dos setores econômicos no pós-pandemia é o que explica a projeção positiva, de acordo com o consultor da Fecomércio Guilherme Dietze.

“Os consumidores estão numa condição econômica mais favorável do que há um ano, o mercado de trabalho está mais aquecido e a inflação aperta menos”, pontua. A junção de fatores contribui para o crescimento do poder de compra e as idas mais frequentes ao comércio. O setor que mais deve ganhar é o de alimentação, com os supermercados faturando R$1,2 bilhões - mais da metade do que é esperado para todos os segmentos juntos.

(CASA DE BOLOS)

Além de boa comida, toda festa junina que se preze tem que ter música de qualidade para garantir a animação. Se for ao vivo, melhor ainda, já que ganham os convidados e os artistas. Todo mês de junho, Val Rios deixa o estúdio onde atua como produtor musical e tira a sanfona do armário para se apresentar com o trio Forró do Dendê. A procura é tamanha que a banda não dá conta de atender todos os pedidos de contratação. Os shows ficam ainda mais frequentes na semana da festa.

Trio Forró Dendê
Trio Forró Dendê Crédito: Divulgação

“Entre sexta-feira e domingo nós fizemos 10 shows, sendo quatro em um dia só. Quando chega a semana do São João a gente começa a ser ainda mais requisitado e, até agora, só temos um dia da semana livre”, diz. Ciente que a condição econômica de todos ainda sofre com os reflexos da pandemia, Val Rios garante: o preço dos shows é negociável. A média, no entanto, é de R$2,5 mil por apresentação.

A tradição do São João no estado é tão enraizada que até os setores mais inusitados são impactados pelos preparativos juninos. Na clínica estética Harmô, localizada no Caminho das Árvores, a procura por botox e preenchimentos cresce 10% na primeira quinzena de junho, em comparação com o mês seguinte.

“A gente recebe muitas pessoas que se preparam para as festas de São João. Isso ficou muito claro em 2020 e em 2021, quando as festas não acontecem por causa da pandemia e não vimos aumento na procura”, pontua a Heliana Santiago. Além de empresária à frente da clínica, ela é dentista e realiza alguns dos procedimentos estéticos.

Associação projeta venda de fogos de artifício 30% maior

Mesmo com as festas de São João liberadas pelas autoridades sanitárias no ano passado, o desempenho dos comerciantes de fogos de artifício não foi como o esperado para o período. Menos tempo de planejamento diante das incertezas da realização dos eventos e a dificuldade em encontrar algumas matérias primas, como o papelão, refletiram no negócio, que volta, neste ano, com todo o vapor. A Associação dos Comerciantes de Fogos de Artifício de Salvador (Aconfarte) prevê aumento de 30% nas vendas em comparação com o São João do ano passado.

Para atender a procura, dez barracas estão montadas na Avenida Paralela, três a mais do que no ano passado. “No ano passado nosso planejamento foi muito prejudicado porque a pandemia dificultou o acesso a vários tipos de produto. Agora está tudo estabilizado e a gente está com boas expectativas para essa semana”, diz Paulo Andrade, presidente da Aconfarte.

Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, este São João marcará a retomada definitiva dos setores ligados à festa após os períodos mais duros da pandemia. “É um momento de consolidação da economia baiana no setor de serviços e o início de um novo patamar por conta das melhores condições econômicas”, ressalta Guilherme Dietze.

*Com orientação de Monique Lôbo.

O projeto São João em todo canto é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Via Bahia e apoio da Larco Petróleo.

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