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Portal Edicase
Publicado em 18 de julho de 2025 às 12:35
A deficiência de ferro — mais conhecida, em sua forma avançada, como anemia ferropriva — é uma condição que afeta cerca de 30% das mulheres brasileiras, de acordo com a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 2022. Informações do Departamento de Informação e Informática do SUS (DataSUS) mostram que, de janeiro a maio deste ano, 6.602 internações foram causadas por esse quadro em todo o país, sendo mais prevalente no sexo feminino e em idosos, que correspondem a 52% dos afetados por faixa etária. >
Embora associada comumente à fadiga e à palidez, os impactos da anemia por deficiência de ferro vão muito além. A endocrinologista Dalva Gomes, do laboratório Bronstein, da Dasa, afirma que a falta desse mineral essencial pode ter implicações profundas e surpreendentes em diversos sistemas do corpo. >
“Os sintomas clássicos são, muitas vezes, inespecíficos e podem estar associados a outras doenças. Mas, no geral, os pacientes relatam cansaço ; problemas de concentração e memória; baixa produtividade; palidez cutânea e das mucosas; unhas quebradiças e esbranquiçadas; falta de ar e tontura”, detalha a médica. >
A hematologista Monique Morgado, do laboratório Sérgio Franco, também da Dasa, explica o que acontece no corpo quando há anemia: “Há baixa concentração de hemoglobina no sangue, proteína presente nos glóbulos vermelhos que transporta o oxigênio pelo corpo. Quando falta ferro, há menor oxigenação de tecidos e órgãos, causando os sintomas”, comenta a especialista. >
Segundo as médicas, a anemia causa impactos na saúde que vão além dos sintomas mais comuns. Confira! >
O ferro é importante na produção de neurotransmissores e no transporte de oxigênio para o cérebro. Sua deficiência pode causar impacto neurológico e cognitivo, caracterizado por raciocínio lento. Em crianças, pode afetar o desenvolvimento cognitivo de maneira mais grave . >
Muitas pessoas que sofrem de deficiência de ferro relatam ter a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), uma condição neurológica que causa a necessidade incontrolável de mover as pernas, especialmente durante o repouso. Entre as consequências, o sintoma pode levar a distúrbios do sono. >
De acordo com endocrinologista Dalva Gomes, a fadiga extrema e a dificuldade de concentração causadas pela deficiência de ferro podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de sintomas de depressão e ansiedade, impactando diretamente o bem-estar psicológico. >
A anemia e os problemas musculares estão intimamente relacionados, e essa conexão vai muito além da simples sensação de cansaço. A doença afeta a capacidade do sangue de transportar oxigênio para os músculos, que ficam sem energia para realizar tarefas básicas, como reparação celular e contração. >
Além disso, os músculos podem recorrer a vias de produção de energia anaeróbicas , que resultam no acúmulo de ácido lático, que pode causar dores e câimbras. Todos esses sintomas podem ocasionar a diminuição da realização de atividades físicas e, consequentemente, a perda progressiva de massa e força muscular, conhecida como sarcopenia e mais comum em idosos. >
Mesmo em atividades de baixo impacto, a deficiência de ferro pode causar dispneia (falta de ar) por causa da menor quantidade de oxigênio disponível nos pulmões e nos tecidos. Segundo a cardiologista Fernanda Erthal, da CDPI (Clínica de Diagnóstico por Imagem), para compensar a falta de oxigênio, o coração precisa trabalhar mais, bombeando o sangue de forma mais rápida e forte. >
“Isso pode levar a cansaço, falta de ar e palpitações. Se a anemia não for tratada, esse esforço extra pode sobrecarregar o coração e prejudicar o funcionamento do sistema circulatório, aumentando o risco de problemas, como insuficiência cardíaca. Por isso, é importante identificar e tratar a anemia o quanto antes, para proteger o coração e a saúde em geral”, explica. >
A deficiência de ferro é uma condição silenciosa que pode comprometer a qualidade de vida. Por isso, ela necessita de orientação médica para diagnóstico e tratamento adequados. “Simples mudanças na dieta ou suplementação podem fazer a diferença. Porém, em condições mais específicas, a decisão de prescrever a terapia por infusão — que entrega doses mais elevadas de ferro à corrente sanguínea de maneira direta e imediata — é individualizada e baseada na avaliação clínica do paciente e nos resultados de exames laboratoriais”, orienta Dalva Gomes. >
A administração de ferro por infusão é indicada, principalmente, para pacientes com resposta inadequada ao tratamento oral por diversas razões — como ineficácia do suplemento, má absorção do mineral por causa de doenças inflamatórias intestinais, cirurgias bariátricas ou problemas gástricos e doença renal crônica — ou pela necessidade de reposição rápida. >
Por Rachel Lopes >
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