Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Yan Inácio
Publicado em 22 de julho de 2025 às 05:00
A cantora e empresária Preta Gil morreu aos 50 anos neste domingo (20), após complicações causadas por um câncer colorretal, diagnosticado em janeiro de 2023. O tumor atinge as partes finais do tubo gastrointestinal, principalmente o cólon (intestino grosso) e o reto. É o terceiro câncer mais comum entre os brasileiros, atrás apenas do câncer de pele e o de mama, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). >
Na Bahia, de janeiro a maio deste ano, uma média de 27 pessoas morreu por mês em decorrência do câncer colorretal, segundo o DataSUS. Nesse recorte, pessoas negras (pretos e pardos) representaram 91% das mortes em decorrência do câncer no estado. Pessoas com idades entre 60 e 69 anos foram a maioria dos mortos (30%). Os dados também apontam que as mortes causadas pela doença cresceram 20% nos cinco primeiros meses do ano entre 2021 e 2025, subindo de 114 para 137 óbitos. As mulheres tiveram a maior ocorrência de mortes nesse período: comparando os últimos cinco anos, 52,5% delas morreram por conta da doença, contra 47,5% dos óbitos entre os homens. >
Alguns sintomas iniciais, que podem ser confundidos com complicações mais simples, podem ser pistas para um diagnóstico precoce. Sangue nas fezes, perda de peso repentina, alteração de ritmo intestinal, diarreia, prisão de ventre e anemia ferropriva são sinais de alarme, segundo a médica coloproctologista Glícia Abreu. Preta Gil, inclusive, chegou a falar publicamente que se arrependeu de ter confundido os sintomas com “cansaço” e “stress”. “A gente vai banalizando tanta coisa. Muitas vezes é a doença se manifestando e a gente perde a oportunidade de começar um tratamento precoce", disse a filha de Gilberto Gil em publicação nas redes sociais em fevereiro deste ano.>
As principais maneiras de diagnosticar a doença precocemente são por exame de fezes e a colonoscopia, exame no qual uma pequena câmera permite visualizar o interior do cólon e a parte final do intestino delgado. É indicado que qualquer pessoa acima de 45 anos faça esses exames, mesmo que não tenha sintomas, ou histórico familiar desse tipo de câncer. "O objetivo da colonoscopia é detectar os pólipos, que são lesões benignas, mas que têm potencial de se transformar em câncer e durante o próprio exame, nós retiramos essas lesões, livrando o paciente da chance desses pólipos se transformarem em câncer colorretal", detalha a coloproctologista Mayara Maraux.>
Veja famosos que tiveram câncer colorretal
Especialistas também apontam que os diagnósticos para esse tipo de tumor têm crescido entre pessoas com menos de 50 anos, como foi o caso de Preta, que descobriu o adenocarcinoma - tipo mais comum de câncer colorretal - em janeiro de 2023, aos 48 anos. O aumento pode estar relacionado ao estilo de vida dos jovens e adultos. “É comprovado que obesidade, sedentarismo, consumo de alimentos ultraprocessados, principalmente as carnes embutidas e defumadas, além do consumo de álcool e tabagismo, são os principais fatores de risco para o aumento do câncer colorretal na população jovem”, explica Mayara Maraux.>
Essa tendência se refletiu em números de óbitos na Bahia nas faixas etárias de 15 a 49 anos. Em 2021, foram 15 mortes, enquanto 2024 somou 42 óbitos no primeiro semestre, refletindo em um aumento acumulado de 180%. Até maio de 2025, 24 pessoas nessa faixa de idade morreram em decorrência da doença. O aumento do número de casos entre os mais jovens pode estar ligado com um maior conhecimento da doença, assim como com mais diagnósticos precoces, especialmente quando as chances de recuperação são maiores.>
Para evitar esse tipo de câncer, além dos exames preventivos, aderir a um estilo de vida mais saudável, com a prática de exercícios físicos e alimentação saudável podem ser uma alternativa, assim como adotar hábitos que protejam a mucosa do intestino. Então é bom evitar o consumo de carnes processadas, embutidas e defumadas, o consumo de álcool e o tabagismo, além disso, o consumo de fibra, segundo a médica, é apontado como o principal fator protetor para o desenvolvimento de câncer colorretal.>