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Publicado em 12 de setembro de 2014 às 08:58
- Atualizado há 3 anos
O diretor médico do Hospital Espanhol, Fábio Vilas Boas, afirmou, na quinta-feira (11), que a Real Sociedade Espanhola de Beneficência (RSEB), dona dos imóveis onde a unidade funciona, na Barra, já negocia com dois possíveis investidores interessados em assumir a gestão do hospital - ele, no entanto, não revela os nomes dos grupos.>
Um desfecho para a negociação, no entanto, só pode ser esperado para, no mínimo, daqui a dois meses. “Um processo desse demora de 60 a 90 dias para se concluir. Dissemos no Ministério Público que uma solução intermediária deve ser encontrada para manter o hospital aberto até lá”, sustenta Vilas Boas.Unidade está em crise e deve quatro meses de salários aos médicos(Foto: Marina Silva)A solução ainda não veio, mas a saída buscada pela RSEB é a mesma esperada pelo governador Jaques Wagner, que decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, os dois imóveis. Na prática, o Decreto nº 15.425, publicado ontem no Diário Oficial do Estado, impede a venda dos imóveis para outros fins e barra a especulação imobiliária.>
Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) disse que “a medida tem como finalidade buscar soluções práticas, objetivas e saneadoras para tornar possível a breve retomada da capacidade assistencial, operativa e administrativa da instituição”. >
A reabertura do hospital, que pediu a regulação dos últimos pacientes na terça-feira, depende de um novo crédito bancário. Os bancos têm 30 dias para anunciar se liberam ou não o dinheiro.>
O superintendente do Espanhol, Cláudio Imperial, não se colocou contra o decreto, mas demonstrou preocupação com a situação dos funcionários. “Agora, a gente precisa saber como ficam os empregados, as indenizações, os salários atrasados”, pontua. Segundo ele, esses detalhes serão esclarecidos nos próximos dias. O hospital tem cerca de 2,4 mil funcionários.>
A presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB-BA, Itana Araújo, explicou que a Constituição Federal permite a desapropriação de bens privados para finalidade pública. “É um ato legal, até pela finalidade. Uma cidade como Salvador não pode ficar sem a quantidade de leitos que tem ali”, considera Itana. São 270.>
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Sem Intervenção>
Wagner garantiu que não fará uma intervenção, nem pretende tornar o Espanhol um hospital público. “É proteger para que ninguém invente como solução vender o hospital para virar prédio ou outra coisa. A decretação de utilidade pública preserva a condição de hospital”, explica. O governador diz esperar “que o hospital encontre uma saída, que parece ser a convocação de uma empresa com mais qualidade de gestão”.>
No ano passado, o Espanhol recebeu R$ 87 milhões em empréstimos pela Desenbahia e pela Caixa, ambos intermediados pelo governo estadual. “Foi o próprio governador que solicitou que fizesse o investimento. Os bancos exigiram metas e compromissos que não foram cumpridos para que pudesse agora ter mais R$ 25 milhões”, explica o titular da Sesab, Washington Couto.>
Segundo o governador, cabe à RSEB resolver o problema. “Não posso ficar emprestando R$ 87 milhões e depois o cara me dizer ‘fechei o hospital’. Eles têm que resolver”, cobra.>
O presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, concorda com a ação do governo. “Acho que só teria essa solução, porque se injetou muito dinheiro público e não se viu resultado. Muito pelo contrário”, afirma Magalhães, que defende investigação do caso pelo Ministério Público. >