Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Tharsila Prates
Publicado em 3 de junho de 2025 às 23:15
O Junho Laranja, mês de conscientização sobre a leucemia e a anemia, é uma campanha dedicada à saúde do sangue. Perda de peso sem motivo aparente, palidez, cansaço, falta de energia, febre ou suores noturnos, aumento de gânglios, infecções persistentes ou recorrentes, hematomas, sangramentos sem causas aparentes e desconforto abdominal (por causa do aumento do baço e do fígado) são alguns sintomas que podem indicar uma leucemia e devem ser investigados imediatamente por um médico hematologista.>
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 11.540 novos casos de leucemia devem ser registrados em 2025 no Brasil. Na Bahia, a estimativa é de 680 novos casos. >
A leucemia é um tipo de câncer que começa na medula óssea e se espalha para outras partes do corpo, fazendo com que as células sanguíneas passem a se reproduzir desordenadamente, prejudicando a função normal dos glóbulos. A doença pode afetar pessoas de diferentes faixas etárias, inclusive crianças, como no caso da Leucemia Linfoblástica Aguda.>
De acordo com a hematologista Liliana Borges, da Oncoclínicas, por ter sua origem desconhecida e apresentar sintomas em suas fases mais avançadas, a melhor forma de combater a doença é seu diagnóstico precoce. A médica lembra da importância dos exames de sangue de rotina.>
“Através de um simples exame de sangue, como o hemograma, é possível detectar alterações hematológicas que podem indicar um diagnóstico inicial ou a suspeita de leucemia”, acrescenta.>
“O diagnóstico precoce e o tratamento adequado logo no início da doença podem aumentar, exponencialmente, as chances de cura ou controle da doença”, destaca Liliana Borges. >
O hematologista Caio do Espirito Santo Ribeiro, também da Oncoclínicas, reforça a importância do diagnóstico precoce. “Quando o exame de sangue aponta a suspeita de uma leucemia, o paciente deve ser encaminhado para a realização de um mielograma, um exame específico que analisa as células sanguíneas produzidas pela medula óssea, para verificar o seu funcionamento”.>
Para a hematologista Lycia Bellintani, da Oncoclínicas, o fato de grande parte dos pacientes diagnosticados com leucemia não apresentar fatores de risco conhecidos modificáveis, é mais um indicativo da importância dos exames de sangue periódicos. “É importante estarmos atentos aos sinais do corpo. No caso das leucemias, os principais sintomas são relacionados à alteração na produção das células da medula óssea, levando à anemia, sangramentos e infecções. Os exames laboratoriais são fundamentais para identificar possíveis alterações em fases iniciais”, explica Lycia Bellintani.>
Embora a leucemia seja um tipo de câncer hematológico com causas ainda pouco conhecidas, muitas pesquisas já associam vários fatores de risco a alguns tipos da doença. Dentre os fatores, herança genética, tabagismo, idade aumentada, infecções no início da vida, exposição ambiental ao benzeno, à radiação ionizante e a agrotóxicos e solventes, além de exposição a altas doses de radioatividade e quimioterapia prévia.>
Exames de confirmação>
Para confirmação do diagnóstico de uma leucemia, alguns procedimentos específicos podem ser indicados: o mielograma, a imunofenotipagem e a biópsia de medula óssea.>
No caso do mielograma, é feita uma punção aspirativa da medula óssea para análise citológica (avaliação das células) e para a tipagem das células através da imunofenotipagem. Já na biópsia de medula óssea, é retirada uma pequena amostra do tecido da medula para análise histológica (anatomia patológica e imunohistoquímica).>
Exames genéticos e moleculares são importantes não apenas para o entendimento da possibilidade de cura ou controle, ou seja, o prognóstico, mas também para ter uma possível indicação de tratamento específico.>
“Esses exames podem confirmar a leucemia ou indicar uma situação que chamamos de pré-leucemia ou Síndrome Mielodisplásica (SMD), quando a medula, local onde as células sanguíneas são produzidas, tem alterações que podem evoluir para uma leucemia”, esclarece Caio Espirito Santo. "Geralmente, a biópsia e o aspirado são complementares e fornecem informações fundamentais sobre as doenças da medula óssea, como acontece com a leucemia ou as mielodisplasias", acrescenta o hematologista.>
Esses procedimentos são seguros e podem ser realizados tanto em consultório - quando se faz anestesia local - quanto em centro cirúrgico com sedação. Eles são indicados para confirmação diagnóstica e acompanhamento de leucemias, linfomas e mielomas, além de outras condições que afetam a produção de células sanguíneas, como, por exemplo, a anemia aplásica - doença rara e grave que acontece quando a medula óssea diminui significativamente a produção de células sanguíneas novas, como hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas.>