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Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2013 às 07:22
- Atualizado há 2 anos
Joana Rizé[email protected]>
“Me sinto linda, maravilhosa. Queria estar um pouquinho mais magra, mas estou feliz comigo mesma”. A constação da estudante Rebeca Mariana, 25, que prefere não revelar o medidor da balança, é realidade para 48,7% das soteropolitanas - índice da pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2012) divulgada ontem pelo Ministério da Saúde. Salvador é a única capital onde o percentual de ‘cheinhas’ é superior ao dos homens. De acordo com o levantamento, do lado masculino, 45,8% estão acima do peso ideal, que se baseia no cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Estudante Rebeca Mariana considera que está acima do peso, mas se declara ‘feliz consigo mesma’No país, de acordo com os dados, mais da metade dos homens brasileiros está acima do peso (54%), enquanto a média nacional para mulheres é de 48%. Se do lado feminino a notícia não é boa, em contrapartida, a capital baiana ficou abaixo da média nacional, com 47,3%, sendo a quinta cidade com menos excesso de peso. A média brasileira ficou em 51% - pela primeira vez a maioria está acima do peso . A pesquisa ouviu 45.448 mil adultos em todas as capitais e no Distrito Federal, entre julho de 2012 e fevereiro de 2013. Leia também:Quase a metade dos adultos de Salvador tem excesso de peso, aponta pesquisaA pesquisa mostra que uma das causas para a diferença entre os gêneros a falta de atividades físicas. Em Salvador, 43,7% dos homens fazem alguma atividade, enquanto apenas 23,2% das mulheres não são sedentárias. Obesidade “Uma dietazinha posso até fazer. Cirurgia, nunca”, garantiu Barbosa Santana, taxista, 50 anos. Com 122 quilos, ele credita o excesso de peso à vida sedentária e à mania de comer fora. Na avaliação do peso ideal, que leva em conta a altura e o peso do indivíduo, Barbosa está a um ponto da chamada “obesidade grave”, marcando 39 no IMC (é grave a partir de 40).Mas não se abala: “Agora mesmo vou almoçar uma quentinha, com feijão e carne assada”, disse ele, apontando para o estande de comidas de Lucineide Bastos. “Arroz, feijão, bisteca ao molho, carne de boi ensopada”, anunciava Lucineide, que acredita que o excesso de peso dos soteropolitanos não atrapalha a vida de ninguém. “O maior índice de gordos é nos Estados Unidos, e duvido que eles deixem de ir à praia por isso”, dispara. Tentando defender o seu sustento, a ambulante diz que o tipo de comida que vende não é o vilão das balanças. “O problema é a alimentação fora de hora: salgadinho, batata frita”, opina.VilõesDe acordo com Deborah Malta, coordenadora da pesquisa do Vigitel, o inimigo da balança dos soteropolitanos está na opção de consumo. Segundo a pesquisa, enquanto a média de consumo de leite integral dos brasileiros é de de 53,8%, em Salvador o consumo entre adultos chega a 62,8%. “Em termos de leite, o ideal é o desnatado, que tem a mesma oferta de cálcio”, explica. Os refrigerantes também têm consumidores fiéis – 17,5% dos soteropolitanos tomam esse tipo de bebida ao menos cinco vezes por semana.Nacionalmente, os índices mostram que apenas 22,7% da população ingere a porção diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de cinco ou mais porções ao dia. Outro indicador que preocupa é o consumo excessivo de gordura saturada: 31,5% da população não dispensa a carne gordurosa. O consumo de frutas e hortaliças também está sendo deixado de lado por uma boa parte dos brasileiros.A pesquisa mostra ainda que 28% dos adultos jovens (18 a 24 anos) está acima do peso, percentual que aumenta conforme a idade: entre os adultos de 35 a 44 anos, a proporção quase dobra, atingindo 55%. O vendedor Alex Silva Santos, 35 anos, apesar de ter ganhado mais de 20 quilos em dez anos (pesava 65kg aos 25), pratica vôlei na praia regularmente. “Comecei a beber, perder noite, comer besteira”, justificou ele, que chega no Porto da Barra às 7h e fica até o último cliente ir embora da praia, geralmente por volta das 19h. “Cerveja eu acabo bebendo quase todo dia”, disse Alex.Academias de Saúde buscam amenizar sedentarismoNa avaliação do coordenador da área técnica de alimentação e nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), Vinícius Brandão, a diferença de peso apontada pela pesquisa entre homens e mulheres não é preocupante. “Apesar do que aponta o levantamento, o problema em Salvador atinge os dois sexos com a mesma frequência”, acredita.Brandão ressalta o desenvolvimento de projetos, no âmbito municipal, de combate à obesidade e de reeducação alimentar – entre eles, o Academias de Saúde, que instala equipamentos de ginástica em praças públicas. “Já temos dois pontos em funcionamento. A previsão é que até 2014 tenhamos mais três”, revela.Em março, o Ministério da Saúde criou a Linha de Cuidados da Atenção Básica para excesso de peso. A ideia é proporcionar diferentes tipos de tratamentos e acompanhamentos ao usuário, o que inclui também atendimento psicológico, orientação nutricional e realização de atividades.>