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Portal Edicase
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 15:44
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma das condições neurológicas diagnosticadas com frequência no país. Conforme dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), 6% dos pacientes que possuem o diagnóstico estão na casa dos 45 anos, e 5,2% se encontram na faixa etária entre 18 e 44 anos. >
O TDAH não é uma doença presente apenas na infância, como anteriormente era indicado. “A ciência vem mostrando que, em metade dos casos, os sintomas persistem na vida adulta, afetando o trabalho, os relacionamentos e até a autoestima dos pacientes […]”, explica Martha Valeria Medina Rivera, neuropsicóloga da NeuronUP. >
O TDAH é causado por uma combinação de fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos que afetam o funcionamento do cérebro. O transtorno está ligado a alterações em áreas cerebrais responsáveis pela atenção, planejamento, tomada de decisões e controle da impulsividade, especialmente nos sistemas envolvendo os neurotransmissores dopamina e noradrenalina. >
O TDAH, em crianças e adolescentes, se manifesta com episódios de hiperatividade, impulsividade comportamental e dificuldades escolares; em adultos, se manifesta com inquietação interna, enquanto predominam os sintomas de desatenção, desorganização, impulsividade emocional e dificuldade em planejar e priorizar tarefas. >
“Quando não tratado, o transtorno acaba afetando o desempenho escolar e o comportamento na infância, enquanto, na vida adulta, impacta o trabalho, os relacionamentos e está associado à baixa autoestima, ao estresse crônico e ao maior risco de transtornos do humor e dependências”, comenta Martha Valeria Medina Rivera. >
Conviver com o TDAH sem diagnóstico pode abalar a autoestima e a saúde mental , pois o transtorno pode influenciar diversos aspectos da rotina, especialmente o trabalho, os estudos e as relações pessoais. “Desde cedo, pessoas com TDAH tendem a receber feedbacks negativos sobre suas dificuldades, o que contribui para uma autoimagem de ‘incapaz’, ‘distraída’ ou ‘irresponsável'”, explica a neuropsicóloga. >
A autoestima depende da percepção de sucesso e reconhecimento, mas pessoas com TDAH frequentemente acumulam experiências de fracasso escolar, profissional ou relacional, acompanhadas de críticas — gerando insegurança e autocrítica. >
“É crucial que o paciente procure ajuda profissional, pois, com a ausência de diagnóstico adequado, os riscos de depressão , ansiedade e abuso de substâncias, além de reforçar o sentimento de ineficácia, aumentam drasticamente”, alerta Martha Valeria Medina Rivera. >
Caso se identifique com os sinais do transtorno, como dificuldade constante de concentração, problemas recorrentes de organização e gestão de tempo, tendência à procrastinação, impulsividade emocional ou comportamental, inquietação interna ou dificuldade de relaxar, mudanças frequentes de humor e dificuldade para lidar com o estresse , o indicado é procurar um neuropsicólogo ou um psiquiatra especializado. >
“O diagnósticocorreto ajuda a entender o próprio funcionamento e a construir estratégias práticas para lidar com o transtorno — o que melhora o desempenho e reduz o estresse”, explicaa especialista. >
O tratamento para o TDAH é realizado de forma multidisciplinar e combina acompanhamento médico, intervenções psicológicas e, quando necessário, o uso de medicamentos. Geralmente, o psiquiatra ou neurologista avalia o quadro individualmente para definir se há indicação de remédios que ajudam a melhorar o foco e reduzir a impulsividade. >
Paralelamente, as abordagens que unem neurociência e tecnologia para a criação de exercícios cognitivos especializados, que estimulam as funções cerebrais de forma sistemática e adaptada, têm mostrado excelentes resultados em pacientes com TDAH. >
“Com feedback imediato e atividades ajustáveis ao desempenho, plataformas de terapia neurocognitivas ajudam a estimular a autorregulação e o aprendizado ativo do paciente. Seu design favorece a motivação e a adesão ao tratamento, focado em tarefas do cotidiano — como planejar rotinas, manter o foco e controlar impulsos —, aspectos fundamentais no manejo do TDAH adulto”, indica a neuropsicóloga. >
O principal conselho para quem suspeita ter TDAH é não minimizar as dificuldades. Muitas pessoas passam anos tentando compensar os sintomas sozinhas, o que pode gerar exaustão emocional e abalar a autoestima . >
“Buscar ajuda profissional é fundamental para compreender o funcionamento do próprio cérebro e adotar estratégias eficazes no dia a dia. O diagnóstico traz clareza e alívio, abrindo caminho para uma vida mais equilibrada e saudável”, finaliza Martha Valeria Medina Rivera. >
Por Patrícia Buzaid >