Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Portal Edicase
Publicado em 2 de junho de 2025 às 11:09
Em 2 de junho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares, doenças tratáveis, mas que podem afetar de forma multidimensional a qualidade de vida de qualquer pessoa — independentemente de etnia, idade ou gênero — com danos físicos, psicológicos e sociais. >
Há uma constante comparação entre o próprio corpo e os perfis “perfeitos” exibidos, principalmente, nas redes sociais, padrões muitas vezes distantes da realidade da maioria. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que mais de 70 milhões de pessoas no mundo tenham algum tipo de transtorno alimentar. No Brasil, seriam cerca de 15 milhões. >
“Os casos têm crescido especialmente entre adolescentes e jovens adultos e acomete, principalmente, as mulheres. Seu pico de início é o final da adolescência e começo da vida adulta e 20% dos jovens preenchem os critérios diagnósticos. Por isso, é essencial estar atento aos sinais e sintomas para identificar e tratar esses quadros o mais precoce possível”, ressalta o Dr. Fabiano Robert, nutrólogo e docente dos cursos de pós-graduação da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). >
As causas dos transtornos alimentares combinam fatores psicológicos, socioambientais e predisposição genética. Há uma preocupação extrema com o peso e a imagem corporal, fruto de uma cobrança pessoal e social, reforçada pela mídia, que estabelece um padrão de beleza inalcançável, criando um ambiente fértil para o surgimento dessas doenças. >
“Estar acima do peso ou sentir ansiedade pelo medo de engordar podem ser gatilhos para o surgimento de uma inquietação constante relacionada aos hábitos alimentares, que leva a comportamentos disfuncionais com novos padrões na escolha e quantidade dos alimentos, com restrições e exclusões. O resultado é um desequilíbrio nutricional com acometimento físico e psíquico”, alerta o médico. >
Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar periódica, atualmente o de maior prevalência. Abaixo, veja detalhes de cada um deles: >
Há uma restrição voluntária de alimentos e medo intenso de engordar, resultando em um peso corporal muito abaixo do ideal. Mesmo magras, as pessoas se veem como gordas, devido a uma percepção distorcida de si. É mais comum em mulheres e pode surgir na adolescência ou até na infância. >
Há o controle rígido das porções de alimentos, uso excessivo de laxantes, suplementos e prática exagerada de exercícios físicos. Os sintomas incluem a irregularidade menstrual, fadiga, constipação, irritabilidade e intolerância ao frio. >
Ocorrem episódios de compulsão alimentar seguidos por comportamentos compensatórios, como vômitos induzidos, uso de laxantes, jejuns prolongados ou exercícios intensos. É comum a perda de controle durante as crises, seguida por forte sentimento de culpa. >
Os sintomas mais comuns são dor de garganta, voz rouca, fadiga, pele seca, constipação e inchaços decorrentes dos métodos compensatórios. Atinge principalmente mulheres, com início por volta dos 12 anos. >
Não há os comportamentos compensatórios da bulimia , mas episódios frequentes de ingestão exagerada de alimentos, sem controle, seguidos por sentimento de culpa e vergonha. As pessoas costumam comer escondido e de forma rápida, até sentirem desconforto físico. Pode ocorrer em pessoas obesas ou não, e os episódios geralmente acontecem pelo menos uma vez por semana. >
Os transtornos alimentares têm o maior índice de mortalidade entre os transtornos psiquiátricos. Um dos principais riscos é a ideação suicida, especialmente nos casos mais graves. Na anorexia nervosa, por exemplo, a perda extrema de peso pode causar complicações severas à saúde e levar à morte por auto-inanição. >
Os transtornos alimentares são condições graves e subdiagnosticadas, pois muitas pessoas preferem não admitir a condição, o que pode agravar ainda mais o quadro e atrasar o início do tratamento. O ideal é uma equipe multidisciplinar e abordagem integrada com psiquiatra, nutrólogo, psicólogo, nutricionista e educador, para uma terapia cognitivo-comportamental, aliada à educação nutricional e à psicoterapia. A prescrição de medicamentos deve ser avaliada caso a caso. O apoio da família, dos amigos e acompanhamento médico contínuo é essencial, já que recaídas podem ocorrer. >
Por Edna Vairoletti >