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Portal Edicase
Publicado em 13 de maio de 2025 às 13:09
Por trás da embalagem colorida e do marketing envolvente dos refrigerantes, existe um líquido que, quando consumido em excesso, prejudica o bom funcionamento dos rins. A formação de cálculos urinários, conhecida popularmente como “pedras nos rins”, tem crescido entre adultos jovens, e especialistas começam a traçar conexões diretas com hábitos alimentares modernos — entre eles, o consumo abusivo de refrigerantes. >
Inclusive, recentemente, um vídeo viralizou nas redes sociais mostrando um paciente que consumia de dois a três litros de refrigerante por dia e que precisou passar por cirurgia para remover 35 pedras da bexiga. A cena expôs não apenas a gravidade da situação, mas também a urgência de repensarmos o consumo dessas bebidas aparentemente inofensivas. >
Para o urologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Dr. Alexandre Sallum Bull, o caso viralizado serve de alerta para todos que ainda acreditam que tomar refrigerante “só de vez em quando” não faz mal. >
“Refrigerante é uma das bebidas mais agressivas para o sistema urinário. Ele altera o pH da urina, estimula a perda de minerais pelos rins, favorece a cristalização de substâncias como cálcio, fosfato e oxalato — e isso, com o tempo, vira pedra. E pedra vira dor, infecção e, nos casos mais graves, cirurgia”, afirma. >
Por trás do sabor adocicado e da sensação refrescante, o refrigerante esconde um coquetel de substâncias prejudiciais ao trato urinário: >
E isso sem mencionar os refrigerantes zero ou diet , que embora não contenham açúcar, mantêm o ácido fosfórico e adoçantes artificiais, também suspeitos de afetarem a microbiota intestinal e o metabolismo renal. >
Nos rins, substâncias como cálcio, oxalato e ácido úrico são naturalmente excretadas pela urina. Quando estão em equilíbrio e diluídas, tudo funciona bem. Mas, quando a concentração aumenta e a urina está mais ácida ou em menor volume, esses cristais se aglomeram e nascem os temidos cálculos renais. >
“Beber refrigerante em excesso é como despejar ácido sobre um sistema que deveria ser equilibrado. Com o tempo, os rins reagem da única forma que sabem: formando pedras para tentar conter o excesso de toxinas e sais,” explica Dr. Alexandre Sallum. >
A formação de cálculos pode ser silenciosa no início, mas, conforme as pedras crescem ou se movimentam, os sintomas aparecem e costumam ser intensos: >
No caso do paciente que viralizou, as pedras não estavam nos rins, mas acumularam-se na bexiga, gerando um quadro raro, mas grave, que exigiu cirurgia aberta. >
Estudos mostram que o consumo frequente de refrigerantes está associado a um aumento de até 33% no risco de formação de cálculos urinários. O risco é ainda maior em pessoas que: >
A boa notícia é que formar pedra nos rins não é inevitável. Com cuidados simples e consistentes, é possível prevenir o problema, mesmo em pessoas predispostas. >
Manter-se hidratado é a forma mais eficaz de diluir a urina e impedir a formação de cristais. Pelo menos 2 a 2,5 litros de água por dia, ou até mais se o clima estiver quente ou você praticar atividades físicas. >
Troque refrigerante por água com limão, chás naturais (sem açúcar), água de coco, kombucha ou sucos naturais. >
Dietas com excesso de carne vermelha e embutidos aumentam a excreção de ácido úrico, o que também favorece o surgimento de cálculos. >
Frutas cítricas, como limão, laranja e acerola, aumentam o citrato urinário, um composto que impede a formação de cristais. >
Se você já teve pedra nos rins ou infecções urinárias, vale investigar o tipo de cálculo, os hábitos alimentares e, se necessário, fazer exames para personalizar sua prevenção. >
O caso das 35 pedras retiradas da bexiga de um paciente que abusava do refrigerante não é uma história de azar — é consequência de um hábito tóxico, mantido por anos, sem escuta nem orientação. Você não precisa chegar a esse ponto. >
“Quando você elimina o refrigerante da sua rotina, não está apenas cortando uma bebida calórica. Está fazendo um gesto de respeito com seu corpo, com seus rins e com a sua saúde a longo prazo”, conclui o Dr. Alexandre Sallum Bull. >
Por Roneia Forte >