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Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2013 às 12:43
- Atualizado há 2 anos
Marcele Neves>
Os acessórios dizem muito sobre nossa personalidade. Suas cores, texturas e formatos são alguns dos detalhes capazes de transformar produções e destacar pessoas. Outros, no entanto, são tão referenciais, que destacam muito mais do que apenas uma pessoa, podem representar toda a cultura e tradição de um povo. Isso é o que acontece com os turbantes, ornamento secular que consegue transitar por vários universos e manter sua onipresença intacta. Mas de onde será que vem esse hábito de cobrir a cabeça com panos multicoloridos?Em algumas partes do mundo o uso dos turbantes está ligado à funções religiosas, sociais e estéticas. No Oriente, ele é um símbolo que serve como reforço à consciência espiritual, uma vez que é a cabeça de cada um que sustenta as opções de fé e religiosidade. Já para os brasileiros, seu uso é associado ao culto às raízes africanas, mais especificamente o candomblé, tão presente na nossa cultura. Para os adeptos a essa religião, ato de cobrir a cabeça também tem um apelo espiritual. Se acredita que a cabeça é o eixo do seu mundo, seu ponto de equilíbrio e o Ojá – como é conhecido – além de exercer um papel de proteção, é um elemento compõe a vestimenta identificando hierarquias – o turbante com abas, normalmente usados por baianas, é destinado apenas aos pais e filhos de santo ou a quem tem algum “cargo” dentro da religião.Para a advogada Gabriela Ramos, o uso do turbante está ligado à funções identitárias em relação à cultura da mulher negra. Ela, que cresceu vendo a mãe se enfeitando para participar de blocos afros, se identificou tanto com o acessório que hoje organiza , produz e ministra oficinas ensinando técnicas e formas de amarração.“Minha entrada no mundo dos turbantes tem muito do que eu acredito que a gente pode tirar do resgate da identidade negra”, diz Gabriela.>
Esta cada vez mais comum ver pessoas que, independente de seguirem ou não a religião, utilizam o enfeite no seu dia a dia simplesmente por se identificarem esteticamente com o seu uso. Não por acaso, é comum estas referências estarem cada vez mais fortalecidas através de sua aparição em desfiles, editoriais de moda, novelas e nas ruas, independente de cor de pele.Na internet e pelas redes sociais, é possível encontrar uma série de tutorias e blogs especializados em cabelos que ensinam diversas formas de usar os lenços. O blog Encrespando por Lorena Morais traz fotos e passo a passo sobre como usar os turbantes, além de texto muitos interessantes sobre essa relação com o cabelo. Pra quem preferir, o canal da Maraisa Fidelis no youtube também mostra 5 maneiras de usar os lenços e ainda, dicas de beleza especializada para mulheres.Seja qual for a finalidade, não há como negar que os turbantes são importantes ferramentas de resgate e fomento à nossa cultura. Seu uso, não representa apenas uma a devoção a qualquer instituição, represente acima de tudo uma personalidade reconhecida através de crenças diversas que encontra na vestimenta uma forma de dialogar com tradição.>
*Colaborou Tainara Ferreira>
O especial Somos é produzido pelo time de focas da quinta turma do Correio de Futuro. Acesse o blog.>