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Na economia circular, um exército de startups vem trabalhando em soluções como hidrômetros ultrassônicos
Eduardo Athayde
Publicado em 22 de março de 2021 às 13:01
- Atualizado há um ano
Reprodução Chamada de “novo ouro” ou “novo petróleo” do século XXI, o volume total de água do planeta, como cápsula fechada, é sempre constante. Segundo a ONU, nos próximos 30 anos a população mundial deverá aumentar em 1,3 bilhão de habitantes e a produção mundial de alimentos, dependente de água, deverá crescer em até 70%, exigindo inovações na gestão hídrica para atender as necessidades atuais e as pressões decorrentes do crescimento populacional.
Durante palestra no Fórum Econômico Mundial - WEF 2021, o diretor do MIT- Initiative on the Digital Economy, Andrew McAfee, mostrou que a lacuna de habilidades digitais é um desafio urgente para governos, empresas e trabalhadores, porque a demanda de 'mão de obra digital', em todos os setores, já é muito superior à oferta. A automação está encerrando vagas e, ao mesmo tempo, criando e exigindo novas competências para essas emergentes formas de trabalho. Pesquisas do WEF/PwC (PriceWaterhouseCoopers) revelam que o investimento na requalificação da mão de obra em larga escala poderá trazer um ganho no PIB global de 6,5 trilhões de dólares e levar à criação de 5,3 milhões de empregos até 2030.
Levantamentos da International Water Association com cerca de 50 executivos de serviços públicos e mais de 20 especialistas sobre água digital, publicados no relatório ‘Digital Water’ [bit.do/AguaDigital], demonstram como a digitalização está transformando o setor de água através das experiências das concessionárias de água e esgoto. Com gerenciamento em big-data para atendimentos a clientes, as concessionárias entraram na jornada de transformação digital. A água digital não é mais vista como 'opção', mas como um 'imperativo', afirmam especialistas e executivos de todo o mundo.
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) produziu o e-book 'Direito de Águas à Luz da Governança' [bit.do/DirGovAgua], com legislação atualizada, abordando temas como o Direito na construção da governança das águas doces, o panorama da Política Nacional de Recursos Hídricos, o tratamento jurídico das águas subterrâneas e, em destaque - A Governança das Águas e a Integração da Gestão: a Construção de Nexos.
No Brasil, onde mais de 100 milhões de pessoas não têm acesso à coleta de esgoto e 35 milhões ainda não têm acesso a água potável, o marco regulatório do saneamento [Lei 14.026, de 15/07/2020] impôs governanças e investimentos novos. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostram que, em média, apenas 46% dos esgotos do país são tratados. Com cerca de 85% da população urbana brasileira concentrada em cidades, a previsão de investimento total é de R$753 bilhões, até 2033.
Alinhadas com esse valioso mercado global de água digital, e observando o 6º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na economia circular, um exército de startups, acompanhadas pelo WWI, vem trabalhando em soluções variadas como hidrômetros ultrassônicos, prevenção de vazamentos e padrões de consumo, detecção precisa de contaminantes, metais pesados, produtos químicos e bactérias; reciclagem e polimento de águas residuais.
Sintonizadas com a governança socioambiental (ESG) que hoje move o mundo e abastecidas com inteligência nova, funcionando e auditando em blockchain, oferecem dessalinização ecológica com energias renováveis para águas salobras, convertem névoa, orvalho, vapor e umidade natural do ar em água potável e reatores modulares aplicados em indústrias, esgoto, aquicultura, mineração, cerveja e laticínios – este ecossistema adolescente surfa na onda das tendências que redesenham as cidades inteligentes.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI Brasil. [email protected]