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Eficiência nas operações urbanas melhoram a qualidade de vida dos cidadãos
Murilo Gitel
Publicado em 26 de junho de 2018 às 16:55
- Atualizado há um ano
Usuário do transporte coletivo em Salvador, o estudante de Direito Yuri Santana, 19 anos, utiliza o aplicativo CittaMobi antes de sair de casa para saber o exato momento em que a sua linha de ônibus passará em um dos pontos da orla. “Assim eu não preciso ficar mofando, como antigamente”, destaca. Iniciativas como essa ferramenta, implementada há três anos na capital baiana e que já atende a 1,3 milhão de usuários, integram o conceito de Smart Cities (Cidades Inteligentes).
Para o pesquisador americano Boyd Cohen, Ph.D. em Urbanismo e uma das maiores referências mundiais nessa área, cidades inteligentes são “aquelas que conseguem se desenvolver economicamente ao mesmo tempo que aumentam a qualidade de vida dos habitantes ao gerar eficiência nas operações urbanas”. Assim como a maioria das grandes cidades brasileiras, Salvador precisa avançar bastante nessa área, mas registra evolução. Implementado há três anos em Salvador, o CittaMobi já conta com 1,3 milhão de usuários (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO) Nos últimos três anos, a capital baiana avançou 14 posições no ranking Connected Smart Cities, da Consultoria Urban Systems, empresa especializada em análise de dados e levantamento de tendências em mercados. No primeiro levantamento, de 2015, ocupava a 31ª posição, saltando, em 2017, para a 17ª colocação na tabela geral de municípios mais inteligentes do Brasil.
De acordo com o ranking geral, Salvador ocupa a sexta colocação em Empreendedorismo e a sétima em Mobilidade e Acessibilidade. Já no recorte regional (Nordeste), a cidade se destaca em Urbanismo (1º), Educação (3º), Governança (4º) e Economia (4º). O levantamento cita a capital baiana como “empreendedora pela presença de dois parques tecnológicos, quatro incubadoras e um crescimento de 13% das Micro Empresas Individuais (MEI).
Iniciativas No âmbito das cidades inteligentes, o secretário municipal da Cidade Sustentável e Inovação, André Fraga, destaca iniciativas como os aplicativos de transporte público e coleta seletiva, além do pitch que integra startups criadoras de soluções para o próprio poder público. “A cidade tem investido muito em uma agenda de serviços públicos com tecnologia, além de pensar essa integração como qualidade de vida para as pessoas”, ressalta.
Segundo Fraga, Salvador planeja, atualmente, uma melhora significativa de conexão de dados, tema que é considerado vital quando o assunto é smart cities.“Acho que esse é o caminho. Aliar a tecnologia com serviços públicos e melhoria na qualidade de vida. Porque pensar em cidades inteligentes é pensar em cidades que melhorem os índices sociais e econômicos”, defende o secretário.Empreendedorismo De olho nas oportunidades de negócio que as cidades inteligentes podem gerar, cinco empreendedores (três engenheiros e dois administradores) criaram em 2013 a empresa Modulus One. Implantada, inicialmente, em Portugal, a organização chegou em Salvador no início de 2014, e desde então, aposta no uso da tecnologia para tratar a energia de forma sustentável e inteligente, eliminando os desperdícios através de dispositivos e sistemas ligados à chamada Internet das Coisas (IoT).
“A Modulus One desenvolve sistemas inteligentes e sustentáveis, nas áreas de energia, água e gás, que transformam luminárias em luminárias inteligentes, capazes de se autogerirem com alarmística, perfis horários de funcionamento automático, relógio astronômico integrado, sensores diversos e geolocalização automática”, explica o CEO da empresa, Leonardo Leão.
Energia O sistema da Modulus One opera, atualmente, nos fortes São Diogo e Santa Maria, ambos na Barra, além do túnel Américo Simas, importante via de ligação da Cidade Baixa para a Cidade Alta."Através do nosso sistema, a prefeitura consegue reduções de até 85% do consumo de energia (iluminação), além de monitorar através de qualquer tablet, smartphone ou computador toda e qualquer ocorrência como lâmpadas queimadas, problemas de tensão, temperatura e estabilidade, além de conseguir medir em tempo real o consumo da rede”, enumera Leão.A empresa, que também tem foco no setor privado, atende clientes como Odebrecht, Hiper Ideal e Ambev. Atualmente, os sócios projetam melhorias para Salvador por meio de uma Parceria Público Privada (PPP) na área da iluminação pública que se encontra em fase de habilitação de concorrentes. A licitação prevê fatores como a modernização, otimização e expansão da rede.
“A prefeitura conseguirá em cinco anos modernizar 100% do seu parque luminotécnico utilizando luminárias LED associadas a sistemas inteligentes de telegestão. Os benefícios para a cidade serão um salto para trazer o futuro ao presente de forma rápida, colocando Salvador como uma das cidades mais inteligentes e conectadas do país”, estima Leonardo Leão. “Através do nosso sistema, a Prefeitura consegue reduções de até 85% do consumo de energia (iluminação), além de monitorar através de qualquer tablet, smartphone ou computador toda e qualquer ocorrência como lâmpadas queimadas, problemas de tensão, temperatura e estabilidade, além de conseguir medir em tempo real o consumo da rede” – Leonardo Leão, CEO da Modulos One.
Você sabia? O Hub de Tecnologia de Salvador, instalado no Terminal Marítimo, tem como ideia ser um “Vale do Silício” municipal. Na fase inicial, a estrutura preparada pela Prefeitura contará com capacidade para abrigar 100 startups (empresas emergentes), que deverão desenvolver projetos que envolvem os setores financeiro, jurídico, social e de serviços.
As dez cidades mais inteligentes do mundo 1) Copenhague (Dinamarca) 2) Singapura (República de Singapura) 3) Estocolmo (Suécia) 4) Zurique (Suíça) 5) Boston (EUA) 6) Tóquio (Japão) 7) São Francisco (EUA) 8) Amsterdã (Holanda) 9) Genebra (Suíça) 10) Melbourne (Austrália) Fonte: Connected Smart Cities 2017